Temos condições de alcançar tudo o que precisamos para modificar de vez o futuro do setor sucroalcooleiro, desde que a ingerência oficial seja proativa na atividade econômica do setor. A nós cabe mostrar que somos eficazes na nossa missão de plantar, colher, produzir, abastecer os mercados interno e externo e administrar, com produtos e subprodutos de qualidade, conquistada com a tecnologia desenvolvida pelas empresas e pelos centros de pesquisa que mantemos, isoladamente ou em colaboração, com os do Estado e as universidades.
É impossível existir uma estrutura energética sem matriz definida. Saímos de um congelamento de preços administrado em Brasília, para, de julho a dezembro, mudar em 133 vezes, subindo 19,5%, ante uma inflação inferior a 3%, resultando numa política instável.
O futuro impõe estratégias. Sem elas, como um empresário pode planejar o desempenho de sua empresa se, diariamente, seu custo de produção e o preço do seu produto são ameaçados por uma ordem dada ao sabor de interesses não se sabe de quem? Assim, ele chega ao absurdo de saber só à noite quanto seu produto estará custando na manhã seguinte.
Nosso maior desafio ainda é estarmos vivos. E como sobreviver? Com produtividade e baixo custo de produção, o que se consegue com pesquisa e desenvolvimento e investimento na qualificação profissional. O congelamento de preços para segurar a inflação nos causou grandes dificuldades, porque criou uma realidade artificial.
Nossos desafios deixaram de ser a conquista de objetivos de produtividade agrícola e industrial, para se tornarem meios de sobrevivência. Sermos considerados “heróis” pelo ex-presidente Lula em nada melhorou nossa condição – foi sua sucessora e companheira política quem congelou os preços, levando mais de 50 usinas ao fim.
Inapelavelmente, os combustíveis e demais fontes de origem fóssil não chegarão ao fim da próxima década com o mesmo espaço que ocupam hoje na matriz energética. Essa é uma boa oportunidade para ser aproveitada com esse espaço com uma das energias mais sustentáveis, percorrendo um dos melhores caminhos para preservar o ambiente, desde o preparo da terra, e não como apregoam, do posto ao veículo.
Devemos traçar nós mesmos nossos próximos passos e, assim, os caminhos se alargarão numa infinidade de direções, principalmente subprodutos. Eles tornaram obsoleto o discurso da “monocultura canavieira”. Esse é outro dos nossos pontos fortes, e destacamos a energia da biomassa: em 30 anos, 17,5% da energia consumida no Brasil vem do bagaço da cana gerada nas usinas;
os derivados do etanol contidos na alcoolquímica, que compõem a outra certeza da sustentabilidade exigida e esperada. Atualmente, 70% da petroquímica já pode ser substituída pela alcoolquímica, a partir de uma matéria-prima brasileira, produzida com tecnologia 100% nacional.
Em resumo: de um pé de cana, é possível extrair muito além do etanol, açúcar e cachaça, marca registrada do Brasil. Nossa maior dificuldade é a mesma: não há uma política clara, para o nosso e para todos os setores. Nessa eterna insegurança, não se pode pensar em investimentos. É cruel, mas a solução da maior parte dos nossos problemas independe da administração das empresas. Com essas diretrizes, teremos nas mãos a sustentabilidade que o Renovabio preconiza e promete.
Sentimos que se abre uma economia de baixo carbono, demonstrando grande entendimento de que é uma política que promove o crescimento da economia, incentiva a inovação tecnológica e gera empregos e renda. Poucas formas de energia permitem essa sustentabilidade. Ele tem como principal objetivo descarbonizar o setor de transportes, em linha com os compromissos que o Brasil assumiu na Conferência do Clima, com sua política nacional de biocombustíveis.
O RenovaBio se sustenta numa política estratégica de Estado (e não de governo) para expandir a participação dos biocombustíveis na matriz energética, assegurando e regulando sua disponibilidade. É a combinação simultânea de eficiência energética e redução de emissão de gases – que se transformará em dinheiro. Daí a equilibrar os preços no mercado é a promissora e inevitável consequência.
Mais vantagens: o RenovaBio dispensa subsídios, aumento de impostos, nem acena com renúncia fiscal ao setor de biocombustíveis. Tudo deriva do respeito às metas de descarbonização e de emissão de créditos de carbono, os CBios, pelos produtores de biocombustíveis. As distribuidoras compram CBios para honrar suas metas. Em vez de restringir, esse modelo incentiva a busca de eficiência na produção e a redução de emissões.
O RenovaBio consolida a previsibilidade, a credibilidade e a diversidade da matriz energética, nos dando condições estáveis para a retomada do investimento privado e sustentado nessa área. A falta dessas garantias tira a possibilidade de planejamento e deixa o mercado sujeito às intempéries do momento, impedindo a segurança de qualquer investimento. O RenovaBio abrirá novas perspectivas para o setor sucroenergético, beneficiando quem produz e, principalmente, para quem consome e nele trabalha, com sustentabilidade.