Diretor Presidente da Authomathika
Op-AA-06
Ao ser convidado pela revista Opiniões para escrever este artigo, pensei em meu começo de carreira profissional, atuando na área de Automação - longos 25 anos atrás, e no quanto o setor evoluiu tecnologicamente neste quarto de século. Uma série de avanços foi possível graças à evolução tecnológica em toda a cadeia produtiva, abrangendo, desde o melhoramento genético das variedades de cana, avançando pelo sensoriamento via satélite das lavouras, passando pelas melhorias dos equipamentos de processamento e chegando à modernização das técnicas de gestão empregadas nas unidades produtoras.
Nestes anos, o setor vem amadurecendo cada vez mais, e, graças a iniciativas pioneiras, é hoje o mais competitivo do planeta, sob quaisquer aspectos que se possam considerar, em termos de produtividade e qualidade. A tecnologia de produção de Açúcar, Álcool e Energia renovável é um dos raros nichos em que o Brasil detém o reconhecimento e o respeito internacionais, graças a um complexo sistema, que abarca os próprios produtores, bem como seu leque de fornecedores de produtos e serviços, além de centros de pesquisa e universidades, demonstrando, de forma inequívoca, como é possível obterem-se excelentes resultados, quando ocorrem esforços sinérgicos dirigidos a objetivos comuns.
Dentro de todo este contexto, a Automação vem, finalmente, obtendo o reconhecimento de todo o setor, em relação a seus inegáveis benefícios. Do ponto de vista industrial, talvez nenhum outro ofício tenha evoluído tanto nestes anos quanto a Automação, e entenda-se aqui também as artes da Instrumentação e Controle.
Em parte por estar intrinsecamente ligada à evolução da eletrônica e da informática, é brutal a diferença entre os produtos e sistemas que conheci 25 anos atrás e aquilo que se produz hoje em dia. Os sistemas de controle atuais são incomparavelmente mais poderosos, confiáveis e acessíveis do ponto de vista econômico, que aqueles do início dos anos 80.
A relação custo-benefício dos sistemas modernos proporciona uma rápida amortização dos investimentos iniciais, e o custo de propriedade dos equipamentos é cada vez mais reduzido. A automação desempenha um papel fundamental no desempenho de uma planta que tenha como objetivo a alta produtividade e a otimização de custos.
Sistemas bem projetados e adequadamente instalados e operados proporcionam ganhos diretos e indiretos, pois permitem a redução de desperdícios de insumos e matérias-primas, estabilizam as variáveis de processo e a qualidade do produto final, aumentam a segurança patrimonial e pessoal da operação e ampliam a vida útil dos equipamentos de processo, que operam de forma estável e contínua, dentro dos parâmetros recomendados de performance do fabricante.
Em anos mais recentes, a introdução de sistemas de supervisão de processos via computador, conhecidos como sistemas supervisórios passou, não apenas a permitir uma interação muito simplificada entre os operadores e os processos da indústria, mas também a gerar informações valiosas para as gerências de área, tornando-se poderosas ferramentas de análise de desempenho e gestão global da planta, interagindo até mesmo em nível corporativo.
Atualmente, as plantas adquirem cada vez mais inteligência e os sistemas passam a incorporar recursos de Internet, permitindo a monitoração – e eventualmente a interação – das plantas, a partir de qualquer local do planeta, onde esteja disponível uma conexão web.
A automação de processos tornou-se um elemento tão importante que, de todas as dezenas de plantas novas com previsão para entrada em operação entre 2006 e 2010 já estão nascendo com um alto grau de sistemas de controle, de forma planejada e cuidadosa, dentro de conceitos determinados, pelo que se tornou conhecido como PDA – Plano Diretor de Automação, onde os empresários do setor fazem a implantação de sistemas considerando fatores importantes, tais como os conceitos e tecnologias a serem empregados, a escalabilidade dos equipamentos, a disponibilidade e confiabilidade, bem como o suporte e atualizações tecnológicas para os próximos cinco, ou, em certos casos, dez anos, após o início de operações.
O desafio para o setor não é apenas o de produzir mais. Existe até mesmo certa polêmica em relação a um eventual excedente de produção durante alguns anos (pois pode haver uma eventual oferta maior que a demanda, até que ocorra o crescimento de consumo de álcool e açúcar correspondente ao grande aumento de oferta previsto até 2010), que poderia levar a uma queda de preços, tanto do álcool, quanto do açúcar.
Portanto, o desafio real do setor é produzir bem, com qualidade, e a custos cada vez menores, melhorando as margens de contribuição e rentabilidade. Nestes aspectos, a automação, definitivamente, encontra sua vez e hora, e será, indubitavelmente, um dos fatores chave para a manutenção, crescimento e sobrevivência das unidades industriais pelo país afora.