Diretor da Consult Agro
Op-AA-24
O desenvolvimento e a implementação de novas tecnologias têm permitido ganhos expressivos de produtividade ao setor sucroenergético. Novos modelos de produção, como a terceirização de serviços, vêm sendo adotados em todas as fases da produção da cana-de-açúcar. Modismo ou não, as empresas têm recorrido à terceirização como meio de atender ao trinômio: produtividade, qualidade e, consequentemente, competitividade no mercado.
Em relação ao processo produtivo da cana-de-açúcar, verifica-se que todas as fases já experimentaram a terceirização, desde a fundação do canavial até a colheita; no entanto a fase considerada uma das mais técnicas é a aplicação de defensivos agrícolas (herbicidas, maturadores, nematicidas, inseticidas, etc). O manejo de plantas daninhas requer um controle racional e deve ser visto sob uma nova perspectiva, pois se acredita que a excelência dos resultados está fundamentada no equilíbrio entre a ausência da matocompetição sem fitotoxicidade para a cultura, de forma econômica e segura.
Novas modalidades de cultivo, mudança da composição florística, cultivares sensíveis a herbicidas, aplicações em diferentes épocas (incluindo o período seco), com condições climáticas adversas e características físico-químicas dos herbicidas, são fatores que precisam ser considerados, além de outras tecnologias que possam reduzir perdas durante a aplicação, sem comprometer o resultado final. No caso de essa atividade ser terceirizada, o prestador de serviços, além de conhecer esses fatores, precisa também ter domínio pleno sobre logística, equipamentos e gestão de pessoas.
Gestão de pessoas: As pessoas que elaboram o planejamento devem interagir de forma a buscar a melhor estratégia para cada situação específica. Os envolvidos diretamente com a aplicação devem estar comprometidos com a aplicação, ou seja, não basta simplesmente ser um bom operador de máquinas, é preciso estar envolvido com o processo.
Logística: O domínio sobre esse fator permite que se interfira no melhor momento. Em relação ao controle de plantas daninhas, a busca por aplicações em pré-emergência da cultura e das invasoras torna-se cada vez mais prioritária devido aos ganhos com seletividade e economicidade, consequentemente de produtividade e redução no custo final.
Equipamentos: A escolha equivocada do conjunto aplicador (máquina/equipamento) pode gerar resultados indesejáveis, inclusive com a elevação dos custos. O modelo deve se adequar às características do local, como a topografia, “traçado” dos talhões, necessidade de manobras, condições climáticas e outras.
Estudos mostram que as maiores perdas estão relacionadas ao equipamento e à deriva, podendo esta chegar a 50%, um percentual extremamente elevado. Trabalhos recentes desenvolvidos no campo confirmam essas perdas. Diagnosticá-las durante a aplicação, interpretá-las e saná-las torna-se obrigatório. Temos dois “gargalos” que geram perdas e, consequentemente, redução da eficiência e eficácia da pulverização: melhorar a distribuição e a chegada do ingrediente ativo até o alvo.
Alguns fatores podem contribuir significativamente para a redução de perdas, melhorando a chegada do ingrediente ativo e a distribuição, a saber: condição das pontas; tipos de pontas (diâmetro de gotas); espaçamento entre pontas; barramentos: balanço vertical e horizontal; gerenciamento das condições climáticas (umidade relativa, temperatura e velocidade do vento); velocidade de deslocamento do conjunto aplicador; e uso de adjuvantes específicos. No quadro em destaque, há um exemplo de redução de perdas, em que o principal fator de estudo foi a distância da ponta até o alvo (altura da barra), em duas situações.
O estudo comprova a importância dessa distância. Na situação B, mesmo com condições climáticas desfavoráveis, a deriva foi menor. Estudos estão comprovando a redução de perdas quando se interfere em diâmetros de gotas, espaçamentos entre pontas, uso de adjuvantes, velocidade de deslocamento versus condições climáticas, entre outros. O manejo racional de plantas daninhas tem alcançado ganhos significativos. Isso justifica maior atenção e investimentos na tarefa.