Me chame no WhatsApp Agora!

Mike Sealy

Diretor da Stolthaven Santos e da Associação Brasileira de Terminais Líquidos

Op-AA-03

A importância da logística na exportação do álcool

O conceito de logística sempre foi muito utilizado pelas forças armadas. O termo foi aplicado inicialmente como a tarefa de organizar o suprimento de armas, equipamentos e alimentos às forças armadas distantes. Ao longo da história, as guerras foram ganhas ou perdidas através do poder e da capacidade da administração da logística.

Somente num passado recente é que as organizações empresariais reconheceram o impacto vital que o gerenciamento logístico pode ter na obtenção da vantagem competitiva. O incremento da logística no Brasil teve início apenas nos anos 90, com a abertura comercial, acelerando-se a partir de 94, com a estabilização econômica, em função do Plano Real.

Dos principais elementos da logística, o transporte, a armazenagem e a movimentação de cargas destacam-se pela importância e impacto nos custos. No que se refere ao transporte, os modais ferroviário e rodoviário concentram a maior parte das cargas internas no Brasil. Entretanto, o ferroviário ainda requer maciços investimentos para viabilizar o aumento da participação, principalmente, no transporte de álcool.

A logística é fundamental no processo de exportação de álcool, que tem aumentado expressivamente, principalmente neste ano, praticamente dobrando o volume em relação ao ano passado. O maior volume é exportado pelo porto de Santos, sendo que o terminal marítimo da Stolthaven concentra a maior parte dessa carga, com 660 milhões de litros armazenados e movimentados em um ano.

A Stolthaven Santos é uma empresa pertencente a Stolt Nielsen Transportation Group, que atua no processo logístico de forma integrada, com terminal marítimo, frota de navios e container tanques. Visando se preparar para atender o crescimento da exportação, a Stolthaven está implantando um projeto para aumentar sua capacidade de armazenagem de 74, para 104 mil m3, e construindo um desvio ferroviário, que permitirá o acesso do modal ferroviário ao terminal marítimo.

Também construirá duas novas linhas de aço inoxidável, elevando para 12 o número de tubulações, com capacidade de 300 toneladas métricascada uma. Isto trará maior rapidez no escoamento da carga e reduzirá o tempo de permanência dos navios, aumentando a produtividade e viabilizando reais reduções de custos. Afora a preparação de suas instalações, também prepara a sua organização, certificando-se pela ISO-9001/2000, ISO-14001, OSHA-18001 e junto a FDA-USA.

Estas ações exigirão o inves-timento de US$ 8 milhões, em recursos próprios. Isso é acreditar no país, no setor sucroalcooleiro, no segmento de negócio em que atuamos e na tendência de todos eles. Nos primeiros quatro meses de 2004, a exportação de etanol cresceu em volume 117% em comparação ao mesmo período em 2003. Entre janeiro e abril, o Brasil exportou 501 milhões de litros de etanol, produzindo uma receita de US$ 116 milhões.

Analistas da indústria prevêem para a safra de 2004/05 (de abril de 2004 a maio de 2005), que as exportações alcancem 1,5 bilhão de litros, representando um aumento de 70%, se comparadas ao mesmo período de 2003/04. Os principais destinos do etanol brasileiro são os EUA e o Caribe, destacando-se que as importações caribenhas são, via de regra re-exportadas para os EUA.

A China e Japão também são consideradas como as duas principais áreas de potencial crescimento das exportações do álcool. Com a adesão da Rússia ao Protocolo de Kyoto e a viabilização de suas cláusulas em 55 países industrializados para o compromisso de redução de emissões, o álcool tem agora um motivo adicional para comemorar.

O Brasil vai bater este ano seu recorde histórico de exportação de álcool. Serão 2,2 bilhões de litros, um aumento de 200% sobre as exportações de 2003, conforme apontam as estatísticas da UNICA. Neste total inclui-se álcool destinado à indústria química e à indústria de bebidas. Apenas de álcool carburante, serão 900 milhões de litros ante os 170 milhões de litros em 2003.

Os Estados Unidos responderam por 55% do total, com 500 milhões de litros. O restante foi para a Índia, com 150 milhões, para a Suécia, com 100 milhões e os demais países da União Européia, com 150 milhões de litros. O interesse dos importadores também reside na logística e infra-estrutura, como o desenvolvimento das redes ferroviárias, que unirão todo o interior de São Paulo ao Porto de Santos, reduzindo drasticamente o tempo e custos, o que será seguido de investimentos fundamentais nos Portos de Itaqui-MA e Santos-SP.

Outro aspecto a considerar é o interesse nos sistemas de irrigação na produção do etanol nos estados do nordeste do Brasil. A China também investirá em tecnologia para produzir o etanol, primeiramente, no Brasil e depois em outros paises, pois, por ter falta de terras produtivas, esta será a forma de se assegurar do suprimento de suas necessidades futuras de fontes de energia limpas e renováveis.

A maioria deste etanol será usada como combustível puro ou na mistura à gasolina, inicialmente com 5% a 10%, chegando até 25%. O consumo de etanol na China durante os próximos 10 anos pode alcançar entre 10 a 12 milhões de toneladas/ano. Parece muito, mas é perfeitamente possível. As conversas destes dias giram em torno do encontro de uma solução para que o Brasil tenha um acesso seguro ao Pacífico, construindo um porto no Oeste do Pacífico ou ao Norte do Brasil, pelo Canal do Panamá indo para o Oeste. Novos e seguros tempos.