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Alexandre Landgraf

Coordenador de Marketing da Valtra do Brasil

Op-AA-05

Direção automática e o aumento do rendimento nas operações do setor canavieiro

A tecnologia de direção automática é empregada nas lavouras da América do Norte e Europa já há algum tempo, principalmente, nos pulverizadores e colhedoras, visando aumentar o rendimento nestas operações. Uma das limitações do sistema, no passado, era o de trabalhar somente em linha reta, ou seja, para nossas características topográficas, tínhamos poucas aplicações.

Porém, com o desenvolvimento do sistema para trabalhar em curva, justamente para atender a estas nossas necessidades, já é possível a utilização no Brasil de tratores equipados com o sistema de direção automática, conseguindo-se assim obter todas as vantagens que este sistema oferece. Dentre as necessidades do setor, este sistema fará parte de todo o ciclo produtivo da cana, desde o preparo, plantio, tratos culturais e colheita, pois com o mapeamento das linhas de plantio, teremos um mapa com o percurso das máquinas e este ficará armazenado para as demais operações, com uma precisão de até dois centímetros.

Diante deste panorama tecnológico, teremos grandes vantagens em várias operações, que antes não tínhamos condições de realizar, como o paralelismo entre linhas, maior rendimento operacional, pois libera o operador para realizar outras funções com maior atenção e, como resultado, teremos um menor custo operacional e uma maior qualidade das operações.

Estes resultados aparecem de imediato, mas temos outros ganhos, que aparentemente são muito importantes, mas que ainda não conseguimos dimensionar, como por exemplo, a questão do pisoteio da soqueira da cana que, de acordo com alguns pesquisadores, podem chegar perdas em índices médios de até 10% em produtividade.

Acreditamos também, que o conceito de produtividade com esta tecnologia, seja analisada de outra forma, não mais em rendimento por hectare, mas por metro linear de canteiro cultivado. Quanto ao sistema Direção Automática, trata-se de um sistema que trabalha com informações por sistema GPS que envia para o controlador de navegação, que processa e corrige o alinhamento do trator vinte vezes por segundo.

O controlador de navegação envia um comando para o orbitrol (válvula de controle hidráulico da direção), que aciona o sistema hidráulico de direção da máquina, direcionando-a no rumo pré-determinado pelo sistema, automaticamente. O direcionamento do sistema é definido em função da forma do talhão, topografia, curva de nível e demais aspectos das áreas. Após esta definição, o sistema permite trabalhar de duas formas.

A primeira forma seria marcar dentro do talhão uma linha base para servir de referência para as demais linhas com uma precisão de 2 cm, e a segunda forma seria ter um mapa dos talhões georeferenciado, onde, no escritório, utilizando um software topográfico, introduziríamos todas as linhas em que a máquina irá trabalhar e com este mapa, descarregamos no computador ou terminal a operação. O operador teria a função de direcionar o trator somente no começo das linhas.

Para que o sistema trabalhe com uma precisão de 2 cm é necessário que tenhamos uma antena para correção do sinal. Este sistema de correção é conhecido como RTK, que permite, precisões centimétricas, em tempo real. As correções são enviadas pela estação base, via rádio, com alcance da estação base de até 18 km - depende da topografia da área e obstruções, podendo-se utilizar repetidoras para ampliar o alcance.

Com toda esta precisão, estamos verificando que o sistema começa a influenciar a tomada de decisão nas operações agrícolas e que os modelos até hoje propostos podem começar a ser discutidos com uma outra visão, como por exemplo na escolha dos operadores, onde, neste caso o melhor operador seria aquele que tenha uma maior facilidade para lidar com tecnologias embarcadas nas máquinas e não aquele que tenha uma boa prática de operação da máquina, pois o sistema realiza os trabalhos com total precisão durante as 24 horas.

Com esta tecnologia disponível para o setor canavieiro, teremos condições de analisar os modelos atualmente propostos das operações agrícolas e questionar sobre os resultados, pois teremos condições de monitorar cada metro trabalhado, com precisão de 2 cm e, desta forma, identificar os erros atuais para evoluirmos nossos conceitos até um ponto ideal de maior aproveitamento, por áreas trabalhadas.