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Olivia Pinheiro Merlin

Gerente de Meio Ambiente da Usina Lins e Coordenadora do Comitê Ambiental da UDOP

AsAA21

A sustentabilidade desconhecida
Está cada mais vez evidente a necessidade de se promoverem mudanças na matriz energética mundial para uma matriz energética renovável e limpa.  As mudanças climáticas estão cada vez mais acentuadas, podendo afetar gravemente a agricultura, principalmente a produção de alimentos, tornando áreas produtivas em improdutivas, diminuindo, assim, a disponibilidade de alimento, o que seria muito impactante, pois, segundo a ONU (2019), a população mundial, em 2050, será superior a 9,5 bilhões de pessoas, o que exigirá uma maior oferta de alimentos ao mundo.
 
Para aqueles que ainda não acreditavam nas mudanças climáticas, o ano de 2021 deu uma pequena amostra dos impactos que elas podem causar. Presenciamos, neste ano, secas prolongadas, geadas e incêndios que trouxeram grandes prejuízos econômicos para o setor sucroenergético, bem como prejuízos sociais e ambientais para toda a sociedade.
 
Nesse contexto, o setor sucroenergético tem todos os requisitos para ser protagonista, visto a importância da sua matriz energética renovável para mitigação das mudanças climáticas, sendo uma grande oportunidade para se consagrar como um setor sustentável e indispensável para ajudar o Brasil e o mundo, a cumprir suas metas de redução de emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa), bem como melhorar a imagem do setor sucroenergético perante a sociedade. Sociedade que, na maioria das vezes, desconhece a sustentabilidade do setor sucroenergético, pois ainda associam o setor a práticas socioambientais inadequadas que ocorreram no passado. 

Nas últimas décadas, as usinas sucroenergéticas passaram a ter uma nova atitude frente aos problemas socioambientais, motivadas não somente por fortes regulamentações e pressões externas de clientes, mas também por uma maior conscientização dos empresários do setor que passaram a entender que o setor sucroenergético é extremamente dependente dos recursos naturais e dos serviços ecossistêmicos. Precisamos ter solos saudáveis para ter uma boa produtividade, precisamos de água limpa e em abundância para irrigação e processos industriais.
 
Com essa mudança de conceito, o setor passou a desenvolver e implantar tecnologias que permitiram uma melhor conservação do solo, melhor reaproveitamento dos resíduos, a redução do consumo de água e das emissões de CO2 e, ao mesmo tempo, passou a preservar a biodiversidade e conferir condições seguras e saudáveis de trabalho.

Podemos afirmar que ocorreu, no setor, uma evolução da sustentabilidade ao longo do tempo e que hoje pode ser exemplo para o mundo de como ter uma produção de energia e alimento, em equilíbrio com as vertentes econômica, social e ambiental do desenvolvimento sustentável.

Apesar de ser notório que o setor forneça contribuições nas áreas econômicas, sociais e ambientais, como geração de empregos, melhoria na qualidade de vida local, redução das emissões de GEE, a maioria da sociedade desconhece esses benefícios devido à má comunicação existente no setor. O setor sucroenergético ainda é muito conservador quando se fala em comunicação. Tanto em relação à comunicação interna, para seus colaboradores, como à comunicação externa, para todos seus stakeholders.

O que percebemos em muitas usinas é que os próprios colaboradores desconhecem as ações de sustentabilidade realizadas nas usinas onde trabalham. A comunicação interna realizada com agilidade e transparência faz com que os colaboradores se sintam valorizados e parte do negócio, fazendo com que eles sejam o maior veículo de propaganda positiva da empresa, auxiliando, dessa forma, a desmistificar a imagem negativa do setor perante a sociedade.

Já com relação à comunicação externa, é possível observar a mudança de postura das associações ligadas ao setor, que estão intensificando as ações de comunicação em nível nacional e internacional, mas observam-se poucas comunicações externas individuais das usinas. Somente as comunicações realizadas pelas associações não são suficientes para ter o alcance que se deseja, sendo as ações individuais das usinas de extrema importância para fortalecer o diálogo e o engajamento com a sociedade do seu entorno.

A comunicação tem grande influência na imagem do setor e pode despertar empatia e estabelecer uma relação de confiança com a sociedade, mas pode também ser um enorme problema se não for realizada adequadamente. Dessa forma, se faz necessária a articulação do setor para desenvolver uma estratégia conjunta de comunicação, para mostrar ao Brasil e ao mundo a sua importância, seu potencial e, principalmente, a sua sustentabilidade.