Governador do Estado do Mato Grosso
Op-AA-39
Uma série de intervenções no setor de transportes de Mato Grosso vem favorecendo a logística em torno do etanol. O resultado é uma revolução nos caminhos do estado. Em primeiro lugar, o desenvolvimento logístico pega carona nas ações do MT Integrado, Sustentável e Competitivo, um programa em andamento que irá tirar, literalmente, o estado da poeira e da lama. Esse programa tem como objetivo interligar todos os municípios, com pelo menos uma estrada pavimentada. Ele depende da execução de 2.500 quilômetros de asfalto, divididos em 48 trechos.
O programa, com 80% dos serviços contratados, deverá estar totalmente licitado até meados deste ano, e esperamos que, até o final do ano, esteja concluído por completo. A par disso, comemoramos, desde setembro de 2013, a chegada do trem ao município de Rondonópolis, destinado a abrigar o maior terminal ferroviário da América Latina. Ali, o quarto terminal da Ferronorte no estado, já se instalam bases da Petrobras, da Ipiranga e da Ciapetro. (Os outros são em Itiquira, Alto Araguaia e Alto Taquari). Com certeza, já é um marco incentivador para o setor sucroalcooleiro. No entanto a expectativa se expande por rodovias de boa qualidade e por outro modal, a navegação fluvial, ainda em processo de estudos, mas já reconhecida no estado como um potencial.
A duplicação dos principais eixos de escoamento do estado, BRs 163 e a 364, já em processo de execução, melhora o cenário atual. E, paralelamente, outro ramal ferroviário já está sendo desenhado e em fase de lançamento de edital. Anunciada recentemente, a Ferrovia de Integração Nacional irá ligar Lucas do Rio Verde, no norte de Mato Grosso, a Campinorte, em Goiás, onde se integrará à Ferrovia Norte-Sul. A obra foi definida como prioritária pela presidente Dilma Rousseff, no lançamento da safra 2013/2014.
Mato Grosso também discute a construção de hidrovias, aproveitando os caminhos naturais para uma ligação ao porto. O que é certo é que o processo logístico de Mato Grosso, pela localização geográfica e pelas dimensões continentais do Estado, não é simples. Com um crescimento ano a ano de sua produção de grãos, o tema se torna complexo numa expectativa de agregação de valores. Isso acontece principalmente com o milho, produto secundário nesse processo.
Ele, a cada dia, apresenta melhores resultados de produtividade. Vai ampliar os números da safra e exigir um destino que o encaminhe para a industrialização como forma de agregação de valores dentro do estado. Já se está viabilizando sua produção como segunda cultura. Só falta ampliar a competitividade no mercado.
Mato Grosso, num cenário de crescimento de produção, está destinado a quintuplicar, a médio e a longo prazo, sua produção de álcool. No entanto o produtor ligado ao setor sucroalcooleiro espera pelo etanolduto, obra que vem se desenvolvendo por caminhos políticos do PAC 2 e, atualmente, liga Paulínia a Ribeirão Preto. Sua complementação tem o destino de Uberaba, Jataí e deverá chegar a Alto Taquari, no extremo mato-grossense, ainda nesta década, para resolver os gargalos de logística, que inibe, de certa forma, o crescimento da produção no estado.
Nos últimos cinco anos, os números apontam crescimento da produção mato-grossense de álcool. Aumentou em torno de 20%, passando de um total de 825.914 m3 para 1.066.447 m3 na safra atual. É um crescimento que está longe do potencial. Mas a expectativa é grande. O álcool produzido nas dez usinas do estado ainda usa como matéria-prima a cana-de-açúcar. Com a abundância do milho, isso começa a mudar. Apenas neste ano, a Secretaria de Indústria e Comércio homologou a construção de duas usinas de etanol de milho. E há uma perspectiva de crescimento desse processo.
As boas estradas e as ferrovias poderão, num primeiro momento, desafogar o escoamento, mas não bastarão para o incremento da produção. É o etanolduto que poderá dar competitividade ao álcool mato-grossense perante os estados mais ao sul, reduzindo o custo de transporte em 70%. Mato Grosso, que usa 240 mil hectares para a sua produção de álcool da cana-de-açúcar, conta com mais 1,2 milhão de hectares de área degradada de pastagens, que poderá ser incorporada à produção. O plantio de milho nessas áreas destinado à produção do etanol poderá resolver a questão do zoneamento da cana-de-açúcar, restrito a áreas amazônicas e pantaneiras.
Acreditamos que o cenário poderá favorecer a ampliação das usinas, principalmente com o uso do milho, que não tem restrições de plantio para a extração do etanol. A agregação de área degradada para a produção de álcool também irá, acreditamos que gradativamente, resolver o grande impasse da produção. Para viabilizar o etanolduto, Mato Grosso precisa apresentar números que cheguem aos 4 bilhões m3, menos do que o potencial estimado de crescimento do setor para os próximos anos.
Com esse volume de produção, o estado terá inclusive maior poder de pressão para a celeridade da construção do duto que, ao chegar a Alto Taquari, será, com certeza, o maior incentivador da implantação de usinas, principalmente as que usarão o milho como matéria-prima.