UNICA
Op-AA-02
Uma tonelada de cana tem 1,718 milhão de KCal em energia primária, distribuídas em iguais proporções no caldo, no bagaço e na palha. Um barril de petróleo tem 1,386 milhão Kcal. Isto significa que, em energia primária, uma tonelada de cana é equivalente a 1,2 barril de petróleo. Considerando que a última safra de cana foi de 350 milhões de toneladas, pode-se afirmar que o setor sucroalcooleiro gerou o equivalente a 420 milhões de barris de petróleo por ano, ou 1,17 milhão de barris de petróleo equivalentes/dia.
Como hoje a produção diária de petróleo da Petrobras é de 1,6 milhão barris, pode-se afirmar que o setor é responsável por uma produção da ordem por 73% da produção de petróleo em energia primária. Considerando a distribuição inicial de energia entre o caldo, o bagaço e a palha, cada um tem o equivalente em energia primária, a 390 mil barris de petróleo/dia.
Como 50% do caldo é utilizado para a produção de álcool, podemos afirmar que estamos produzindo, em álcool, o equivalente a 195 mil barris de petróleo/dia. Reunindo a biomassa do bagaço e da palha, temos um potencial para produzir, em energia elétrica, algo em torno de 780 mil barris de petróleo equivalentes/dia. Deste potencial energético disponibilizado pelo processo de fabricação de açúcar e álcool utilizamos apenas uma pequena fração para gerar energia de alto consumo.
Todo o resto é desperdiçado através de um processo ineficiente de queima nas caldeiras, que não gera nenhuma energia, deixando que o sistema funcione como um incinerador deste bagaço. No entanto, esta energia não nos foi dada de graça pela natureza, como uma queda d’água, uma reserva de petróleo ou o vento. Ela é produzida pelo homem a cada safra. Produzida e desperdiçada. É como se tivéssemos produzindo milho e jogando fora. Nada justifica esta visão.
A Energia contida nos Canaviais: O atual potencial de energia do canavial do Brasil é da ordem de 35 TWh/ano. O potencial de energia assegurada (AE) médio é de 3.900 MW. Considerando um fator de carga (FC) médio de 0,45, ou seja de 45%, chegamos a uma potencia nominal de 8.700 MW. O setor está gerando hoje algo em torno de 2.000 MW para auto consumo, vendendo 620 MW e no Proinfa candidataram-se projetos da ordem 950 MW.
Considerando o crescimento da demanda de açúcar para o mercado interno e externo e do o álcool para o mercado interno, nossas projeções mostram que em 2010 teremos a necessidade de uma produção da ordem de 466,3 milhões de toneladas de cana, o que representará um aumento de 120 milhões de toneladas de cana, ou seja, 34%.
Se ainda considerarmos uma exportação de 4 a 5 bilhões de litros de álcool, a necessidade de produção de cana atingirá 530 milhões de toneladas de cana. Quando atingirmos este patamar precisaremos aumentar a nossa auto produção de energia e, por conseguinte, geraremos mais energia excedente.
Uma Usina Itaipu nos Canaviais: Para avaliarmos o quão expressivo é o potencial de energia disponível nos canaviais brasileiros, basta dizer que este volume equipara-se ao que é produzido pela Usina Itaipu e para avaliarmos o que representa Itaipu para o Brasil, basta dizer que ela é responsável pelo fornecimento de 25% de toda energia consumida nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
Estamos falando de 8.700 MW de potência disponível hoje, já e, se aumentarmos a produção de cana e aplicarmos tecnologia mais atualizada, ultrapassaremos a produção de Itaipu. Esta é uma energia renovável e limpa, que produzimos a cada ano, algo significativo num mundo que se baseia em energias fósseis, nos finitos petróleo, gás e carvão.
É importante lembrar que esta Itaipu da cana dispensa a formação de megalagos como o de Itaipu, com 1.350 Km², com um tempo de implantação muito rápido, na média, 18 meses. Além disso, esta energia é disponibilizada próxima dos centros de carga. Desconheço alguma usina que não esteja ligada ao sistema de transmissão de energia, principalmente se considerarmos que 60% desta cana está no estado de São Paulo, maior consumidor de energia do país.
