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Antonio Alberto Stuchi

Diretor Executivo Industrial da Cosan Açúcar e Álcool

Op-AA-27

Os pilares fundamentais para o sucesso

O sucesso do Brasil no cenário sucroenergético internacional deve-se a diferentes fatores, e um deles certamente é o fato de o País deter uma das melhores tecnologias em produção de açúcar e etanol, com custos eficientes que conferem alta competitividade aos produtos nacionais desse segmento. 

O processo produtivo de açúcar, etanol e, mais recentemente, de bioenergia tem uma relação direta com três pilares fundamentais. Um deles é o consumo de energia. Como é de conhecimento de muitos, uma planta industrial do setor sucroenergético que processa cana-de-açúcar é autossuficiente em consumo de energia elétrica durante o período de safra, por conta da queima do bagaço em suas caldeiras que gera a energia elétrica necessária para suprir sua necessidade.

A energia elétrica gerada a partir do bagaço da cana transformou-se em um relevante produto para as empresas do setor. Esta prática contribui diretamente para suprir o déficit energético que o país possui, com a possibilidade de fornecimento também em períodos nos quais os rios que abastecem as hidrelétricas estão com seus níveis mais baixos.

Além disso, esta energia diminui muito o custo de distribuição pelo fato de as usinas estarem próximas aos centros consumidores. É importante enfatizarmos que essa disponibilidade depende muito da diminuição do consumo de energia empregado no processo de produção, que pode ser otimizado nas usinas existentes ou concebidos com maior eficiência nos novos greenfields.

Tal otimização passa, fundamentalmente, pelo uso mais racional de vapor nos processos, com a utilização de equipamentos mais eficientes que podem trabalhar com pressões de vapor mais baixas e o aproveitamento de calor recuperado nas diferentes fases do processo em que há grande diferença de temperatura entre os produtos.

O uso de equipamentos motrizes mais eficientes também é importante neste processo, pois eles possibilitam a disponibilização de energia elétrica economizada para venda. Outra alternativa viável para aproveitarmos todas as maneiras de gerar energia a partir da cana-de-açúcar é a utilização da palha, ajudando a consolidar economicamente o processo de fim das queimadas.

A disponibilidade dessa energia pelas usinas representa, efetivamente, uma alternativa viável tanto para as empresas quanto para os governos. No entanto, a implementação dessa iniciativa depende do investimento necessário para a expansão da rede de captação dessa energia nas unidades produtoras e para a distribuição na rede de consumo nacional.

É importante ressaltar, ainda, que esses investimentos devem ter remuneração atrativa para se manterem viáveis. Por conta desses fatores, avaliamos que os processos fabris do setor sucroenergético têm apresentado índices muito eficientes no que se refere ao consumo de energia elétrica. Esse bom desempenho afeta positivamente dois aspectos: o primeiro deles está ligado aos custos de produção e ao aumento da competitividade dos produtos; o segundo está ligado à disponibilidade maior de energia elétrica para venda à rede pública, e ambos afetam positivamente o cenário econômico nacional.

Outro pilar fundamental para a eficiência da produtividade em nossas usinas está relacionado aos custos de manutenção industrial, que representam atualmente cerca de 50% das despesas de uma planta industrial do setor sucroenergético – uma parcela bastante expressiva.

Em relação a esse aspecto, avalio que é necessária uma mudança cultural, com a introdução de tecnologias que nos permitam determinar qual nível de intervenção é necessário para cada equipamento, submetendo os itens que não precisam de manutenção a um processo de hibernação durante o período de entressafra, caracteristicamente longo em nosso setor.

Em linha com essa mudança, novos materiais e equipamentos devem ser desenvolvidos e adaptados aos nossos processos para garantirem melhor performance e durabilidade, aumentando, assim, o tempo entre paradas. Esse aumento de eficiência de trabalho garantirá a redução de custos necessária à manutenção da nossa competitividade.

Dessa maneira, um trabalho de manutenção feito da maneira apropriada e seguindo um planejamento estruturado pode ser o diferencial para o bom andamento de uma safra, garantindo que a estrutura industrial obtenha uma performance dentro do esperado. Por fim, o terceiro pilar que norteia nosso processo produtivo é a convivência com o meio ambiente.

O modelo de negócio do setor sucroenergético possui relação direta com as questões ambientais, já que o etanol apresenta-se como uma alternativa viável de matriz energética que, somada às já existentes, pode efetivamente contribuir para uma economia de baixo carbono. Dentro do setor, temos avançado positivamente em diversas questões ligadas ao assunto, tornando nosso modelo de negócio cada vez mais maduro e preparado para essa nova economia.

É importante que o setor fique cada vez mais atento a questões relacionadas à diminuição da quantidade e uso racional da vinhaça como fertilizante, diminuição do uso de água nos processos de produção e disposição adequada dos resíduos sólidos, exigências que serão cada vez mais frequentes no setor.

A parte mais representativa de nosso segmento está alinhada a esaas questões que são extremamente relevantes e cruciais para que o Brasil encontre e consolide um espaço garantido na economia mundial. Mesmo após conquistas históricas e um mercado consolidado, temos ainda muitos desafios pela frente que precisam ser vencidos. A nosso favor, temos o empenho concreto da grande maioria das empresas de nosso setor, que constantemente encontram novas soluções que as tornam cada vez mais ajustadas às questões ligadas ao meio ambiente, e suas soluções transformam-se em modelos que podem ser seguidos pelas demais.