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Pedro Isamu Mizutani

Vice-presidente de Relações Externas e Estratégica da Raízen

As-AA-16

Compromisso
O compromisso apresentado pelo governo brasileiro na COP21, em novembro de 2015, e sancionada pelo congresso, ressalta a importância das metas do Acordo de Paris sob a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC). 
O objetivo principal é o de limitar o aumento da temperatura média global abaixo de 2° C em relação aos níveis pré-industriais.
 
A ratificação do Acordo é também uma realidade para China e EUA, que assinaram compromisso e entregaram os documentos oficiais ao secretário-geral da ONU neste mês de setembro, durante a reunião do G20. A confirmação do compromisso firmado em Paris pelos dois países é muito positiva, pois ratifica o Acordo firmado na Conferência.
 
A adoção do Acordo de Paris definiu metas individuais para cada país (iNDCs), visando à redução das emissões de gases de efeito estufa e à maior participação de fontes renováveis em suas matrizes energéticas. O Brasil teve um papel de protagonista nas discussões ambientais e assumiu metas desafiadoras e sólidas, defendidas pela ministra Izabella Teixeira – umas das principais negociadoras entre os líderes das delegações –, que destacou a importância do documento para condução de uma economia global de baixo carbono, e atuação do País como um dos principais players para a solução. A ministra ressaltou ainda que o Acordo deixou de ser um assunto voltado apenas às questões ambientais, se configurando como algo substancial para o desenvolvimento econômico.
 
O Brasil foi considerado um dos países líderes nessas negociações por ter se mantido sempre um passo à frente das outras nações quando o assunto é mudança do clima e por ter apresentado uma meta voluntária de redução de emissões bastante ampla e ousada, com um escopo que inclui mitigação, adaptação e meios de implementação, de maneira consistente com o propósito das contribuições de alcançar o objetivo da Convenção.

Para que o Brasil continue apresentando resultados significativos, o setor sucroenergético tem um importante papel de impulsionar o consumo de etanol no mercado, contribuindo ativamente para a expansão do biocombustível. Só no País, está previsto aumento na participação do biocombustível na matriz energética nacional para 18%, e ainda uma ampliação da participação de fontes renováveis para, pelo menos, 23% da oferta de energia elétrica. 
 
É notável que o setor sucroenergético brasileiro tem grande potencial para impulsionar as metas estabelecidas pela iNDCs brasileiras, seja em função da produção do etanol de cana-de-açúcar, seja por causa da energia elétrica gerada a partir da biomassa.
 
Vale destacar que a produção da cana-de açúcar foi alvo da Unica, durante sua atuação na COP. A organização ressaltou que a cana representa hoje 16% da nossa matriz energética, ou seja, é a primeira fonte renovável mais usada no País, seguida pela hidro-eletricidade, fato que corrobora a importância estratégica do etanol e da bioeletricidade para a “descarbonização” da matriz energética nacional.
 
Em sua participação na Conferência, a Raízen trouxe o papel diferenciado das novas tecnologias, como o etanol de segunda geração e o biogás a partir de resíduos orgânicos, como fatores importantes para contribuir para o atingimento das metas – principalmente a que prevê o aumento de 45% na participação de energias renováveis na matriz energética. Em específico, o etanol de segunda geração brasileiro é um exemplo de inovação e eficiência no uso de recursos naturais, uma vez que permite o aumento de 40-50% da produção de etanol com a mesma área plantada, quebrando, assim, um paradigma da produção de açúcar e etanol.

O produto possui exatamente a mesma composição química que o etanol de primeira geração, mas é gerado a partir do bagaço, folhas, cascas e outros resíduos da produção de cana-de-açúcar. O produto é considerado um dos principais avanços tecnológicos da história do setor e um importante agente na otimização da matriz energética, algo ressaltado pelo presidente do Bndes, Luciano Coutinho, durante sua apresentação sobre etanol celulósico na COP 21.
 
Como já dito, o Brasil é um dos poucos países em desenvolvimento a assumir uma meta ambiciosa, com o objetivo de garantir condições adequadas para as próximas gerações e para o desenvolvimento sustentável, e o setor sucroenergético tem potencial de protagonismo para o alcance desse objetivo máximo. Temos uma oportunidade única, que requer um trabalho de planejamento conjunto dos setores público e privado, que demandará comprometimento e investimento, e que trará benefícios à economia, ao clima e também à sociedade. O setor sucroenergético pode sim, impulsionar o Brasil para se tornar referência internacional em sustentabilidade e energias renováveis.