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Marconi Perillo

Governador do Estado de Goiás

Op-AA-43

O mundo precisa de combustíveis melhores

A expansão populacional e de bens que o nosso mundo vive está exigindo alternativas em todos os campos sociais e econômicos, com a inserção de novas tecnologias, para que possamos continuar tendo um nível de vida razoável neste planeta. Em função disso, quaisquer mudanças nas condições normais de clima e meio ambiente provocam alterações consideráveis na vida das pessoas.

Essas variáveis passaram a fazer parte do debate, da economia e das preocupações educacionais a partir da década de 1960, e estamos vivenciando, hoje, o auge dessas transformações, que exigem de todos nós uma acurada atenção e uma denodada atuação, especialmente na expansão das matrizes energéticas e no trabalho paralelo de preservação do meio ambiente.

O desejo dos países de crescer economicamente e, ainda assim, manter o ambiente preservado para as futuras gerações é algo controverso. É imprescindível muita vontade política para manter um crescimento econômico de forma tão desregrada, como ocorre atualmente, e ainda pensar em preservação. É necessária uma mudança de ideais e de mentalidades para que seja possível preservar o mundo um lugar habitável para a humanidade.

Esse é o grande argumento para priorizar as políticas de investimento nas energias renováveis. Quando assumimos o governo de Goiás pela primeira vez, em janeiro de 1999, tínhamos a visualização desse modelo de desenvolvimento e de transformações por que passava, e ainda passa, o mundo atual, onde a informatização começava a ganhar corpo, e as novas tecnologias da comunicação passaram a definir um novo conceito de comportamento.

Priorizamos construir uma Universidade (a Universidade Estadual de Goiás), aprimorar a qualidade da educação ministrada pelo estado, investir em tecnologias que facilitassem a vida do cidadão, que precisa dos serviços do governo, e também em infraestrutura, para garantir melhor qualidade de vida nas áreas de saneamento e energia e no melhoramento e expansão da nossa malha rodoviária.

Felizmente, Goiás tem se destacado, nos últimos 15 anos, como uma insinuante locomotiva do crescimento brasileiro. Até o final dos anos 1990, essa locomotiva andava em ritmo lento, ainda assim nem sempre constante. A partir dos anos 2000, ganhou velocidade e entrou nos trilhos do desenvolvimento sustentável, da era industrial, ganhando rumo e ampliando sua bagagem de conhecimentos técnicos e parceiros industriais.

Para isso, foram importantes o investimento e a busca por novas tecnologias para a produção de combustível alternativo, em especial do etanol, tendo o setor sucroalcooleiro atingido níveis consideráveis de crescimento em nosso estado. Desde o final da década de 1990, passamos a incentivar a produção do etanol e contamos também com a garra e a eficiência das iniciativas produtivas dos empresários que vislumbraram Goiás como celeiro para o desenvolvimento desse setor.

Em 15 anos, em nosso estado, houve um salto de 11 para 36 usinas, hoje em funcionamento. Goiás é o segundo estado da federação em produção de cana-da-açúcar e de etanol. O setor produtivo goiano é testemunha dos esforços do nosso governo para viabilizar investimentos que revelem ao País as inúmeras e imensas oportunidades de Goiás. Que mostrem ao Brasil as condições que vimos aperfeiçoando para modernizar o estado e diversificar as unidades produtivas.

Foi com esse intuito que investimos pesado no saneamento básico. Goiás, com seus 246 municípios, tinha 12 Estações de Tratamento de Esgoto. Hoje, conta com 82. Aumentamos em 53% a população atendida com água tratada, e, hoje, 95% da população goiana conta com esse serviço. Nos últimos 15 anos, houve um crescimento de 174% da população atendida com esgoto sanitário, fizemos 10 mil quilômetros de redes e temos 45% da população atendida com redes de esgoto.

Nesse mesmo período, nossa malha viária asfaltada cresceu em 6 mil quilômetros. Só no governo anterior, recuperamos e construímos 5 mil quilômetros de rodovias estaduais. Para resumir, nosso Produto Interno Bruto saltou de R$ 17,4 bilhões, em 1998, para R$ 144,2 bilhões, em 2014, bastante significativo e muito acima da média nacional. Nesse período, o estado experimentou um crescimento de 2000% em sua balança comercial, saindo de US$ 381 milhões para US$ 7,5 bilhões em exportação.

Na área da energia elétrica, pegamos uma Celg (Centrais Elétricas de Goiás) combalida e, após muito esforço, conseguimos negociar a maioria das ações com a Eletrobras e recuperar sua capacidade para novos investimentos. Goiás é hoje a 9ª economia do País. Fizemos uma aposta decisiva e vigorosa na política de incentivos que atraiam investimentos e que gerem energia limpa e fomentem negócios sustentáveis. Sabemos que é preciso continuar essa caminhada, amparando as ideias e as ações para melhorar as condições de produção e de participação social e econômica dos nossos empreendedores.

Com uma conta de petróleo sem liquidez e uma de energia elétrica carregada de subsídios e sobrecarregando o bom andamento fiscal do País, torna-se fundamental a necessidade de investimentos em novas matrizes energéticas, para, inclusive, aumentar nossas condições de concorrência com os mercados externos. Nos últimos anos, nossa balança comercial sofre as consequências dessa política, que tem propiciado reflexos dolorosos para a produção industrial brasileira.

Na esteira dessas consequências, torna-se imprescindível o incentivo e o investimento em novas matrizes energéticas, inclusive menos poluidoras, como os casos do etanol, da biomassa, da eólica e solar. Há algum tempo, temos prospectado, em especial na Europa e nos Estados Unidos, novos investimentos nessas áreas. É importante observar que temos uma interessante política de incentivos e benefícios fiscais para novos empreendimentos em Goiás, destacando, com especial atenção, essa área de produção de energia limpa e renovável.

Estamos engatinhando em produção de energia eólica, mas já temos bons resultados na produção do etanol, da biomassa e da solar. Goiás consegue ser um dos poucos estados em que a utilização do etanol é sempre compensadora em relação aos combustíveis fósseis para automóveis. Não temos crise interna nesse setor, a não ser aquela proveniente da política nacional, que torna sem competitividade o preço do etanol.

Mesmo assim, usamos uma política fiscal que tem contribuído para preservar o ânimo dos nossos produtores. A variação das políticas nos últimos 40 anos fez com que o setor sucroenergético se encontrasse a todo instante na via das incertezas, o que poderia provocar retrocessos de dimensão não fossem a persistência e o profissionalismo dos que lidam diretamente nessa cadeia, o que sempre exigiu esforço redobrado e sabedoria para se adaptar às diferentes conjunturas.

Percebo que são imprescindíveis, urgentes e necessários os incentivos fiscais e financeiros para as empresas que adotarem o etanol e as outras matrizes energéticas renováveis como principal combustível e desoneração para ganho de competitividade frente à gasolina e aos demais combustíveis fósseis. Importa muito ao País abraçar uma matriz energética que não pode abrir mão do critério essencial da sustentabilidade, com o Brasil tendo essa grande oportunidade de se firmar como líder global na política de combustíveis. O etanol tem sido, para os goianos essencialmente, uma âncora verde que já desenvolve uma importantíssima cadeia de negócios, produzindo biocombustíveis, estimulando pesquisas e sedimentando condições apropriadas à expansão do nosso crescimento.