Me chame no WhatsApp Agora!

Renato Augusto Pontes Cunha

Presidente do Sindaçúcar - Pernambuco

Op-AA-25

Nordeste: incremento de competitividade

Sabemos, desde a época do Proálcool, que o segmento sucroenergético no Nordeste teve expansão limitada. Cresceu, sobretudo, nos tabuleiros planos do norte de Alagoas, assim como naqueles, mais arenosos, da Paraíba e Rio Grande do Norte. As áreas mais tradicionais da região, consolidadas em relevo acidentado, conseguem crescer verticalmente, com incrementos paulatinos de produtividade, oriundos do contínuo e consistente trabalho da rede RIDESA.

Em maio último, a citada rede de conhecimento efetuou o lançamento de 7 novas variedades de cultivares, vocacionados para o ambiente, mais rústico, de produção do Nordeste, com consequentes maiores resistências a estresse hídrico. A Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE, mantém em Carpina, estado de Pernambuco a Estação Experimental de Cana-de-Açúcar - EECAC.

Na EECAC, ocorre, desde o ano de 1998, uma parceria público-privada entre Universidades integrantes da Rede Ridesa e associadas do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool - Sindaçúcar, convênio de pesquisa canavieira, com destaque para melhoramento genético, que tem sido bastante exitoso. Nestes 12 anos de parceria, foram lançadas 18 novas variedades de cana da família “RB”, desenvolvidas para o Nordeste.

O contingente de cultivares “RB” já é atualmente de cerca de 60% na região, tendo elevado a produtividade média do estado de Pernambuco em cerca de 15 toneladas por hectare. Por outro lado, a logística tem sido a grande forma de minimizar e neutralizar parte dos custos mais altos do Nordeste, onde prevalecem atividades agrícolas manuais, fortemente sociais, versus aquelas predominantes no centro-sul, onde existe mais estabilidade climática e consequentes reduções de gastos agrícolas nos “CCT’s” - Corte, Carregamento e Transporte (mecanização).

O cenário comparativo entre as duas regiões mencionadas fundamenta-se pró Nordeste, a partir das adequadas condições de escoamento do produto nordestino ao exterior, pois, em média, as usinas distam, apenas, cerca de 60 quilômetros dos terminais portuários. Os portos de Natal, Cabedelo, Recife, Suape e Maceió apresentam, sobremaneira, menos gargalos do que os existentes nos portos do centro-sul.

Nesse particular, no zoneamento do eficiente porto de Suape, o mais novo do Nordeste, já ocorrem investimentos para moderno terminal de açúcar refinado a granel, possibilitando-se a originação de maior valor agregado em açúcar com destino ao norte da África e Mediterrâneo, regiões, antes do painel da Organização Mundial do Comércio, movido por Brasil, Austrália e Tailândia em 2004/2005, supridas pela Europa (Antuérpia).

O novo terminal de “branco” de Suape trará up grades logísticos efetivos, incrementando equação de vendas, seguramente mais estável e rentável, alicerçada em calados com mais de 15 metros de profundidade, bastante versátil para navios de várias modalidades, acarretando dispatch, prêmios pela rapidez de carregamento.

O Terminal Açucareiro de Suape, com capacidade estática de 160 mil toneladas e cadência-hora de embarque de 750 toneladas, escoará branco a granel, permitindo também, em seu pátio, o estufamento de containers, bem como embarques de açúcar ensacado, constituindo-se, assim, em  terminal múltiplo. Os investimentos estimados estão na ordem de US$ 60 milhões de dólares e dentro dos próximos três anos já deverá ocorrer o início de operações.

O advento combinado com a evolução, ora em curso, de inversões, sobretudo em corte mecanizado de lavouras de cana, pode valorizar consideravelmente as unidades agroindustriais da região no curto prazo. Nesse particular, nossas usinas associadas criaram, sob a gestão financeira do Sindaçúcar-PE, um fundo de Inovação Tecnológica, a partir de iniciativas focadas em sustentabilidade ambiental, com diminuição gradual dos contingentes de corte de cana queimada, mesmo nas ladeiras e encostas das áreas agrícolas. A iniciativa começou na tradicional Usina Petribu.

O Fundo de Tecnologia contratou o experiente engenheiro Raul Fernandes, que viajou por mais de trinta dias a vários países do mundo em busca de tecnologia de colhedoras para corte em inclinações íngremes, e o êxito começa a surgir, com testes na Petribu, de máquinas francesas (Ilhas Reunion), japonesas e chinesas, vocacionadas para áreas de várzeas e para inclinações que vão principalmente de 12% a 70%.

Vale comentar ainda acerca de outra estratégia estruturante na região, traduzindo-se na elevação, que ora perseguimos, da capacidade de geração de bioeletricidade a partir da biomassa do bagaço de cana, com consequente retrofit das nossas térmicas (caldeiras), na busca de maior geração de MWh com aquisições de térmicas mais modernas e econômicas. Sem dúvida, a geração distribuída de bioeletricidade nas redes tende a crescer, sobretudo se a energia limpa passar a contar com remunerações em tarifas que contemplem as positivas adicionalidades geradas por nosso segmento. É uma questão de tempo, pois o apelo ambiental é forte, verdadeiro e sustentável.