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Luiz Carlos Dalben

Presidente da Agrícola Rio Claro

OpAA86

O intenso uso da mecanização na cultura canavieira
Quando em 1892 nos EUA, John Froelich, usando de vários conhecimentos da época, tendências e tecnologias de diversos profissionais, construiu o primeiro trator movido a combustão interna, talvez não imaginasse como seria intenso o uso desta máquina em várias atividades, principalmente na agricultura. 
 
O trator é sem dúvida a base da mecanização, e sua evolução permitiu, entre outros benefícios, o aumento da produtividade e, consequentemente, uma agricultura mais eficiente e lucrativa. 

É inadmissível atualmente pensar em produzir alimentos e trabalhar no campo com qualquer lavoura sem o uso intenso de tratores, plantadoras, colheitadeiras e equipamentos agrícolas para todas as operações e etapas da lavoura. A agricultura canavieira com plena mecanização – cuja origem do termo vem do grego mekhane, que significa máquina, dispositivo ou artifício – envolve o uso intenso de máquinas desde o preparo de solo até a entrega da cana na indústria.

A intensidade na utilização da mecanização alterou positivamente a agricultura canavieira, que por décadas teve forte uso da mão de obra e foi alvo de muitas críticas por órgãos oficiais e entidades, que pouco conheciam o setor, suas dificuldades e, principalmente, a falta de equipamentos para substituição desta mão de obra nas diversas atividades produtivas.

O uso da mecanização em todas as fases da cultura canavieira visa aumentar a produtividade, os rendimentos operacionais, a qualidade dos trabalhos e da matéria-prima e o conforto dos trabalhadores. Somamos a estes itens o custo de produção, que é sem dúvida o alicerce para a sustentabilidade da atividade. 
 
Não menos importante, a constante modernização nas atuais máquinas do campo contribui para a conservação dos bens naturais, como solo e água, e para a mitigação da emissão de gases efeito estufa e outros poluentes. Na última década, com o avanço tecnológico nos equipamentos e sua plena de utilização, vimos o aumento da eficiência e da escala de produção.

O modelo que o setor sucroenergético busca atualmente é o de obter o máximo de produção por hectare, com menores custos, trabalhando as principais ações e características como: alta tecnologia nos equipamentos, uso de inteligência artificial, robotização, GPS, sensores e análises on-line entre outros. Um dos impactos positivos do uso intenso da mecanização é a redução de mão de obra, que sempre representou o maior custo na cadeia produtiva da cana-de-açúcar.

Equipamentos e operações específicas apresentam um melhor uso e aproveitamento dos insumos aplicados nas fases de plantio e tratos culturais. Plantios mais qualificados com redução de custos, otimização de mudas e menor número de horas trabalhadas de máquinas estão presentes e avançando cada vez mais.
 
O sistema colheita talvez seja uma das pérolas, que chegou para atender às muitas exigências técnicas e operacionais, apresentando atualmente colhedoras e transbordos de altíssima qualidade e com resultados amplamente positivos, quando os usuários fazem um correto planejamento da lavoura e a operação dentro das técnicas exigidas pelas máquinas, lavoura e solo.

Técnicos e gestores do setor sabem muito bem quanto custa cada equipamento e o valor do CAPEX para montar as equipes operacionais para atender às necessidades das atividades da lavoura canavieira. Buscar a melhor seleção de equipamento para cada operação de acordo com as características e logística locais é fundamental para ganhar eficiência e reduzir custos de produção. 

Com toda implantação tecnológica atual, há necessidade de qualificação da mão da obra operacional e de gestão do campo para o melhor aproveitamento das qualificações apresentadas pelo mercado. O mau uso da mecanização traz consequências desastrosas para a produção, como pisoteio, compactação dos solos, perdas de matéria-prima, desperdícios de insumos por aplicação inadequada ou regulagens incorretas, além de má formação e condução da lavoura.
 
Sem dúvida, a mecanização incorporou maiores produtividades, qualidade nos produtos, menor impacto ambiental, facilidades e conforto aos empresários e trabalhadores. No setor sucroenergético, o uso intenso da mecanização teve um salto após anos de espera por equipamentos que atendessem melhor a toda a cadeia, mas destacamos dois importantes segmentos: a colheita e plantio mecanizado. 

Atualmente, do plantio à colheita praticamente não há mais espaço para o trabalho braçal, a mão de obra passou a estar ligada à operação dos equipamentos e de maneira qualificada. Máquinas e equipamentos com mais tecnologia embarcada, maiores dimensões, buscando otimização, rendimento e redução de custos estão presentes em nosso dia a dia.

A mecanização na cana-de-açúcar representa em média 70% dos custos de produção, quando calculamos todos os itens que a envolvem. Não podemos tratar esta atividade com pouco conhecimento ou amadorismo, assim como a manutenção automotiva que está intimamente ligada às máquinas e que visa manter os equipamentos sempre em boas condições operacionais e prolongar a vida útil com custos satisfatórios. 

O planejamento da manutenção automotiva, alicerçado em análises, controles eficientes, programas de manutenção que atendam às necessidades, gestores e mecânicos qualificados e comprometidos, faz parte de sucesso ou fracasso do sistema. Sem dúvida, a mecanização em qualquer cultura traz resultados, segurança alimentar e sustentabilidade à sociedade e aos usuários diretos.

Esta placa usada como adereço representa a chegada, em 1532, de Martin Afonso de Souza nas primeiras viagens de cana-de-açúcar a São Vicente-SP, e em 2014, quando a legislação do estado de São Paulo proibiu a queima da palhada da cana e praticamente eliminou o corte manual da cana-de-açúcar. A estrela do lado esquerdo representa o nascimento, e o sol à direita uma luz que brilhou e viabilizou a mecanização da colheita mecanizada.

O FACÃO de corte manual de Cana-de-açúcar foi aposentado em 2014 e substituido pela colheita mecanizada.