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Weber Francisco Capozzi

Diretor da Intacta Rolamentos

Op-AA-27

Tecnologia, inovação e produtividade

O mundo corporativo vem discutindo exaustivamente a questão da produtividade. Via de regra, o alvo principal vem recaindo sobre o departamento de custos, com repercussão direta na manutenção, insumos, custos fixos etc. Pressionados pelos asiáticos, países desenvolvidos de economia aberta partiram para as soluções criativas e incomuns na eterna busca pelos baixos custos e, consequentemente, pela competitividade.

Por esse motivo, algumas instituições de alto nível – universidades e grandes conglomerados empresarias – envolvem-se cada vez mais, revelando, com isso, uma necessidade imperativa no desenvolvimento de novas ações sobre a economia moderna e a produtividade. Tal tema tem sido tratado com extrema atenção e com grande valor estratégico, pois define o sucesso ou não das organizações ocidentais frente aos desafios encontrados em relação à concorrência desleal (taxa de câmbio, mão de obra subsidiada, incentivos estatais, ausência de leis trabalhistas, proteção de patentes, etc).

Alguns dos assuntos que vêm demandando muita atenção desses organismos têm sido a qualidade da comunicação e os produtos ou serviços inequivocamente inovadores. Para que se obtenha pleno êxito na comunicação de qualidade e assim revertê-la em produtividade, são necessários alguns cuidados e pré-requisitos: a resiliência dos interlocutores, maturidade, discernimento, flexibilidade e a recursividade.

E no campo da inovação tecnológica, os indicadores são ainda mais intangíveis. Até bem pouco tempo, a medida da inovação de um produto ou serviço era o seu sucesso comercial, ou seja, a medida da inovação vinha após os investimentos realizados. Dessa forma, não era possível garantir que os investimentos em recursos humanos, fluxo de capitais e de tempo, empregados em diversos projetos, tivessem sucesso inexorável.

Atualmente, já se pode prever se tais alocações de recursos serão revertidas em sucesso ou em fracasso, trazendo, com isso, valor às novas ideias que emergem a todo instante. Uma brilhante tese de mestrado de um engenheiro elétrico da Escola Politécnica da USP, Ruy Santo, e seu orientador, Marcelo Massarani – dos quais fui aluno –, consegue medir com precisão, através da “linguagem” da engenharia, produtos e serviços inovadores que, até então, não eram possíveis.

Verifica-se, ao lançar mão dessas ferramentas especiais, que as novas discussões sobre produtividade não se restringem apenas e tão somente aos departamentos de compras, planejamento, manutenção ou custos, mas também à criatividade e à maior de todas as habilidades humana: a inteligência. Para que seja possível uma perfeita compreensão dos novos elementos de medição da produtividade, faz-se necessário compreender a diferença fundamental entre preço e valor.

Valor se mede na relação direta entre desempenho sobre preço, ou seja, qual é o desempenho que um equipamento ou um serviço cumprem sobre o seu preço. Ao observarmos o setor sucroenergético, percebemos uma vertente clara no sentido do aprimoramento ou aperfeiçoamento que difere da inovação.

O aperfeiçoamento é uma etapa de um mesmo produto ou serviço, ao passo que a inovação é um novo momento e uma nova proposta do produto ou serviço. Contudo, ao analisarmos dois exemplos com cuidado, será possível a observação clara da diferença entre o aperfeiçoamento e a inovação. A moenda de cana-de-açúcar permanece sem grandes mudanças há mais de cem anos, mas com alguns aperfeiçoamentos.

Enquanto os fabricantes de rolamentos os aperfeiçoam, as empresas brasileiras, com destaque para as usinas, usando tecnologia inovadora de reaproveitamento, os reutilizam, com ganhos econômicos expressivos, mantendo as mesmas exigências de qualidade originais. A reutilização com segurança tecnológica possibilitou que o mercado açucareiro deixasse de substituir, em cinco anos, em torno de 3.000 rolamentos de grande porte (acima de 200 mm de furo).

Ao realizar uma análise do ciclo de vida de um rolamento de grande porte, pode-se notar uma economia substancial de energia (95%) no seu reaproveitamento de um rolamento em relação a um rolamento novo. Igualmente, nota-se uma economia de 90% de massa, além de 98% de água, 100% de emissão de CO2, 99% de economia em rejeitos entre outras. Portanto, ao realizarmos uma análise dos números citados sobre as funções da engenharia no processo de recuperação e reutilização de rolamentos, percebemos uma clara e inequívoca sinalização de uma tecnologia inovadora.

Com uma economia em torno de trinta milhões de reais em reposição de rolamentos novos, pode-se concluir que a produtividade alcançada de maneira pouco usual tem sido objeto da aplicação correta da tecnologia inovadora, motivada pelos conceitos de sustentabilidade,  preservação do capital e, consequentemente, dos recursos naturais. Manutenção inteligente: uma oportunidade de lucros.