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Tirso Meirelles

Presidente da FAESP - Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo

OpAA82

O agronegócio eficiente e sustentável de São Paulo
O crescimento das exportações do agronegócio paulista é um reflexo do papel essencial que o estado de São Paulo desempenha na economia brasileira.  O estado, com sua infraestrutura robusta, variedade de cultivos e capacidade de inovação, representa uma das maiores potências agropecuárias do país. 
 
Em 2023, o agronegócio paulista contribuiu significativamente para a balança comercial brasileira, com uma pauta de exportações diversificada que inclui produtos como café, suco de laranja, carnes e etanol, além de uma gama crescente de produtos de valor agregado. De janeiro a setembro deste ano, o setor alcançou a liderança das exportações nacionais, respondendo por 18% do total.

Para manter e expandir essa competitividade, o agronegócio paulista está cada vez mais voltado para a sustentabilidade. Em um cenário global onde a consciência ambiental é crescente, as práticas sustentáveis no campo se tornaram um pré-requisito para acessar mercados exigentes, como o europeu. Reduzir a emissão de gases de efeito estufa, conservar os recursos naturais e promover o uso racional da água e do solo são práticas que agregam valor aos produtos paulistas, permitindo ao estado alinhar-se às expectativas do consumidor internacional.
 
Neste contexto, a pesquisa em novos combustíveis tem um papel fundamental. São Paulo é o maior produtor de etanol do Brasil, combustível renovável que vem se consolidando como uma alternativa importante para a matriz energética do país. 

A busca por biocombustíveis de segunda geração, produzidos a partir de resíduos agrícolas, e que ganhou um novo impulso com a recém-sancionada Lei do Combustível do Futuro, é um dos campos de pesquisa que São Paulo tem explorado com destaque. Esses combustíveis, além de aumentarem a eficiência energética do setor, permitem o aproveitamento de subprodutos do agro, promovendo uma economia circular e reduzindo o desperdício.

Outro aspecto importante é o investimento em tecnologias de ponta e inovação. Instituições como a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) têm contribuído com pesquisas para o desenvolvimento de cultivares mais resistentes, práticas agrícolas que aumentem a produtividade e técnicas para a produção de biocombustíveis mais eficientes. Essas pesquisas têm sido vitais para garantir a competitividade do setor no longo prazo, reforçando a posição de São Paulo como um polo de inovação agropecuária.

Vale lembrar que, por conta do trabalho primoroso realizado pela Embrapa, conseguimos dominar o cultivo nos trópicos, ampliando a produção sem aumentar a área cultivada de forma expressiva. Por conta das pesquisas desenvolvidas pelo órgão, conseguimos obter até três safras ao ano. 

Além disso, o estado tem implementado políticas públicas e incentivos para promover práticas sustentáveis e o uso de novas tecnologias. Programas de financiamento voltados para práticas de baixo impacto ambiental, como o uso de biodefensivos e técnicas de plantio direto, têm-se tornado cada vez mais acessíveis. Esses incentivos são fundamentais para garantir que produtores de todos os portes possam adotar práticas sustentáveis sem comprometer a viabilidade econômica de suas operações.

O compromisso com a sustentabilidade e a pesquisa em combustíveis renováveis também fortalece a imagem de São Paulo como um estado comprometido com o desenvolvimento responsável. Em um cenário de aquecimento global e mudanças climáticas, adotar uma postura pró-ativa em relação ao meio ambiente é não só uma questão de mercado, mas também de responsabilidade social e ambiental. Esse compromisso aumenta a confiança dos parceiros comerciais internacionais e reforça a reputação dos produtos paulistas.

As exportações paulistas de produtos do agronegócio também refletem uma estratégia de diversificação. Para um estado que há cerca de 50 anos exportava apenas café e açúcar, o novo portfólio de produtos representa bem o investimento dos produtores rurais paulistas em novos caminhos. Além dos produtos tradicionais, o estado vem se destacando no desenvolvimento de alimentos processados e bebidas de alto valor agregado, como produtos orgânicos, integrais e gourmet, que atendem à demanda de um consumidor cada vez mais consciente e exigente. Essa diversificação agrega valor ao setor e reduz a dependência de commodities, garantindo maior estabilidade de preços e menor vulnerabilidade às oscilações do mercado global.

A adoção de novas tecnologias no campo tem sido crucial para aumentar a produtividade e reduzir os custos de produção. Sistemas de irrigação de alta eficiência, sensores de monitoramento e drones para análise de solo e plantio são exemplos de inovações que têm contribuído para o desenvolvimento do setor agropecuário paulista. Essas ferramentas não só aumentam a produção, mas também permitem uma gestão mais precisa dos recursos naturais, promovendo a sustentabilidade e o uso consciente do solo e da água. 

Para o futuro, o estado ganhará ainda mais importância com os centros de excelência e pesquisa que estão em construção pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo – Faesp e pelo Senar. O centro voltado à excelência da cana-de-açúcar, em Ribeirão Preto, o maior centro produtor de etanol do país, será vital para o estudo e desenvolvimento de novos biocombustíveis que irão garantir uma matriz cada vez mais renovável, como o hidrogênio verde e o Combustível Sustentável de Aviação (SAF, no inglês) para utilização em aviação e navios. Já o Centro de Formação Rural, em São Roque, terá como foco a aproximação dos pequenos produtores das novas tecnologias para o campo, com o fomento a startups que poderão levar o setor agropecuário a um novo patamar. Por fim, o Centro Nacional de Irrigação, anunciado este ano, a ser construído no sudoeste paulista, quer baratear a técnica e garantir que ela seja acessível a todos, uma vez que hoje os custos iniciais são altos e muitos produtores não possuem recursos para tal investimento.

A colaboração entre universidades, centros de pesquisa e empresas do setor pode acelerar a criação de tecnologias e práticas inovadoras, alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Esse tipo de colaboração pode gerar avanços importantes, como o desenvolvimento de biofertilizantes, redução do uso de defensivos agrícolas e o melhoramento genético de plantas para resistirem às mudanças climáticas. O desenvolvimento de startups fortalece o trabalho no interior e incentiva a criação de um corredor tecnológico entre São José dos Campos, Campinas, Piracicaba, São Carlos e Ribeirão Preto.
 
O potencial do agronegócio paulista, sustentado pela pesquisa e inovação, é de beneficiar não só a economia local, mas também o setor agropecuário brasileiro como um todo. Como um dos maiores estados produtores do país, São Paulo possui uma responsabilidade e um papel estratégico na expansão do mercado agropecuário brasileiro. Inovações desenvolvidas e testadas no estado têm potencial de impacto em todo o país, tornando a produção agropecuária nacional mais eficiente, competitiva e sustentável. 
 
O crescimento das exportações do agro paulista é resultado de um esforço conjunto entre sustentabilidade, pesquisa e inovação. Esses fatores têm elevado o padrão do agronegócio paulista e o inserido em um mercado global cada vez mais competitivo. Dessa forma, o agronegócio paulista pode não só atender à demanda atual, mas também liderar o setor brasileiro em um futuro de sustentabilidade e inovação.