Presidente da Petrobras
Op-AA-12
O Brasil possui larga experiência em biocombustíveis, graças aos 30 anos de álcool e, mais recentemente, ao biodiesel. Impulsionado pelo Governo Federal, pela Petrobras e pela indústria sucroalcooleira, o Programa Nacional do Álcool - Proálcool, transformou o Brasil em um dos maiores produtores, consumidores e exportadores de etanol do mundo, e colocou o país na vanguarda de uma nova era energética.
Desde a sua criação, na década de 70, o Proálcool permitiu ao país uma economia de 778 milhões de barris de óleo equivalente (boe) e de US$ 52 bilhões, apenas no atendimento ao mercado de veículos automotivos. Neste mesmo período, a utilização do álcool como combustível evitou a emissão de 644 milhões de toneladas de gás carbônico - CO2, o que representou uma excelente contribuição ambiental.
A Petrobras vem participando ativamente deste processo, comprando e distribuindo etanol para o mercado interno, por meio da BR Distribuidora, e realizando pesquisas sobre o uso e as fontes do álcool combustível. A partir de agora, no entanto, a companhia está se posicionando de outra forma no setor. No final de 2005, a Petrobras firmou parceria com a estatal japonesa Nippon Alcohol Hanbai K.K. para criar, no Japão, a Brazil-Japan Ethanol Co. LtD. (BJE), com 50% de participação de cada companhia.
Esta empresa, uma joint venture, importa álcool químico e farmacêutico no Japão. A legislação japonesa autoriza a mistura de 3% de álcool à gasolina, o que, se colocado em prática, pode resultar num mercado de 3 bilhões de litros por ano. Estimamos que os japoneses possam elevar essa mistura a até 10%. Vislumbrando claramente uma perspectiva mundial de crescimento do setor de biocombustíveis, e tendo como horizonte tornar-se uma empresa de energia, e não apenas de petróleo e gás, a Petrobras vem assumindo um papel importante e uma posição estratégica no desenvolvimento da logística de exportação de álcool.
Melhorar a infra-estrutura de transporte é fundamental para viabilizar a exportação e desenvolver o mercado internacional do álcool. Em parceria com a empresa japonesa Mitsui e a brasileira Camargo Corrêa, a Petrobras estuda a construção de um álcoolduto, ligando as regiões produtoras de álcool, desde Goiás até o terminal de São Sebastião, em São Paulo, passando por Minas Gerais, Mato do Grosso do Sul e interior de São Paulo.
Esse empreendimento, da ordem de US$ 750 milhões e com capacidade projetada de 8 bilhões de litros, permitirá, ao Brasil, exportar grandes volumes de etanol, atingindo especialmente o mercado asiático, com competitividade e agilidade. Em acordo com a Mitsui, estudamos a criação de 40 novas usinas de álcool, voltadas à exportação para o mercado japonês.
A Petrobras não pretende entrar na produção de álcool para o mercado interno. Ela investe na capacidade de exportação de etanol, com a perspectiva de que, ao investir na infra-estrutura, viabiliza e amplia a capacidade do setor privado brasileiro em atender a demanda dos futuros mercados internacionais, ao mesmo tempo, participando mais da exportação.
Além disso, ao buscar a sustentabilidade do mercado de exportação no longo prazo, inclusive com novas produções, a Petrobras contribui para a criação de um mercado internacional e de uma mercadoria - o etanol combustível - que não existe no mundo. Cada uma das 40 novas usinas será um Complexo Bioenergético - CBIO, integrando a produção de etanol, de energia elétrica (a partir do bagaço da cana) e de biodiesel (para mover sua frota de tratores e caminhões).
Em 2006, a Petrobras exportou 80 milhões de litros de álcool para a Venezuela. Atualmente, negociamos a comercialização do produto com a Nigéria, os Estados Unidos e os países da Europa, além do Japão. O objetivo é usar a experiência brasileira do Proálcool para apoiar os países a desenvolverem um programa de álcool semelhante ao nosso.
Em 2007, esperamos atingir a marca de 850 milhões de litros exportados. Até 2011, a meta estabelecida no Plano Estratégico da Petrobras é de exportar 3,5 bilhões de litros. Para atingir esses objetivos, investiremos mais de US$ 1,6 bilhão em produção, armazenamento, transporte e distribuição de etanol. Com os Estados Unidos, estamos ampliando as negociações, para viabilizar a entrada competitiva do álcool de cana-de-açúcar, muito mais barato e eficiente que o álcool produzido lá, a partir do milho.
Temos também conversas em andamento com outros países, com os quais discutimos a possibilidade, não somente de comercialização, como de produção de etanol. Recentemente, firmamos memorando de entendimento com a petrolífera italiana ENI, para estudar projetos conjuntos de produção em Moçambique e Angola.
No que diz respeito ao mercado interno, a Petrobras, por meio da subsidiária BR Distribuidora, garante a abrangência nacional do atendimento, valendo-se de ampla estrutura de transporte, armazenamento e distribuição. A BR responde, hoje, por 33% do mercado nacional de álcool combustível, com mais de seis mil postos distribuídos pelo Brasil.
No desenvolvimento da tecnologia, a Petrobras pesquisa a produção de álcool a partir de amiláceos, desde o início do Proálcool. No final dos anos 70, construiu e operou uma usina localizada em Curvelo, MG, que tinha capacidade para produzir 60 mil litros de etanol por dia, utilizando mandioca como insumo. O Centro de Pesquisas da Petrobras - Cenpes, também estuda a produção de álcool a partir de outros amiláceos, como a polpa de mamona.
Outra linha de pesquisa é o aproveitamento de material lignocelulósico, como o bagaço da cana-de-açúcar, para produzir etanol. Vários testes já foram realizados em laboratório, e os resultados serão, agora, analisados em uma unidade piloto, que está em construção e deverá entrar em operação ainda este ano no Cenpes. Essas iniciativas fazem da Petrobras um dos principais atores do mercado internacional do etanol, permitindo um crescimento sustentável de longo prazo para o setor e com confiança para os mercados compradores.