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Paulo Montabone

Diretor da Fenasucro & Agrocana

AsAA24

Estratégias sustentáveis na bioenergia
O Brasil, conhecido por sua tradição na produção de açúcar e etanol, enfrenta hoje um momento crucial na sua indústria sucroenergética. Problemas como desmatamento, uso excessivo de água, poluição do solo e impactos na biodiversidade são questões que exigem atenção. Além disso, as condições de trabalho nas lavouras de cana-de-açúcar, frequentemente, levantam debates sobre a necessidade de melhorias nas práticas laborais e no respeito aos direitos humanos.
 
Para enfrentar esses desafios, várias iniciativas de sustentabilidade estão em andamento. Práticas agrícolas mais conscientes, como rotação de culturas, técnicas eficientes de irrigação e manejo integrado de pragas estão sendo adotadas com resultados positivos. A implementação de tecnologias para o monitoramento dos recursos naturais e a integração de energias renováveis nas operações são outros passos importantes na direção correta.

Nesse contexto, a bioenergia se destaca como uma solução promissora para a demanda por energia renovável. A utilização de resíduos da cana-de-açúcar, como bagaço e palha, não só reduz o desperdício, mas também gera biocombustíveis que podem substituir fontes fósseis. Atualmente, a biomassa representa uma alternativa eficiente e de baixo impacto ambiental para complementar a matriz energética do país, e posso afirmar, com clareza, que a inovação tecnológica será o futuro da cadeia produtiva sucroenergética.

Avanços nos estudos dos genomas da cana-de-açúcar, desenvolvimento de variedades mais resistentes e produtivas e o aprimoramento dos processos de fermentação são áreas com grande potencial. O investimento em energia solar e eólica pelas usinas também é um passo importante para diversificar nossa matriz energética e torná-la mais sustentável.

Neste cenário de transformação, não posso deixar de enaltecer a Fenasucro & Agrocana, que se destaca como uma propulsora de conhecimento e novas tecnologias, desempenhando um papel vital na conquista da descarbonização do setor de bioenergia. A 30ª edição da feira, realizada agosto passado, alcançou R$ 10,7 bilhões em negócios e mostrou, mais uma vez, ser uma vitrine de inovações tecnológicas e uma plataforma para troca de conhecimentos para profissionais do setor. O público, inclusive, aumentou 6% em relação ao ano passado, com destaque para a alta na qualificação, com 67% deles indicando poder de decisão de compra.

Já o volume movimentado - que superou em cerca de 30% a edição de 2023, segundo levantamento realizado pelo CEISE Br junto aos expositores – demonstra que as organizações estão preocupadas e comprometidas com a descarbonização e o aprimoramento do sistema bioenergético, procurando adotar estratégias e equipamentos inovadores e sustentáveis.
 
Assim, por meio da Fenasucro & Agrocana, conhecida como a Feira Mundial da Bioenergia, é possível acessar soluções de ponta que ajudam a indústria a avançar rumo à sustentabilidade, promovendo a adoção de práticas que reduzem as emissões de carbono e aumentam a eficiência energética.

Cada vez mais é essencial que a indústria sucroenergética se comprometa com práticas que assegurem um futuro sustentável. Isso inclui promover a educação ambiental, apoiar comunidades locais e garantir transparência nas práticas para consolidar a confiança do consumidor e alcançar um desenvolvimento equilibrado.

A descarbonização do setor também é mais um passo essencial para o equilíbrio, assim como o aproveitamento da biomassa residual para gerar energia elétrica e térmica. Soma-se ainda a pesquisa e a transformação de subprodutos em bioprodutos valiosos, a exploração de biocombustíveis de segunda e terceira gerações e o uso de tecnologias digitais e automação, considerados fundamentais para otimizar os processos produtivos.

Por fim, destacamos os "Combustíveis do Futuro", uma iniciativa governamental que visa atender e estimular a sustentabilidade na cadeia produtiva a partir do diesel verde, combustível sustentável para aviação (SAF) e biometano, além de aumentar a mistura de etanol à gasolina e de biodiesel ao diesel. Vale frisar que a combinação de tecnologias, práticas sustentáveis e políticas públicas pode posicionar a indústria bioenergética na vanguarda de um futuro mais sustentável e de baixo carbono, garantindo que a produção de açúcar e etanol também contribua significativamente para a preservação dos nossos recursos naturais, assegurando um legado saudável para as próximas gerações.