Presidente executivo da Delta Sucroenergia
Op-AA-34
As necessidades atuais do setor sucroenergético já são mais do que conhecidas, e é urgente que o Governo Federal abra um canal de interlocução com o setor, através de suas instituições, para tomada de decisão que confira maior rentabilidade ao produtor de etanol e preços mais competitivos ao consumidor.
Os produtores têm investido para atender à crescente demanda por combustíveis, mas estão perdendo mercado frente à atual política de congelamento de preços da gasolina pelo governo, com redução da rentabilidade dos negócios. Política que não tem sido benéfica a ninguém.
Para o setor sucroenergético, tem se mostrado uma grande barreira para novos investimentos e ampliação da produção de etanol; para a Petrobras, tem gerado um enorme prejuízo, já que, para abastecer o aumento da demanda, tem importado gasolina a um preço bem mais alto do que vende no mercado interno. Dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP) mostram o aumento das importações de gasolina de mais de 300% de janeiro a agosto deste ano, frente ao mesmo período do ano passado.
São medidas que desestimulam a produção nacional de etanol, enquanto os produtores estão com capacidade ociosa e têm todas as condições, a curto e médio prazo, para ampliar a produção e atender ao aumento da demanda por combustível, com consequente redução das importações de gasolina.
Em todos os países, com maior ou menor grau de sucesso, os governos planejam a evolução dos sistemas energéticos e atuam para assegurar o abastecimento do mercado, além de considerar sua articulação com a promoção das atividades produtivas, geração de empregos e, de modo crescente, seu impacto sobre a qualidade ambiental local e global. É necessário, então, que o governo atente para as necessidades urgentes do setor sucroenergético, também com desonerações – a exemplo do que fez com a gasolina – do PIS/Cofins e, numa negociação com os estados, para a redução das alíquotas de ICMS sobre o combustível renovável.
As empresas têm feito sua parte, com investimentos pesados nos últimos anos, que resultaram na implantação de 100 novas unidades no País, sendo 23 em Minas Gerais, com um total atual de 40 usinas em produção no estado. O setor continuará buscando índices de eficiência e produtividade agrícola e industrial cada vez maiores, a fim de atender às necessidades do mercado. Porém é preciso uma sinalização governamental com uma política de valorização dos combustíveis renováveis e a eliminação das ações que distorcem as relações de preço no mercado nacional de combustíveis, dando maior segurança para o retorno dos investimentos.
A Delta Sucroenergia, nova marca do grupo Caeté, em Minas Gerais, como exemplo, emprega 7,3 mil trabalhadores, tem atendido ao chamado do mercado com o aumento da produção, saltando de uma moagem de cana de 4,2 milhões de toneladas, há 10 anos, para os atuais 9,3 milhões de toneladas – uma alta de 120%.
A produção de etanol passou de 67 milhões de litros da safra 2002/2003, para a produção prevista, deste ano, de 237 milhões de litros – um crescimento de quase 250%. Em função de investimentos em novas tecnologias, as unidades Delta e Volta Grande, no Triângulo Mineiro, são consideradas como uma das de maior eficiência de moagem do País.
O grupo tem procurado dedicar uma grande atenção, também, à qualificação dos trabalhadores, com investimentos, nos últimos três anos, de R$ 1,3 milhão para as mais diversas funções, com destaque para o atendimento aos ajustes ambientais e sociais, como a introdução da colheita e plantios mecanizados.
A colheita mecânica conta com um índice de 75% nas lavouras, com previsão de chegar a 90% em 2013/14 e 100% em 2014. O grupo já atinge 45% de plantio mecânico e, ainda na safra deste ano, deverá atingir 65%, como busca de otimização da mão de obra e minimização dos custos fixos.
Para aumentar a eficiência dos processos, criamos um centro de operações agrícolas integradas, como uma ferramenta de gestão para agilizar a tomada de decisão, com a exploração de softwares de monitoramento, telemetria e geoposicionamento da frota. A ideia é a de que, até a safra de 2015/2016, 100% das áreas estejam sistematizadas, 100% do plantio mecanizado e georreferenciado com piloto automático, além de 100% da frota monitorada e gerenciada, tornando a empresa mais competitiva.
Mesmo sofrendo com a crise de 2008 e com os graves problemas climáticos posteriores, assim como todo o setor sucroenergético, o grupo não cessou os investimentos. Recentemente, incorporou a unidade Conquista de Minas, também no Triângulo Mineiro. Mantém-se, ainda, como um dos líderes na venda no varejo de açúcar cristal em Minas Gerais, que representa 25% da produção total estimada, para esta safra, em torno de 3,7 milhões de sacas; além da comercialização de 176.000 MW/h da produção de bioeletricidade a partir do bagaço de cana.
Cremos que esses dados confirmam a aposta feita pela Delta Sucroenergia no setor sucroenergético e na produção de um combustível que precisa ser mais valorizado e reconhecido como alternativa para mitigar os efeitos da poluição ambiental e contribuir para um ambiente mais saudável. É importante, juntamente com as lideranças do setor, definir um planejamento para os combustíveis renováveis na matriz energética brasileira.
O setor tem feito, e se dispõe a continuar fazendo, a sua parte na busca de índices cada vez maiores de eficiência e produtividade agrícola e industrial. Porém carece de uma sinalização governamental da eliminação das ações que distorcem as relações de preço no mercado nacional de combustíveis, dando maior segurança para o retorno dos investimentos.