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Marcos Soares Sader

Produtor de Cana-de-Açúcar – Condomínio MTO

Op-AA-41

Produzir para não perecer

Na atual crise da atividade agrícola, o setor de produção de cana não é diferente dos outros, mas tem um desafio enorme: o desenvolvimento de novas variedades, mais adaptadas às diferentes necessidades, equipamentos para colheita de canaviais de alta produtividade e novas tecnologias de preparo de solo e plantio.

As práticas atuais de preparo de solo, que já vêm de muitos anos, com a utilização de subsoladores, arados e grades, se mostram ineficientes para um incremento de produtividade, que é um dos pilares de sustentação para o negócio “cana-de-açúcar”. O produtor de cana depende exclusivamente da produção de açúcar por hectare, que exige um bom manejo na colheita das variedades e uma correta alocação das mesmas em relação ao ambiente de produção e de um preparo de solo bem sistematizado para uma colheita sem perdas e com baixa impureza mineral e vegetal.

O aumento nos custos e a ausência de financiamentos de plantio e cultivo têm imposto ao produtor um endividamento sem perspectivas de futuro no negócio, pois os preços de remuneração praticados são inferiores ao de formação da produção. Soma-se, ainda, todo um atendimento às normas socioambientais, que impactam diretamente, aumentando os custos.

A proibição da queima da cana e a intensificação da colheita mecanizada crua têm impactado negativamente a produção, pois o aumento da compactação do solo, devido a essa prática, bloqueia o crescimento radicular da cana soca em profundidade, principalmente, dificultando, assim, o acesso à água e aos nutrientes do solo pela planta. A cana crua, por sua vez, tem induzido uma diminuição do ATR (concentração de açúcar) na cana, pois eleva a impureza vegetal que é moída na indústria.


Como exemplo, a ATR média da indústria na região de Lençóis Paulista era de 149 em 2004 e é de 140 em 2013, e, só a partir deste ano, é que teremos 100% de cana crua nas áreas mecanizáveis, conforme lei federal, o que poderá diminuir ainda mais esse número.

Existem novas tecnologias, como o Sistema de Escoamento Controlado (SEC) – que elimina a construção de terraços, o sistema de piloto automático – que permite o controle de tráfego na entrelinha, evitando o pisoteio da cana e a compactação do solo, e o Preparo de Solo Profundo Localizado (PSPL) – que produz condições química, física e biológica do solo privilegiadas para o crescimento e o desenvolvimento da planta.

O PSPL é uma alternativa confiável que permite um incremento de produtividade da cana, trazendo algumas vantagens, como segue:

• O PSPL é feito apenas na linha em que vai ser plantada a cana; com isso, a aplicação dos fertilizantes e corretivos não acontecerão em área total, evitando, assim, o desperdício de insumos;

• Um número menor de operações, reduzindo o custo do preparo de solo;



• Diminuição do pisoteio da cana e da compactação no solo, devido ao emprego do tráfego controlado, que é gerenciado pelo sistema de piloto automático;



• Aumento de infiltração de água no solo sete vezes maior que o preparo convencional, disponibilizando água por um maior período e amenizando os efeitos das estiagens de meio de safra;


A foto acima ilustra um canavial com 73 dias sem chuva. Do lado direito, uma soca de muda no PSC que foi cortada e plantada do lado esquerdo no PSPL.

• Incorporação da palha no solo, incrementando a matéria orgânica e ajudando no controle biológico;




• Quantidade de raízes muito superior ao método do sistema convencional e com presença de exsudados radiculares.



Em resultados já obtidos, o incremento de produtividade pode variar entre 15 e 30%, dependendo do ambiente de produção, sendo o incremento maior nos solos mais restritivos. Como no PSPL o desenvolvimento da cana é melhor, existe uma tendência de queda no ATR (açúcar total recuperado), porém a quantidade de ATR por hectare pode ser ampliada pelo incremento do TCH (tonelada de cana por hectare), e isso pode ser otimizado com o manejo mais adequado das variedades.


Outra vantagem que observamos é uma menor queda de produtividade entre os cortes, aumentado o TCH médio e projetando um aumento na quantidade de cortes por ciclo de plantio. Abaixo, alguns resultados obtidos com o PSPL, em ambientes E1 e D2 (Projeto Ambicana), envolvendo variedades com o estágio de 18 meses, com safras realizadas em 2012 e 2013.

Independentemente do sistema de produção de cana utilizado pelo produtor, uma coisa é certa: sem aumento da produtividade com redução de custos, nossa atividade tende a perecer. Então, recomendo bastante atenção nas escolhas, muito trabalho e inovar sem medo, para um futuro de sucesso.