Desde a assinatura, em 2015, do Acordo de Paris, que definiu as metas de redução de emissões de Gases de Efeito Estufa – GEE, as mudanças climáticas estão no centro da agenda de governos, do mercado e da sociedade. Esse é um desafio que envolve e impacta não apenas o meio ambiente e a sociedade como um todo, mas a própria sobrevivência dos negócios.
O tratado internacional firmado durante a 21ª Conferência das Partes – COP21, também apresenta metas de redução de emissões de GEE. Quando foi proposto na reunião da Organização das Nações Unidas – ONU, o documento foi adotado por 196 países-membros e passou a vigorar em novembro de 2016. O desafio, contudo, ainda é a implementação das iniciativas propostas, principalmente quando falamos sobre limitar o avanço da temperatura média e conter o aumento da temperatura terrestre.
Atualmente, o Brasil é o sexto maior emissor de GEE. Somos uma nação com um perfil diferente frente aos outros países da lista. Temos uma matriz energética majoritariamente renovável – uma das poucas no mundo – e um imenso potencial para explorar outras fontes verdes, como eólica, solar, etanol, hidrogênio, além de biogás e biometano.
A operação sucroenergética passa por uma transformação gradativa para a biorrefinaria. O desafio de construir um futuro mais sustentável está presente no DNA do setor, do planejamento estratégico à relação com a comunidade e demais stakeholders. Caminhar de forma consistente para uma economia de baixo carbono é uma tendência consolidada em diferentes setores. Trata-se de um esforço que vale a pena para o bem comum. Todos ganhamos.
A mudança de rota passa, obrigatoriamente, pelo investimento em energias renováveis. Na UISA, por exemplo, formamos a Uisa Geo Bio Gas&Carbon para a construção de uma unidade de biodigestão de resíduos agroindustriais. A planta, que será a primeira de biogás e biometano do estado do Mato Grosso, com investimento estimado em R$ 250 milhões, terá capacidade para produzir aproximadamente 11 milhões de Nm?/ano (Normal Metro Cúbico). Isso será utilizado parcialmente para substituição do diesel da nossa frota agrícola. O excedente será comercializado.
Outro caminho a ser desenvolvido, de um modo global, é o mercado de nutrição e de produção de derivados de etanol. Aqui, falamos de pontos fundamentais, como investimento em agricultura regenerativa e na circularidade do negócio. Para isso, a preservação é peça chave. As companhias precisam desenvolver programas que impactam positivamente a sociobiodiversidade, considerando localização e comunidades tradicionais do entorno.
Nesse contexto, as experiências de sucesso são importantes para podermos evoluir. Aprendemos juntos. O setor sucroenergético tem estabelecido estratégias de sustentabilidade, que preveem diretrizes para minimizar o risco do negócio e, principalmente, o desenvolvimento de ações da agenda de ESG, que são desmembradas em diversas metas e compromissos, como é o caso do Net Zero. Esse planejamento de neutralização de GEE é fundamental.
Todavia, deve ser realizado baseado na ciência, de modo a manter o aumento da temperatura média global entre 1,5 ºC e 2ºC, na comparação aos níveis pré-industriais, conforme o Acordo de Paris. Precisamos neutralizar sem cair no greenwashing (do inglês, "lavagem verde") que consiste no ato de divulgação falsa sobre sustentabilidade.
Há três décadas, a UISA se tornou autossuficiente em energia elétrica, gerada a partir de fonte 100% renovável: a biomassa de cana-de-açúcar. Neste ano, tivemos progressos significativos rumo à descarbonização e, depois de nos tornarmos uma das signatárias do Pacto Global da ONU, assumimos o compromisso de ser Net Zero até 2035, segundo as diretrizes do Science Based Targets – SBTi.
Enfim, temos a compreensão de que é fundamental alinhar interesses econômicos aos sustentáveis.
Um não existe sem o outro. Pelas contas da Irena – Agência Internacional de Energias Renováveis, o setor de bioenergia pode representar um quarto da oferta total de energia primária até 2050. A grande transformação que o mundo vive exige um novo olhar e novas práticas na relação com os recursos naturais e formas de produção – da cadeia produtiva ao consumidor final. Seguimos neste caminho. Ainda há muito o que fazer por um mundo mais verde. Esta é uma caminhada longa e coletiva, mas já demos os primeiros passos.