CEO da CanaVialis e da Alellyx Applied Genomics
Op-AA-10
Assistimos, todos os dias, a notícias sobre os avanços tecnológicos que diversos países têm feito no sentido de ter uma matriz energética mais equilibrada, com uma maior participação de fontes renováveis de energia. O Brasil deu um importante passo estratégico há três décadas, quando colocou o etanol como parte importante da nossa matriz energética. Isto só foi conseguido com o desenvolvimento tecnológico de várias áreas da agricultura e da indústria.
Hoje, todo o mundo, principalmente os países ditos desenvolvidos, tem investido milhões de dólares na busca de ganho de produtividade e caminhos que viabilizem o uso de novas fontes de energia. Apesar de ser o líder mundial, o Brasil só se manterá nesta posição se ultrapassar os desafios tecnológicos que estão pela frente. A Votorantim teve a visão deste cenário futuro com antecedência e entendeu que uma nova revolução no setor de energia necessitaria do apoio de uma grande empresa de genética, focada em cana-de-açúcar.
Foi assim que nasceu a CanaVialis. Criada da convicção de que a busca por fontes de energia renovável sempre será um objetivo permanente global e que o Brasil, líder atual no custo de produção de cana-de-açúcar e álcool, pode ser também o líder mundial na utilização plena da biomassa desta cultura. Desde o início da criação da CanaVialis, foi decidido que, para conseguirmos respostas rápidas e extraordinárias, teríamos que investir pesadamente em tecnologias de ponta e direcionar toda a empresa para inovação.
Inovação e tecnologia tornaram-se, desde o primeiro momento, uma obsessão de cada um de nossos colaboradores. Soma-se a isto uma forte cultura organizacional, focada em resultado e na geração de valor, a partir de cada uma de nossas decisões. Temos hoje na CanaVialis uma série de linhas de pesquisa, com o objetivo primordial de aumentar o resultado de nossos clientes, via genética de cana-de-açúcar, seja pelo desenvolvimento de produto - novas variedades de cana-de-açúcar - seja pelo desenvolvimento de novos processos e tecnologias.
Na pesquisa por novos cultivares, nossa obsessão é desenvolver variedades precoces e médio-tardias de alto teor de açúcar e que sejam adaptadas a solos fracos e secos; variedades adaptadas ao plantio mecânico e à colheita mecânica; variedades que possam ser plantadas, de forma produtiva, nas novas fronteiras agrícolas brasileiras para a cana-de-açúcar.
No desenvolvimento de variedades precoces, temos hoje cerca de 500 clones CV, que já estão sendo testados por nossos clientes, dos quais 50 clones estão em fase experimental na Estação Experimental de Conchal-SP. O resultado da seleção de precoces deste ano mostrou que os nossos 10 melhores clones apresentam teor de Brix por área 48% melhor do que a melhor variedade atualmente plantada, todos submetidos às mesmas condições de teste de campo.
No caso das médiatadias, temos hoje mais de 2.000 clones CV que foram plantados nos últimos dois meses em nossos clientes. Os 200 melhores clones deste ano apresentaram ganho médio de 17%, em relação à melhor variedade atual. No desenvolvimento de variedades para novas fronteiras agrícolas, demos um passo importante ao iniciar um pólo tecnológico no Maranhão. Nessa Estação Experimental, levamos, este ano, 697 clones CV, e levaremos anualmente mais de 1.500 clones da segunda fase de seleção.
Para se ter uma idéia da magnitude do que estamos fazendo, esta quantidade de clones é maior do que o praticado nos programas de melhoramento genético de países produtores de cana. Estamos confiantes e motivados que isto será importante para o desenvolvimento da cultura naquela nova região e nos cerrados brasileiros.
É importante também ressaltar que mudanças significativas em como utilizamos a biomassa acontecerão a médio e longo prazo, com o domínio industrial da hidrólise enzimática da celulose. Os EUA vêm investindo maciçamente em pesquisa para dominar esta rota tecnológica e estimam tornar o custo de produção de álcool a partir do milho menor que o atual custo de produção brasileiro.
A cana-de-açúcar é a melhor planta na produção de biomassa, porém ganhos ainda maiores serão atingindos direcionando o melhoramento genético para o desenvolvimento de variedades que tenham mais biomassa total e não necessariamente mais açúcar. Mundialmente estamos vendo o início de um novo ciclo tecnológico na utilização da biomassa.
Ao redor do mundo, empresas estão investindo centenas de milhões de dólares para desenvolverem processos industriais que usem a biomassa como matéria-prima para produção de vários outros compostos. Novas tecnologias permitirão que, a partir da transformação da biomassa, seja possível a produção de uma ampla gama de produtos químicos, usados no dia-a-dia. Boa parte das usinas atuais vão se transformar em biorefinarias, no sentido mais amplo do seu termo.
Acreditando neste cenário real, a CanaVialis irá lançar em um futuro próximo a primeira Energy Cane brasileira. Energy Cane é o nome, em língua inglesa, para uma cana mais fibrosa, com mais biomassa. Estaremos preparados para ter uma “cana energética” que possa ser usada com mais eficiência para produção de biomassa, quando o processo industrial de conversão enzimática estiver dominado.
Acreditamos que teremos várias versões desta cana, com gradiente crescente de biomassa. Desta forma, os clientes poderão usar uma grande gama de variedades, de acordo com a tecnologia que ele terá disponível. Estamos prontos e trabalhando duro para contribuir com a revolução tecnológica que precisará ser feita para não só continuarmos a ser líderes mundiais em cana-de-açúcar, mas principalmente para que estejamos vários anos na frente do resto do mundo. Nossa forte crença é que coisas impossíveis podem ser feitas quando um time trabalha focado em gerar resultados sustentáveis.