Sazonal, porém confiável: Esta energia é produzida sob alta previsibilidade e confiabilidade, oferecendo a mesma segurança que a produção de açúcar e álcool. Sua produção é sazonal, porém é assegurada, pode-se confiar que vai existir.
Outro aspecto importante é que ela ocorre mesmo no período de seca, em complementariedade ao sistema hidroelétrico, transformando-se em estratégica, aumentando a energia assegurada (EA) do sistema. E, finalmente, é competitiva e dispensa qualquer forma de subsídio.
A oferta de Energia nacional: A base de oferta de energia do país é formada por 10% de térmicas e 90% de hidroeletricidade. A característica da térmica é que ela tem uma oferta equilibrada o ano inteiro. Na base hidroelétrica, o fator de carga, em função do período úmido e do período seco é de 55% da potência instalada. O Brasil desenvolveu conhecimentos que permitiram maximizar a oferta de energia. Um destes mecanismos é o MRE, mecanismo de realocação de energia.
Temos um país continental com diversas bacias hidrográficas, com períodos e intensidade de precipitações diferentes, fazendo com que os reservatórios apresentem diferentes níveis de água. Assim, pode-se produzir uma quantidade maior de energia na bacia melhor servida naquele ano e poupar a que foi menos beneficiada. Este mecanismo permite uma otimização do sistema na ordem de 5%.
Apesar de se ter uma variabilidade de oferta num estudo de série histórica, esta energia não é confiável, a entressafra da energia hidroelétrica não é administrável. Quando o Brasil teve a sua crise energética, lançou um programa prioritário de térmicas a gás, o PPT. O programa não deu certo porque a energia produzida pelas térmicas, ia para o mercado competindo com a hidroenergia, mesmo nos períodos úmidos do ano, quando existe grande oferta desta energia.
O Governo engessou os preços, esquecendo-se que a curva de oferta de eletricidade é igual à de uma commodity agrícola, com safra e entre safras, que requer variações de preços para atender sua disponibilidade temporal. Isto anulou a flexibilização da produção e, por conseguinte, o sucesso do projeto. Se no planejamento energético estratégico de oferta e demanda do projeto do Proinfa, tivesse sido feito um diagnóstico mais acurado, mesmo contemplando todas as demais fontes, certamente a prioridade teria sido aproveitar os recursos disponibilizados pela biomassa. Mas isto não aconteceu.
Uma PCH é um fio d´água, e está sujeita a uma variabilidade maior ainda que uma Hidrelétrica, pois não dispõe de reservatórios, tendo um fator de carga ainda menor. Não poderemos contar com esta opção quando as hidrelétricas tiverem problemas. Sabemos que o potencial da biomassa é muito maior que 1.100 MW, que existe confiabilidade e previsibilidade e é gerada exatamente no momento da deficiência da base energética do país.
O circulo virtuoso: O aproveitamento do potencial de cogeração alavancaria o aumento da renda setorial e provocaria ganhos de competitividade para o açúcar e o álcool, o que levaria a uma expansão dos mercados, que, por sua vez, requisitaria uma expansão da produção de cana, disponibilizando mais biomassa para aumentar o sistema de cogeração.
Como impacto imediato teríamos o natural avanço do desenvolvimento tecnológico de uma já atualizada indústria nacional, iniciada pelos pioneiros com caldeira de 1,5 MW, passando para 3, depois 5 e pulando para 25, 30. chegando hoje na casa dos 50 MW. O domínio deste conhecimento pela indústria nacional somente aconteceu porque o mecanismo que levaria a ele, foi acionado.
“Sempre se falou da sazonalidade da energia da cana, mas nunca se falou da sazonalidade da energia da água. Se ambas energias são sazonais em momentos diametralmente opostos, elas passam a ser complementares.” Um outro impacto seria na agregação de renda. Pelo Consecana a matéria-prima custa 60% do valor do açúcar e do álcool. Se agregarmos 20% de renda com a cogeração, considerando que a necessidade de matéria prima permanece a mesma, reduziremos o custo para 50%.
Outro impacto seria a quebra do binômio açúcar-álcool, eliminando a tão criticável situação de manobra de produção em função do cenário de momento dos preços dos produtos. Sob esta condição, o açúcar fica de um lado na equação e o álcool e a energia do outro. Neste cenário, provocaremos um crescimento do mercado, atendendo assim uma vocação do setor para o crescimento da produção. Sempre que o mercado ofereceu chances, a produção cresceu, pois temos como vantagem a incrível capacidade da cana para a adaptação de solo e clima.
