Diretor Executivo da Randon
Op-AA-05
Cada vez mais a produtividade nos transportes ganha importância nas organizações, tornando-se um fator crítico na busca por vantagem competitiva e, desta forma, exigindo maior atenção dos gestores, com relação ao desempenho de suas operações. O transporte da cana é uma das atividades mais importantes na determinação de custos e de vantagens competitivas, em todo seu processo de logística.
No que se refere à cana-de-açúcar, o Brasil conta com uma posição privilegiada para atender o mercado mundial, seja do açúcar ou do álcool para fins combustíveis. O País tem duas regiões produtoras com safras alternadas, podendo manter sua presença neste mercado ao longo de todo o ano. Conta, também, com uma avançada tecnologia de produção de álcool e açúcar, apresentando o menor custo de produção do mundo, com grande potencial de expansão de área plantada e de produtividade.
A cana-de-açúcar é o produto agrícola de maior volume e tonelagem transportado no Brasil. Da safra 2004/2005, pode-se verificar o potencial do setor, que totalizou uma produção de 370 milhões de toneladas, sendo que a região centro-sul somou cerca de 320 milhões de toneladas de cana e a região nordeste em torno de 50 milhões de toneladas.
Desde o corte e colheita da cana até o álcool chegar aos tanques de combustível dos modernos automóveis com motores flex-fuel, ou mesmo de o açúcar chegar às mesas dos consumidores, tem-se uma complexa operação logística, sendo o transporte de grande representação no custo do produto final. Desde quando a cana era transportada por escravos ou por animais, até os dias de hoje, quando são utilizadas modernas e potentes combinações veiculares, tivemos uma grande evolução, sem a qual não se poderia falar em álcool usado como combustível para automóveis.
Entendemos que o crescimento atual da área canavieira e as excelentes oportunidades do futuro próximo levarão o Brasil a um patamar de produção cada vez maior, exigindo novas tecnologias para o transporte da cana, seus produtos e subprodutos. Com a expansão das lavouras, as distâncias dos canaviais até as usinas aumentaram consideravelmente, assim como a capacidade de moagem, o que originou a necessidade de veículos cada vez maiores, mais seguros e produtivos.
Imaginem como seria a alimentação de uma usina de cana com caminhões 4x2 (toco) ou 6x2 (trucado), transportando de 10 a 15 toneladas em cada veículo. Certamente, nas grandes usinas, seria uma operação caótica e altamente onerosa. Com isso, a cada ano surgem caminhões mais potentes e mais preparados para o trabalho agrícola canavieiro e para o transporte rodoviário.
Atentos a esta demanda, desenvolvemos combinações de semi-reboques e reboques em diversas modalidades, como os conhecidos rodotrens, bitrens e treminhões, implementos rodoviários de alta tecnologia e performance. E não paramos por aí. Sabemos da importância do custo do transporte em cada etapa, da lavoura ao consumidor, e o quanto representa a produtividade do transporte para o custo final do produto.
Por exemplo, as combinações veiculares do tipo rodotrem, transportam hoje quatro vezes mais do que um caminhão trucado com carroceria transportava nos anos 70. Se até o momento, encontramos soluções para o volume transportado, concentramos, hoje, esforços na busca de materiais mais resistentes e mais leves, como alumínio e materiais composites, para a construção das estruturas dos semi-reboques, visando o ganho de produtividade e redução do peso-morto transportado.
No aspecto segurança no transporte, muitos elementos também foram adicionados na construção dos atuais comboios, como novos circuitos de freios, câmaras de freios tipo spring-brake, ajustadores automáticos de freios, sistemas de iluminação e sinalização do implemento. No caminho da evolução do desafio de um país mais competitivo e exportador, entendemos que os fabricantes de caminhões e de implementos rodoviários fizeram e continuam fazendo o tema de casa e, por isso, estamos servindo de referência em tecnologia de sistemas de transporte de cana, açúcar e álcool, para diversos países também produtores.
Como prova disso, nossas combinações veiculares foram adotadas na Guatemala, Costa Rica, República Dominicana, entre outras, inclusive, com alterações na legislação do transporte de cargas naqueles países. Como podemos ver, além de favorecer a competitividade, o que já mostra seu grande valor por ser esta uma necessidade bastante real, o transporte também permite uma mais justa e correta alocação de recursos, ao evitar desperdícios e irracionalidades, algo que não tem mais espaço na sociedade atual, que já começa a preocupar-se com estas questões.
Nesse contexto, precisamos que o governo faça seu papel, a exemplo da indústria de caminhões e implementos rodoviários, melhorando as condições da infra-estrutura rodoviária, conservando e construindo novas estradas, visando proporcionar mais segurança e produtividade aos veículos brasileiros. É necessária, também, uma maior atenção governamental ao aspecto da modernização portuária. Com essas ações, certamente teremos significativa redução do “Custo Brasil”, tornando nosso álcool e o açúcar ainda mais competitivos.