Vice-presidente Jurídico, de ESG, Comunicação e Marketing, Relações Institucionais e Governamentais, Auditoria da ATVOS
A cada safra, o centenário setor sucroenergético ganha um papel de cada vez mais destaque no aspecto ambiental no Brasil e no mundo. Não há dúvidas de que a redução de emissões de Gases de Efeito Estufa – GEE, e a transição de matriz energética de fontes fósseis para renováveis obrigatoriamente passarão pelo mercado de biocombustíveis. Nesse aspecto, o etanol brasileiro, seja ele à base da cana-de-açúcar ou do milho, terá um fundamental papel para liderar esse movimento em escala global.
De acordo com dados da Unica, o Brasil produziu aproximadamente 607 milhões de toneladas de cana-de-açúcar na safra 2022/2023, que foram utilizadas para a produção de 31,2 bilhões de litros de etanol. Esse volume é suficiente para movimentar, aproximadamente, 624 milhões de carros compactos com biocombustível limpo e sustentável, que emitem 90% menos dióxido de carbono do que a gasolina.
Atualmente, a Atvos é uma das maiores produtoras de etanol do Brasil e vem passando por um intenso processo de transformação em suas operações. Com investimentos da ordem de R$ 4,6 bilhões até a safra 2025/2026, sobretudo na indústria e nas frentes agrícolas, além de tecnologia e inovação, o objetivo é atingir a plena moagem de 32 milhões de toneladas de cana-de-açúcar de suas oito unidades agroindustriais instaladas nos estados de Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Dessa forma, a companhia alcançará a capacidade de produzir 2,9 bilhões de litros de etanol por safra, elevando em quase 50% a quantidade produzida nos períodos anteriores.
Mas a empresa espera ir além de seu atual portfólio para se consolidar como uma das protagonistas do mercado de biocombustíveis. Já estão em estudos projetos para iniciar a produção de biometano, a partir da palha dos canaviais e da vinhaça, um subproduto resultante da cadeia produtiva amplamente utilizado no processo de fertirrigação.
A ideia é que o biogás possa ser utilizado para abastecer a própria frota agrícola da companhia, contribuindo para substituição de combustíveis fósseis e reduzindo o impacto ambiental. Já a produção excedente poderá ser fornecida para os municípios localizados no entorno das operações.
Além disso, a Atvos também deve iniciar nas próximas safras a produção de etanol de milho, aproveitando a infraestrutura instalada já existente de suas atuais unidades industriais. Outra aposta, em um horizonte um pouco mais adiante, está no início da produção de SAF – Sustainable Aviation Fuel (Combustível Sustentável de Aviação), que se apresenta como uma das soluções mais inteligentes do mercado para substituir o querosene de aviação.
Ainda no processo de descarbonização, não podemos deixar de ressaltar o papel relevante que o programa RenovaBio desempenha no país. Desde a criação da iniciativa por parte do governo federal, em 2017, tendo entrado em vigor em dezembro de 2019, já foram emitidos mais de 100 milhões de Créditos de Descarbonização (CBIOs), o que significa que mais de 100 milhões de toneladas de gás carbônico equivalentes deixaram de ser emitidas na atmosfera.
Hoje, a Atvos já figura como uma das maiores emissoras de títulos por safra, com capacidade de gerar mais de 2 milhões de créditos a cada ciclo. Olhando a longo prazo, com a ampliação dos nossos índices de produtividade a partir da implementação de novas tecnologias na indústria e no campo, crescimento do nosso portfólio, e seguindo o nosso compromisso com a preservação do meio ambiente, não tenho dúvidas de que teremos ainda maior participação nesse importante segmento.
Percebe-se, enfim, que o processo de descarbonização do mundo e a busca por um futuro melhor para a humanidade passam diretamente pelo setor de biocombustíveis. Temos cada vez mais convicção do papel que o Brasil terá nessa jornada pela construção de um planeta mais limpo para todos. E a Atvos está mais do que preparada para ser uma das protagonistas desse movimento em escala global.