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Rogério Augusto Bremm Soares

Diretor Agrícola da BP Bunge Bioenergia

OpAA84

O papel estratégico da agricultura regenerativa para os negócios de bioenergia
Não é exagero dizer que o futuro dos negócios no campo está na agricultura regenerativa. Com o mundo enfrentando questões climáticas cada vez mais desafiadoras, a premissa de produzir tendo em vista apenas a preservação do meio ambiente já não é mais suficiente, e a regeneração emerge como um novo horizonte – tão promissor quanto necessário. 
 
Com foco na restauração dos ecossistemas naturais, essa abordagem não só atende às exigências ambientais contemporâneas, como também oferece vantagens competitivas significativas para os negócios, promovendo uma verdadeira mudança de paradigma que alia produtividade e sustentabilidade em uma estratégia inteligente capaz de gerar valor econômico, reduzir riscos e abrir novas oportunidades de mercado.
 
Na BP Bioenergy, o tema já está incorporado ao modelo de negócios desde o início de nossas operações, em 2019, quando a empresa consolidou um plano diretor focado em alavancas para aumento de produtividade baseadas em padronização de operação entre nossas 11 unidades instaladas em cinco estados.
 
Nesse sentido, foram adotadas as melhores práticas em nutrição, qualidade do plantio e a expansão do uso dos subprodutos do processamento da cana-de-açúcar nas plantações – como a vinhaça, a cinza e a torta de filtro, que são fontes de nutrientes com um teor de matéria orgânica muito significativo. A partir daí, foi realizado um amplo trabalho focado em alcançar eficiência na distribuição e racionalização desses subprodutos em toda a estrutura agrícola da companhia.  

Desde então, o assunto é tratado como uma prioridade dentro da empresa, um direcionamento que tem proporcionado inúmeros impactos positivos para os resultados dos negócios. A partir de alguns pilares estratégicos, como a adubação organomineral e a utilização de bioinsumos, frentes nas quais os investimentos já ultrapassam R$ 300 milhões, a companhia já alcançou ganhos relacionados ao aumento de produtividade nos canaviais, redução de custos envolvendo diferentes recursos, além de menor dependência de importação de insumos agrícolas, o que diminui nossa exposição à oscilação imprevisível do dólar, moeda a partir da qual esses produtos são precificados. 
 
Para citar alguns exemplos, com a redução na compra de fertilizantes químicos, proporcionada a partir das iniciativas do manejo regenerativo, alcançamos uma economia entre as safras de 2021/22 e 2024/25 . Os indicadores também são positivos, quando avaliamos o cenário de redução de custos x aumento de produtividade no mesmo período. A redução do custo de insumos dos tratos de cana soca foi de aproximadamente 35% nas últimas três safras e um aumento de produtividade da cana planta de 17%. 

Outra frente em que a empresa se debruça com grande empenho no universo da agricultura regenerativa, e que gera impactos positivos para sua posição no mercado, é a experimentação, contando inclusive com uma área corporativa para esta finalidade, criada há três anos devido a uma alta demanda de evolução técnica. A experimentação agrícola permite testar novas técnicas e métodos de manejo, promovendo a inovação e a melhoria contínua. 

Além disso, é essencial para validar tecnologias e práticas agronômicas antes de sua aplicação em larga escala, garantindo eficácia e segurança. Experimentos bem conduzidos podem identificar práticas que aumentam a produtividade e a qualidade da cana-de-açúcar, contribuindo para o desenvolvimento de métodos que minimizam impactos ambientais e promovem uma agricultura mais sustentável.

Hoje, inclusive, a experimentação é uma prática em que nos destacamos no setor, o que nos permite avançar rapidamente com embasamentos técnicos e científicos. Além disso, com esse movimento, temos a capacidade de implementar novas tecnologias de forma rápida e eficaz, o que sem dúvida é um diferencial de mercado que nos torna ainda mais competitivos, uma vez que essa abordagem não só fortalece a posição da empresa no setor, mas também contribui para o avanço da agricultura como um todo.

Sobre isso, inclusive, cabe mencionar outro aspecto importante da agricultura regenerativa, que é o círculo virtuoso gerado no mercado. Como empresa que saiu na frente em diversas iniciativas relacionadas ao tema no Brasil nos últimos anos, temos abraçado a missão de compartilhar aprendizados e tecnologias que têm gerado resultados significativos em toda a cadeia produtiva, tendo hoje diversos produtores e fornecedores de cana, parceiros da empresa, já bastante avançados nesse manejo, com produtividade alta, trabalhando com biológicos e matéria orgânica. 

É uma forma de contribuir para o desenvolvimento do nosso mercado, ao mesmo tempo em que geramos resultados para o nosso próprio negócio. Por fim, é válido reforçar a relevância particular da agricultura regenerativa para os negócios de bioenergia, como é o nosso caso, já que a adoção de práticas regenerativas colabora para sequestrar o carbono no solo, contribuindo para reduzir as emissões de CO2 geradas na produção.
 
A pegada ambiental do etanol, por exemplo, que já é considerado um biocombustível de baixo carbono, depende diretamente da forma como a matéria-prima (no nosso caso, a cana-de-açúcar) é cultivada, o que significa que, quando a operação envolve práticas mais sustentáveis, assim também será o produto que chegará ao mercado. 
 
Além disso, o manejo regenerativo melhora o perfil do etanol em programas de certificação de biocombustíveis, como o RenovaBio, no Brasil, ou o Low Carbon Fuel Standard (LCFS), na Califórnia, o que pode gerar créditos de carbono mais valiosos. Ao refletir sobre a jornada da BP Bioenergy e a integração da agricultura regenerativa, fica evidente que essa abordagem não é apenas uma tendência, mas uma necessidade estratégica. 
 
Ao adotar práticas que restauram ecossistemas e melhoram a qualidade do solo, a empresa não só fortalece sua posição no mercado de biocombustíveis, como também contribui para um futuro mais sustentável. A capacidade de gerar valor econômico, reduzir emissões de carbono e fortalecer elos na cadeia produtiva destaca a agricultura regenerativa como um pilar fundamental para o crescimento e a competitividade no setor agroindustrial. 

Ao inspirar e colaborar com parceiros e stakeholders, a BP Bioenergy não apenas garante sua prosperidade, mas também lidera um movimento transformador que poderá redefinir o futuro da agricultura no Brasil e no resto do mundo.