Outros impactos consideráveis são a melhoria da balança comercial, pois com a geração da bioeletricidade, aumentamos a competitividade do açúcar e álcool e a geração de novos postos de trabalho. Aliás, o quesito emprego tem no setor uma característica de grande vantagem, pois gera 3,6 milhões de empregos, dos quais 1 milhão diretos.
Comparando os benefícios, os investimentos realizados no setor sucroalcooleiro geram 6,854 mais empregos que o mesmo investimento realizado na indústria do petróleo. Cada emprego gerado no setor requer um investimento da ordem de Us$ 9.876, enquanto na indústria de porte médio em geral este valor dificilmente é menor que Us$ 80 mil.
Outro impacto importante é a interiorização do desenvolvimento. As fronteiras agrícolas vão buscar o triângulo mineiro, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso ou Goiás. Segundo a FAO, Food and Agriculture Organization of the United Nations, dos 850 milhões de hectares que compõem o Brasil, 250 milhões são de terras agricultáveis, nada menos que 29% de todo o território, algo único no mundo.
Segundo a Embrapa, com uma visão mais conservadora, desconsiderando áreas de mananciais mais sensíveis, este número estaria na casa dos 90 milhões de hectares. Considerando todas as culturas agrícolas, o Brasil ocupa atualmente 65 milhões de hectares, dos quais 5,5 milhões de hectares com cana, o que equivale a 8,5% deste total. Podemos quadruplicar o espaço dedicado à cana sem causar nenhum dano. O Brasil é uma das raras nações do mundo com este cenário. Outros impactos de fundamental importância social e econômica são os benefícios gerados pela redução de emissões de CO2 tanto pela aplicação do álcool, como pela cogeração de energia elétrica limpa, gerando um importante ativo para o país, representado pelo crédito de carbono.
Reserva de Capacidade: Considerando que o Governo brasileiro venha a compreender a importância deste projeto e coloque como prioritário o aproveitamento deste potencial de 8 mil MW de hoje - ou de 15 mil MW considerando a demanda de cana de 2010, o primeiro benefício que teremos seria a Reserva de Capacidade do sistema hidrelétrico.
Por questões de segurança, uma usina hidrelétrica, tem que manter uma quantidade da água captada e armazenada no período úmido, para ser utilizada no período de seca, quando as chuvas são escassas e numa quantidade insuficiente para suprir a demanda do sistema. Não existe nenhuma energia no Brasil que tenha melhor característica para cumprir o papel da Reserva de Capacidade do que a Biomassa.
O setor sucroalcooleiro tem condições de gerar de forma confiável no período seco, e, se dotarmos as plantas com caldeiras multicombustíveis para também queimarem óleo, gás e até mesmo álcool, poderemos, em situações de emergência, gerar energia também no período úmido. Se passarmos a considerar a energia disponibilizada pela cana como oferta regular na grade de oferta de energia do sistema nacional, equivaleria a liberar para o sistema hidrelétrico uma quantidade equivalente de água que ele nunca usou, que sempre foi mantida como estoque de segurança, ou seja, a Reserva de Capacidade.
Nada há que impeça isto, pois a geração da energia da cana é segura e confiável e não pode continuar a ser desconsiderada em função da sazonalidade porque a formação do estoque de água também é sazonal e exatamente no período oposto. Se temos uma Usina Itaipu nos canaviais e podemos contar com esta energia para ser gerada no período seco, liberar o estoque de água reservada para este fim significa o mesmo que construir uma nova Itaipu para ser utilizada nos períodos úmidos. Melhor ainda: esta potência na verdade será distribuída entre todas as demais usinas que compõem o sistema elétrico brasileiro.
Sistema de Transmissão: Além de criar um novo nível de Energia Assegurada no país, este estudo tem ainda uma vantagem muito significativa. Se a alternativa para aumentar a oferta de energia do país fosse construir hidroelétricas em regiões remotas do país, como na Amazônia, por exemplo, teríamos que fazer um investimento muito alto em um sistema de transmissão para trazer esta energia para o Sudeste, com uma perda considerável no caminho.
