A revolução tecnológica no setor sucroenergético chegou! Nos últimos 10 anos, uma série de inovações foram implementadas e muitas outras vêm surgindo a cada dia, sempre no intuito de melhorar o desempenho técnico/operacional dos processos e, consequentemente, reduzir os custos. O marco divisório desse processo de modernização foi a introdução da mecanização das operações de colheita e plantio. Junto dessa mecanização, o aporte de tecnologias de ponta nos equipamentos agrícolas usados em cana se tornou mais frequente. Um exemplo clássico disso é a integração do GPS nas mais diversas operações agrícolas atuais.
Estamos cada vez mais próximos de conviver com tratores semiautônomos, que se comunicam em tempo real com centrais de monitoramento, localizadas a quilômetros de distância das fazendas onde estão ocorrendo as operações. Essa comunicação nos fornecerá informações, em tempo real, a respeito da performance dos sistemas mecânicos/eletrônicos dos equipamentos, além de toda a telemetria da operação. Também será possível transmitir para as maquinas, de maneira automática, as diretrizes técnicas do que deve ser feito talhão a talhão.
Essa nova realidade vem se tornando possível através do investimento em infraestrutura nas usinas, infraestrutura essa composta por torres que suportam uma sofisticada rede interna de telecomunicações e que fazem o milagre da conectividade nas nossas fazendas passar de sonho a realidade.
A modernização da área agrícola também vem promovendo melhorias significativas nos implementos agrícolas responsáveis pelos tratos no canavial. Já faz parte da nossa realidade o uso de equipamentos capazes de controlar, com alto nível de precisão, a dosagem dos insumos que aplicamos em nossas lavouras. Esses mesmos equipamentos também nos permitem lançar mão da tão almejada “agricultura de precisão”, em que o insumo é colocado somente onde há demanda por ele, sob um viés de sustentabilidade e economicidade.
Hoje, também é usual convivermos com veículos aéreos não tripulados (VANTs e drones) sobrevoando nossas lavouras, fazendo o trabalho que, por anos, foi feito por topógrafos, com um nível de precisão infinitamente superior ao que estávamos acostumados. Esses mesmos aviõezinhos monitoram a qualidade dos nossos plantios, nos mostrando onde erramos e nos dando uma ideia do quanto fomos eficazes. Além disso, esses equipamentos também nos vêm auxiliando no meticuloso processo de liberação de inimigos naturais da broca-da-cana, como a Cotesia e o Tricograma, que, por anos e anos feito de maneira artesanal, com mão de obra rurícola. Tudo isso com ganho em agilidade e qualidade.
Em termos de monitoramento do canavial, o acesso a imagens de satélites de alta resolução e numa frequência praticamente diária, vem proporcionando seu uso de maneira pratica e rotineira. Por meio dessas imagens, é possível observarmos com bom nível de precisão quaisquer anomalias (pragas, doenças, impactos de eventos climáticos extremos, etc...) que, por ventura, atinjam as lavouras.
Essa imagens, quando tratadas, geram o índice de vegetação da cultura (índice NDVI) e são frequentemente usadas como ferramenta de apoio para estimativa de produção. Também faz parte desse processo de modernização do Planejamento Agrícola o correto entendimento do clima interagindo com os solos e com a fisiologia da cultura. Sofisticados sistemas de monitoramento agrometeorológico, que concatenados a robustas bases de dados, possibilitam um entendimento mais preciso da dinâmica de crescimento da cultura da cana, possibilitando antever problemas e, assim, estabelecer um planejamento de safra mais assertivo.
Esses mesmos sistemas de monitoramento do clima também servem de base para alimentar modelos matemáticos que direcionam monitoramento de importantes pragas (broca e cigarrinha) que afetam a cultura e fazem com que as ferramentas de controle dessas pragas sejam usadas de forma mais sustentável e efetiva.
Além disso, no processo de planejamento, é cada vez mais comum o uso de ferramentas de análise de dados (Big Data), aliadas a modelagens matemáticas que buscam otimizar a influência das variáveis e, consequentemente, alcançar soluções mais eficientes. Essa modernização no âmbito agrícola não se resume somente aos avanços tecnológicos que vêm ocorrendo nas operações e nos equipamentos. Uma boa performance da área agrícola começa por um bom entendimento a respeito das regiões onde operamos e com o uso de práticas agronômicas sabidamente eficazes.
Portanto é fundamental e moderno que boas práticas de viveiro (mudas sadias), uso de meiosi, rotação de culturas e uso de variedades adequadas aos ambientes de produção que se tem, estejam no topo do ranking das prioridades das equipes agrícolas.
Além disso, não podemos nos esquecer do quão atual e moderno continua sendo todo conhecimento desenvolvido por grandes mestres do setor, como Demattê, Novareti, Vitti e tantos outros.
A aplicação desse conhecimento, fundamentado em pesquisa cientifica de alta qualidade, ainda é, nos dias de hoje, a principal alavanca para melhorarmos nosso resultado em termos produtividade agrícola. Cabe a nós, técnicos do setor, ser eficientes em conectar todo conhecimento já existente com as novas tecnologias que vêm surgindo.