Diretor Comercial do Banco do Brasil
Op-AA-20
Com o lançamento dos primeiros modelos de veículos flex-fuel no Brasil, em março de 2003, o segmento sucroalcooleiro ganhou um novo impulso para o seu crescimento. Assim, com o aumento do consumo, tanto de etanol, como de açúcar, cuja demanda mundial já vinha crescendo acima da média do comércio mundial desde 2000, verificou-se um movimento de alta dos preços dessas commodities.
Naquele momento, o setor foi beneficiado com um aumento na oferta de crédito e oportunidades no mercado de capitais, em função da atuação de fundos private equity, estabilidade econômica e atingimento, pelo Brasil, do esperado investiment grade. Nesse cenário de aumento de demanda, revisão da matriz energética por parte de alguns países, com destaque para o etanol nos Estados Unidos, foram planejados muitos investimentos, favorecendo o processo de fusões e aquisições de empresas desse segmento e criando condições favoráveis à atualização de técnicas agrícolas e à implantação de unidades industriais modernas, com maior capacidade de extração de açúcar e etanol e de cogeração de energia elétrica a partir da biomassa.
A partir de meados de 2008, com o cenário agravado pela crise internacional nos mercados de crédito, o acesso às linhas de financiamento de bancos internacionais e as oportunidades de negócios, via mercado de capitais, tornaram-se menos frequentes. Atualmente, o setor demonstra baixo nível de concentração. O maior player do segmento possui apenas cerca de 10% de participação, o que demonstra haver espaço para uma nova fase de consolidação e crescimento do porte dessas empresas.
Quanto maior a consolidação, maiores as chances do segmento fortalecer-se, dado que grandes grupos tendem a ganhar escala e elevar as margens operacionais. O crescimento dos grupos sucroalcooleiros também tem favorecido a profissionalização dos principais executivos, a melhoria na governança e o aprimoramento da gestão.
Com a fusão das usinas, a entrada de empresas de capital aberto e a incorporação de ativos, os grupos passam a ser geridos como verdadeiras organizações empresariais, adotando sistemas de gestão integrados, como os ERPs. É muito comum visitarmos usinas e verificarmos a adoção de sistemas computadorizados de monitoramento de plantio mecanizados, gestão financeira e de estoques, através de ERPs, e controle de produção à distância, dentre outras inovações.
Além disso, constatamos, em empresas profissiona-lizadas, uma grande preocupação com a responsa-bilidade socioambiental, evidenciada pela adoção de medidas para melhorar as condições gerais de sustentabilidade. Com o arrefecimento da crise internacional e com a consolidação de grandes grupos e adoção de melhores práticas de governança corporativa, muitos dos grandes grupos que atualmente estão se formando poderão promover a abertura de seu capital.
A título de informação, o total de IPOs em 2007 somou R$ 55,6 bilhões, enquanto que em 2008 esse valor caiu para R$ 7,5 bilhões, justificada, em parte, pelos primeiros efeitos da crise internacional. Finalmente, acreditamos que a expansão da indústria sucroalcooleira será suportada por fatores como a disponibilidade de terras, clima favorável, o aumento da frota flex-fuel e a cogeração a partir da biomassa, como energia renovável.
O BNDES, em estudo sobre o segmento, afirma que “a agroindústria do bioetanol de cana-de-açúcar articula-se com muitos setores da economia e promove o desenvolvimento de diversas áreas, como a prestação de serviços, a indústria de equipamentos agrícolas e industriais e a logística. O suporte ao desenvolvimento científico e tecnológico é um elemento importante dessa cadeia produtiva, fundamental para assegurar a utilização da matéria-prima com baixo impacto ambiental e elevada eficiência”. Para o Banco do Brasil, o segmento sucroalcooleiro possui relevância e é de extrema importância social e econômica para o país, razão pela qual participamos ativa e diretamente de suas operações.