O dinheiro que seria dedicado a esta rede de transmissão poderia ser aplicado na interligação da rede nacional. Lição de 2001: Do Rio Paranapanema para baixo havia sobra de energia e para cima, racionamento. Se tivéssemos uma rede de interligação melhor, teríamos aproveitado a oferta do Sul e minimizado os problemas do Sudeste, mas o que assistimos foi o Sul jogar água pelas vertentes de seus lagos porque seus estoques estavam acima do necessário. Em função do aumento de segurança gerado por uma melhor interligação da rede nacional, poderíamos aumentar ainda mais o nível de Energia Assegurada.
Mecanismo do Sistema: Por ser sazonal esta energia é desvalorizada a ponto da Santa Elisa pensar em gerar o ano inteiro. Pensem comigo: Somos donos de um produto de entressafra, que em qualquer mercado, tem valor superior exatamente por ser de entressafra. A distorção desta verdade de mercado ocorre porque o sistema elétrico brasileiro não está reconhecendo o valor desta energia.
Quando o Governo libera uma concessão para a construção de uma usina hidroelétrica, determina a quantidade de energia que deve ser gerada no período úmido e no período seco, submetendo-a a uma curva de segurança, que determina o limite do uso da água no período úmido, indisponibilizando para geração uma determinada quantidade de água para garantir a geração no período seco.
Assim, por ter economizado, quando da chegada do período seco, a hidroelétrica já tem água suficiente para garantir a geração do período. Por estar suprida, neste momento a Geradora despreza a energia da biomassa e diz que ele não presta por que não é gerada o ano inteiro e a classificá-la como uma energia podre. Para que esta energia possa ser reconhecida como uma energia tão boa quanto a da água, precisamos criar uma nova curva de segurança como limite do reservatório. Como a biomassa garante com segurança a geração no período seco, a água que é reservada no período úmido para garantir a geração no período seco, pode ser liberada para gerar energia no período úmido.
O ganho financeiro real: Se a usina hidrelétrica mantiver o limite individual de curva de segurança, o que ela gerar acima disto poderá ser vendida no MAE a um preço, digamos, por volta de R$ 18,90 por MWh. Se ela pegar esta água extra, que passaria a ser reconhecida como energia assegurada, ela poderá fazer contratos de longo prazo e vendê-la na casa dos R$ 80,00. Ela passa a ser uma energia prioritária e não secundária. Quem permitiria a criação desta receita adicional seria a biomassa.
Se a Geradora reconhecer que ela ganha em função da energia da biomassa, ela vai querer que a produção desta energia seja viabilizada no país. Com este reconhecimento, o setor sucroalcooleiro passará a ser competitivo e entrará no sistema elétrico brasileiro sem programa especial, sem subsídio, desde que a Geradora dê aofornecedor da energia da biomassa um percentual de seu novo ganho.
Assim que o Governo aceitar aumentar o nível da Energia Assegurada no país, a conversa do produtor de energia de biomassa deixará de ser feita com a Distribuidora e passará a ser feita com a Geradora. O Governo vai construir uma Itaipu, em dois anos, sem gastar um centavo e sem alagar um metro quadrado de terra. O valor do ganho pela liberação desta água cativa, para geração no período úmido pode ser calculado através de modelos matemáticos específicos que demonstrarão o quanto passa a valer a MW da bioeletricidade.
Discussão do novo modelo: A oportunidade de implantação deste projeto é no momento de discussão deste modelo. Outro detalhe a considerar é que os parâmetros da Energia Assegurada do sistema elétrico vai ser revista até Outubro deste ano. Quando as autorizações para as hidrelétricas foram feitas o cenário era completamente diferente de hoje. O Rio Tietê não era navegável.
Hoje não poderemos continuar a usar sua água em um período seco quando o nível dos reservatórios impedir a navegabilidade no rio. Então, esta água deixa de existir. Na região Centro-Oeste temos reservatórios que são utilizados para a irrigação. Certamente não poderemos abrir mão da irrigação para não prejudicar a geração no período seco. Assim a energia correspondente a este estoque de água, deixa de ser assegurada.
Incertezas no crescimento Econômico: O novo modelo diz que 100% da energia tem que ser contratada para que não venhamos a viver novas crises. Como pode ser feito um planejamento com 100% da energia elétrica necessária para consumo nos próximos 10 anos num país que não se sabe como a economia vai se desenvolver no próximo ano, ainda mais baseando-se numa fonte de energia que requer 5 anos para ser disponibilizada?
