O cenário da agricultura atual e a perspectiva da agricultura moderna deixam bem claro que a utilização de tecnologia e inovação se apresenta como uma ferramenta competitiva para obtenção de ganhos no setor sucroenergético. Dessa forma, é fundamental a identificação e incorporação de iniciativas de novas tecnologias e inovação nos processos.
Dentro dos processos e atividades, é preciso definir quem serão as pessoas e equipes dedicadas à identificação, avaliação, validação e posicionamento de iniciativas promissoras dentro do negócio – ressaltando aqui o trabalho das linhas de pesquisas relacionada a Big Data, automação, melhoramento genético e uma evolução, de maneira geral, nos processos agrícolas, seja por novas metodologias de levantamento de pragas, fertilizantes com tecnologia embarcada e maior eficiência, novas moléculas, entre outros.
Tecnologia e mecanização: Na linha de novas tecnologias e mecanização, destacam-se as iniciativas, como imageamento aéreo via VANT para inúmeras finalidades; desenvolvimento e avaliação de protótipos de implementos agrícolas visando a melhorias na qualidade e no rendimento das operações agrícolas; utilização de imagens de satélite para geração de uma série de análises do canavial e direcionamento de levantamentos a campo; novas opções de preparo de solo, visando agregar performance agronômica e conservação de solo; melhorias nas ferramentas de taxa variável; controle de tráfego e redução de compactação por meio de melhorias nos rodados, entre outras.
Big Data e business intelligence: Outra importante linha diz respeito às áreas de Big Data e business intelligence, onde se destacam a análise e a intepretação de dados. Historicamente, as usinas possuem um grande banco de dados, que vai desde a caracterização das áreas quanto ao ambiente de produção, parâmetros climáticos, produtividade, levantamentos populacionais de pragas, análises físico-químicas de solos, relatórios de insumos até operações agrícolas, por exemplo. Com as ferramentas de Big Data, business inteligence, algoritmos e machine learning, se abre um novo leque de análises e correlações que nos dão subsídio para tomada de decisão de maneira mais assertiva. Essas ferramentas também podem ser utilizadas na interpretação de imagens aéreas em conjunto com uma nova gama de sensores disponíveis.
Ainda dentro do contexto de Big Data e business intelligence, destacam-se também as ferramentas e os modelos de predição, extremante importantes na construção de cenários.
Pesquisa e desenvolvimento: Em relação ao manejo propriamente dito do canavial, destacam-se linhas relacionadas a manejo varietal. Parcerias com instituições de melhoramento genético permitem a identificação de materiais promissores, refino do manejo e processos de multiplicação acelerada em etapas prévias, com ferramentas de cultura de tecidos ou processos automatizados de produção de MPBs (mudas pré-brotadas). Outro importante fator é a inovação no controle de pragas, doenças e plantas daninhas, nutrição e fitotecnia em geral, em que se faz preciso acompanhar novas moléculas e manejos.
É importante frisar a questão da viabilidade em um contexto técnico econômico. É necessário capturar o potencial de ganho de ferramentas e manejos dentro de um cenário de retorno econômico, em que elas devem se viabilizar em uma condição de associação e incorporação às atividades e processos que já estão em uso.
Integração de novas tecnologias: Outro ponto relevante, ainda no contexto de inovação e adição de novas ferramentas ao portfólio de iniciativas, é o conceito de fatores limitantes. Isso significa que uma iniciativa apresente um potencial de ganho em produtividade, sua utilização não permite abrir mão de outras premissas. Por exemplo: dentro de uma circunstância de controle de pragas mal realizado ou de pisoteio de soqueiras, esses fatores irão comprometer o ganho de qualquer nova iniciativa.
Ou seja, novas tecnologias e inovação vêm agregar à produtividade, mas não isentam da necessidade de se trabalhar dentro das premissas de qualidade e com todo o capricho e atenção aos canaviais. Outra frente que merece atenção é a caracterização da maturidade da proposta. Uma vez que, atualmente, o número de possibilidades é infinito, é necessário caracterizar essas possibilidades tendo em vista o quão realizável elas são. Nenhuma iniciativa deve ser descartada dentro do processo de avaliação, entretanto é necessário o entendimento visando a um melhor direcionamento dos esforços e a uma melhor compreensão, tendo em vista a curva de aprendizado e adesão, buscando ser os mais realistas possíveis quanto às expectativas.
Inovação e pessoas: Por fim, além do comprometimento e da confiança em relação à tecnologia e à inovação, é fundamental colocar o papel das pessoas de uma maneira mais ampla, além das que estão diretamente envolvidas na inovação. Além da avaliação, validação e incorporação de novas ferramentas, que já citamos como muito importantes, é necessária a busca do desenvolvimento da equipe como um todo, por meio de orientação e capacitação, uma vez que um time operacional capacitado, engajado e comprometido é o principal fator de sucesso relacionado à captura do potencial de qualquer nova tecnologia e inovação.
A inovação vem quando existe maturidade e entendimento quanto à tecnologia, seja na melhoria de processos atuais, seja em linhas disruptivas, onde não há precedentes. Isso só ocorre, no entanto, quando a empresa já possui o valor de inovação incorporado em sua essência e em suas pessoas.