Para as empresas, adaptar-se a esse novo cenário exige planejamento, investimento em inovação e modelos de governança que incorporem risco climático em suas estratégias. Organizações que antecipam cenários de escassez hídrica, transição energética e impactos sobre cadeias produtivas estão construindo vantagem competitiva de longo prazo e os maiores pilares da sustentabilidade agrícola são a ciência e a inovação.
Os programas de melhoramento genético da cana-de-açúcar, liderados por organizações como o CTC, IAC e a Ridesa, desempenham um papel fundamental na inovação do setor sucroenergético brasileiro. Esses centros são motores de inovação, responsáveis pelo desenvolvimento de novas variedades que apresentam maior produtividade e sanidade, maior tolerância ao estresse hídrico e resiliência superior frente às mudanças climáticas.
Como exemplo dessa inovação, posso falar com propriedade do nosso programa, que já utiliza ferramentas de melhoramento de precisão apoiadas por Inteligência Artificial, acelerando a identificação e seleção de genótipos superiores, consolidando ganhos de eficiência e sustentabilidade para toda a cadeia.
Apesar dos avanços científicos e tecnológicos promovidos pelo melhoramento genético, a adoção de variedades modernas no campo ainda ocorre de forma lenta. O cenário dos censos dos anos 2000 e 2005 demonstra que apenas 10 variedades dominavam mais de 90% das áreas cultivadas. Já entre 2020 e 2024, observou-se uma evolução no cenário, com o aumento para 23 variedades predominantes; porém, a maior parte dessas variedades ainda corresponde a lançamentos das décadas de 1980, 1990 e 2000.
A limitada adoção demonstra que, embora haja disponibilidade de materiais superiores, a transição para um portfólio mais diversificado e moderno de variedades ainda enfrenta obstáculos, como fatores agronômicos, econômicos e culturais dentro do setor produtivo.
A adoção de genéticas modernas, integrando biotecnologia, é essencial para garantir eficiência produtiva diante dos desafios climáticos crescentes. Além de proporcionar variedades mais resistentes e produtivas, capazes de suportar condições ambientais adversas e manter elevados índices de ganho genético, essas tecnologias trazem benefícios diretos ao manejo agrícola.
Além da adoção de genéticas avançadas, a diversificação das variedades cultivadas consolida-se como uma estratégia crítica para a competitividade do setor. A seleção de materiais adaptados às condições ambientais e às práticas de manejo específicas de cada região produtora fortalece a resiliência e assegura respostas mais eficientes às particularidades locais. Com a evolução das ferramentas e tecnologias, essa abordagem tende a se tornar cada vez mais customizada, posicionando o setor para enfrentar desafios crescentes e capturar oportunidades de forma sustentável.