O setor sucroenergético está em desenvolvimento constante. Nos últimos anos, uma área do segmento tem ganhado destaque pela sua atuação e importância: a sustentabilidade. Tenho 12 anos de atuação na área, dentro do segundo maior produtor de açúcar do mundo. Nesse período, noto uma grande evolução.
E, para o futuro, um mundo de oportunidades que já precisam ser abraçadas agora. Nesse período, muitas empresas tinham as áreas de meio ambiente e sustentabilidade com o intuito de seguir as obrigações da legislação. Não enxergavam o potencial e a alavanca que são para uma companhia, principalmente as do agronegócio.
Hoje, o Environmental, Social and Governance (ESG – sigla em inglês para melhores práticas ambientais, sociais e de governança) é um plano diretor mandatório que deve estar bem definido e fazer parte do DNA da empresa. Se não fizer, essa empresa não sobreviverá no futuro. E não pense que a ESG é uma métrica atual. Há 10 anos, esse tema já é abordado, mas ultimamente tem se tornado mais relevante.
Com a ESG, a sustentabilidade evoluiu de uma área de obrigação por lei para uma oportunidade de mercado, já que investidores consideram as práticas ambientais, sociais e de governança nos processos de tomada de decisões. Isso significa que o mercado deseja que a sustentabilidade faça parte da estratégia, para que se tenha acesso a recursos mais baratos, para captar melhores oportunidades dos credores e, até mesmo, vender um produto.
As empresas sucroenergéticas já são consideradas verdes, mas precisam ter uma política de ESG robusta, pois o mercado está regulando um preço ao produto, e a prática agrega valor. Está surgindo uma nova tendência no sistema econômico atual vigente,
na qual a visão e a estratégia de ESG são parte integrante do modelo de negócios.
Temos um segmento da sociedade cada vez mais exigente em relação à rastreabilidade da produção. Muitos consumidores estão preocupados com a origem dos produtos e sua qualidade e com o meio ambiente. A pandemia da Covid-19 também evidenciou as vantagens dos combustíveis renováveis, já que existe a ligação entre índices altos de poluição e aumento de doenças respiratórias, enfatizando a necessidade de se buscarem soluções sustentáveis e menos poluidoras.
Redução de emissões é chave para o futuro das empresas: As empresas que não se alinharem à redução de emissões dos GEEs ficarão fora do mercado. A indústria sucroenergética é a principal responsável pela diminuição das emissões na matriz energética brasileira, já que o etanol é um combustível renovável que emite até 90% menos CO2 em seu ciclo de vida completo, quando comparado à gasolina.
Nesse sentido, há ferramentas no mercado que mensuram a quantidade de GEEs (Gases de Efeito Estufa) emitidos ou a melhor nota de eficiência do nosso produto. Entre elas, estão: a RenovaCalc, calculadora do RenovaBio, que considera as emissões de GEEs; o CARB, certificação exigida para exportar etanol aos EUA; e o Bonsucro.
Ou seja, se torna estratégica uma gestão robusta de GEE para que, a cada ano, possamos reduzir as emissões e, no final, tenhamos um balanço de carbono positivo. A gestão adequada das emissões é uma das premissas para as empresas que queiram se candidatar ao chamado green loan (financiamento verde).
Com ele, é possível vincular juros mais baixos em financiamentos a metas verdes, como a redução de emissões de GEEs, consumo de água, certificações, avaliação do ESG, entre outros pontos. Temos um celeiro de oportunidades a serem desenvolvidas nos próximos anos.
As empresas devem se estruturar visando à implantação de melhores práticas sustentáveis. Algumas estão dando os primeiros passos. As que saíram na frente e já têm uma estratégia bem robusta implementada conseguirão fazer uma gestão de vanguarda e, assim, aproveitar melhor essas oportunidades.