Como tendência natural, nos últimos anos, o período de safra vem aumentando e hoje já vemos usinas operando por quase nove meses ininterruptos. E também como tendência natural, tem-se exigido dos equipamentos, desempenhos cada vez melhores, maior confiabilidade, maior produtividade e, principalmente, maior segurança operacional.

Com as centrífugas não poderia ser diferente, pois são equipamentos que podem gerar grandes perdas no processo produtivo, devido a problemas mecânicos, que podem surgir quando mais necessitamos dos mesmos. Diante deste grau de exigência, as manutenções destes equipamentos são de fundamental importância para seu bom desempenho.

As centrífugas são equipamentos submetidos a grandes esforços mecânicos e que podem oferecer grandes riscos, principalmente equipamentos antigos, que já operam há mais de vinte anos. Para que se tenha idéia dos esforços a que são submetidos estes equipamentos, a quantidade de energia armazenada durante a centrifugação é equivalente a um caminhão carregado com doze toneladas, à velocidade de 100 km por hora. Lembrando também que as rotações poderão chegar até 6200 rpm.

Portanto, devemos ter consciência da importância de se efetuar uma manutenção responsável nas Centrífugas, evitando a ocorrência de graves acidentes. No final de cada safra, as Centrífugas passam por manutenções, que preferimos chamar de revisão de equipamentos, onde as mesmas são totalmente desmontadas. Durante a revisão das centrífugas é necessário que se faça uma análise minuciosa de todos os componentes, por profissionais qualificados e experientes.

Todos os componentes das centrífugas são importantes, mas existem componentes que devem ter uma atenção especial, por apresentarem maior periculosidade. Para as centrífugas da fábrica de açúcar e da destilaria, o conjunto do cesto e o rotor de separação certamente são os componentes mais importantes. Os critérios para análise destes componentes devem ser rígidos e, principalmente, efetuados com muita responsabilidade, utilizando-se métodos analíticos, ensaios não destrutivos, etc., a serem determinados conforme características e exigências de cada componente.

Outro item importante na revisão das centrífugas é a escolha das peças de reposição, pois hoje o mercado nos oferece uma infinidade de opções, que nem sempre atendem às exigências do conjunto e, como conseqüência, encontramos equipamentos com alto índice de intervenção durante a safra, incidindo na redução de sua real produtividade.

Nossa experiência mostra que a operação dos equipamentos tem grande parcela nos custos de manutenção. Por isso, acreditamos muito no resultado de treinamento operacional e assessoria nos processos de centrifugação, que resultam na maior eficiência das centrífugas, através da conscientização dos colaboradores, comprometidos com o setor de centrifugação nas usinas.

A conservação, os cuidados na operação, os procedimentos em situações de anormalidades, as lubrificações diárias e, principalmente, o comprometimento com os resultados, são fatores que estão sob o domínio dos operadores e somente vamos obter bons resultados conscientizando e treinando os colaboradores. Após uma boa revisão e treinando os colaboradores para a conservação dos equipamentos, ainda poderemos minimizar os custos de manutenção, fazendo o monitoramento dos pontos vitais das centrífugas.

Os mancais podem ter o monitoramento da temperatura dos rolamentos, desde que sejam instalados sensores em locais estratégicos, sendo possível até evitar o travamento dos rolamentos, que trará como conseqüência o comprometimento, e talvez a destruição de demais componentes. O sistema de lubrificação pode ser automatizado e monitorado, alertando-nos sobre qualquer irregularidade que comprometa o desempenho do equipamento.

Finalmente, toda a estabilidade mecânica das centrífugas pode ser monitorada, instalando sensores de vibração em locais estratégicos, de tal forma que nos garanta boa eficiência no total controle operacional. Temos certeza que as centrífugas filtradoras (açúcar), assim como as centrífugas decantadoras (da destilaria), mesmo sendo equipamentos que sofrem grandes esforços mecânicos, podem deixar de ter elevados custos de manutenção corretiva, desde que: tenhamos critérios na revisão de entressafra, os colaboradores estejam comprometidos com os resultados e efetuemos o monitoramento dos pontos vitais.

Desta forma, será possível obter maior índice de confiabilidade nos equipamentos, reduzindo os custos de manutenção e conseguindo melhores índices de produtividade das centrífugas. Não podemos esquecer a importância dos softwares de comando e controle, no que se refere ao grau de segurança dos equipamentos, lembrando que existem as lógicas básicas para operação das Centrífugas e as de segurança nem sempre previstas e/ou respeitadas, mas acreditamos ser assunto para outra oportunidade. Esperando ter colaborado com o setor e continuando à disposição para minimizarmos as notícias, cada vez mais freqüentes, sobre acidentes simples ou até mesmo fatais, muitos dos quais poderiam ser evitados, caso se efetuasse uma revisão responsável e consciente.