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Fernando José Mendes Pinto

Presidente do IPMA, Instituto para Preservação da Mata Atlântica

Op-AA-13

Recuperação da Mata Atlântica

O bioma Mata Atlântica, no Nordeste, está reduzido a cerca de 2% de sua cobertura vegetal original, levando uma rica biota ao risco de extinção. O processo de desmata-mento na região teve início com o plantio de cana-de-açúcar, para os primeiros engenhos, e prosseguiu com a implantação das primeiras usinas, com seu ápice na implantação do projeto Proálcool, na década de oitenta.

Mas, durante esse processo, a indústria sucroalcooleira nordestina manteve remanescentes florestais, sejam porque eram áreas impróprias para a cultura, ou visavam preservar seus recursos hídricos, ou suas reservas de lenha, que dão partida em suas caldeiras, ou simplesmente para o deleite de seus proprietários.

De qualquer forma, essas áreas passaram a constituir alguns dos mais importantes remanescentes de mata nativa ainda protegida na Mata Atlântica no Nordeste. Em Alagoas, o próprio setor tomou a iniciativa de resgatar, na medida do possível, seu passivo ambiental com a natureza, criando uma ONG para coordenar suas ações de proteção e recuperação da Mata Atlântica, desenvolvendo ações conjuntas de criação de Reservas Privadas e de restauração florestal em áreas de preservação permanente, como encostas e matas ciliares.

Essas atividades, desenvolvidas por praticamente todas as usinas alagoanas, juntamente com o Instituto para Preservação da Mata Atlântica tornou-se um amplo programa, que hoje envolve empresas do estado de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte.


Os resultados desses programas já podem ser sentidos e avaliados, com a criação de Reservas Particulares de Mata Atlântica, que ultrapassam a 10.000 hectares, entre áreas já reconhecidas pelo IBAMA ou em processo de reconhecimento.

Com relação às áreas de restauração florestal, mais de três milhões de mudas nativas já foram plantadas nos últimos seis anos, iniciando um processo de recuperação de mata nativa, bem representativo. Todo esse trabalho vem trazendo um bem imenso ao meio ambiente, além do reconhecimento dos órgãos ambientais e, principalmente, mudando a imagem do setor junto à comunidade, pois os desmembramentos das atividades iniciais começaram a envolver diversos outros programas socioambientais e de educação ambiental, contribuindo para a melhoria da qualidade de vida das populações locais.

De todas as tarefas que vem sendo desenvolvidas, sem dúvida nenhuma, o estabelecimento de parcerias entre as empresas, ONGs, órgãos ambientais e comunidades, tem sido a grande lição de como problemas sérios podem ser discutidos e implementados, gerando ganho para todos e, principalmente, para o meio ambiente.