Teremos sempre que estar com os investimentos na frente. Num país sem capacidade de investimento não se trabalha com situações de adivinhações. Aí a energia da biomassa entra em cena com enormes vantagens porque podem ser implantadas em períodos extremamente curtos se comparado à hidroeletricidade.
Projeção da Demanda: As projeções de demanda do mercado nacional de energia elétrica trabalham atualmente com o seguinte cenário. Partindo de uma referência em 2004 de 42.508 MW de potência instalada, se crescermos 6% ao ano, chegaremos em 2013 com uma necessidade de 72.262 ou, se crescermos 3% ao ano esta necessidade deverá ser de 58.052.
Os riscos tornam-se muito grandes quando montamos todo o alicerce sobre a hidroeletricidade, pois qualquer decisão tomada no dia de hoje só se viabilizará em 2009. E quem pode nos garantir qual o cenário que teremos naquela data. A diferença entre os percentuais de crescimento da economia, de 3 e 6%, nesta data já estará na casa de 8 mil MW. E, como alguém pode estar 100% contratado?
A forma mais segura de se trabalhar com projeções futuras é através do modelo de árvores de cenários, que permite administrar e corrigir as ações ano a ano. Isto reduz os riscos a índices muitíssimos menores. Para se enquadrar nesta condição tem que se trabalhar com fontes geradoras que tenham prazos de implantação menores. A biomassa também atende a este requisito. “Não existe uma política instalada capaz de estimular investimentos. Este cenário vai persistir enquanto a energia sazonal for considerada defeito e não qualidade.”
Atenuação dos ônus sobre os consumidores: O Proinfa prevê a criação de uma alíquota que incidirá sobre a tarifa do consumidor, com o intuito de gerar o fundo necessário para se pagar a energia deste programa.
Nesta proposta que estamos fazendo não precisamos onerar o consumidor porque parte da receita adicional que a hidrelétrica terá com a venda desta nova energia, será transferida para o setor e vai gerar o recurso que lastreará o investimento a ser realizado. Acrescente-se ainda os custos evitados com geração, transporte e distribuição. O programa proposto não onera ninguém, trata-se de uma rara proposta de ganha-ganha.
Preço da Energia da Biomassa: Segundo números do setor elétrico, a energia gerada pela hidrelétrica é a mais barata. A margem de retribuição para uma nova hidrelétrica é de R$ 100/MWh, para uma térmica com gás natural, R$ 120 e para a geração distribuída, onde se inclui a cogeração da biomassa, R$ 140.
Este valor é exagerado, não precisamos desta remuneração. Entretanto, para quem acha que o valor da energia mais barata é de R$ 100, oferecer R$ 93,77 para a energia da biomassa, é um ato sem lógica, principalmente considerando tratar-se de um programa de incentivo à produção.
Conclusão: Segundo a declaração de sua missão, a revista Opiniões apresenta como propósitos ter apenas um assunto por edição, reunir as opiniões de todos os segmentos envolvidos no assunto e dar a eles a liberdade para se expressar sob a ótica da visão de seu segmento. O objetivo da revista é fazer com que ao final da leitura de todas as opiniões nela contida, o leitor possa formar, de maneira estruturada, a sua própria opinião.
Pois esta nossa opinião expressa a visão de uma das principais entidades do setor sucroalcooleiro do país. Tenho convicção que, nesta matéria, demos o alicerce necessário para que a opinião do leitor a respeito da cogeração pela biomassa da cana seja alterada. Inconformados pela classificação que esta energia sempre teve, fomos buscar no alvo de sua maior crítica, a sazonalidade, a sua maior oportunidade.
Acreditamos que diante de todos os fatos e propostas aqui expostos estaremos aumentando o número de executivos empresariais e governamentais que passarão a defender uma mais larga exploração da biomassa da cana. Assim esta energia deixará de ser classificada com a alcunha de sub-energia e passará a receber o destaque de complementar, assumindo a responsabilidade da reserva de capacidade do setor hidrelétrico, para viabilizar e flexibilizar a sustentação do aumento do nível de energia assegurada do sistema elétrico nacional.