Me chame no WhatsApp Agora!

Victor Leonel de Carvalho Filho

Coordenador de Manutenção Industrial da Usina São Martinho

Op-AA-37

A importância da manutenção para as operações industriais

Para entendermos a importância da manutenção para as operações industriais, precisamos entender qual é a sua missão. Como princípio, a manutenção precisa proporcionar segurança, estabilidade e confiança ao processo produtivo e ao negócio, no que diz respeito aos equipamentos e instalações que esse processo utiliza.

Modernamente, a atividade da manutenção é entendida de uma forma mais abrangente, passando a ser a atividade de Gestão de Ativos Físicos. A importância de seu papel está em garantir que esses ativos físicos (equipamentos e instalações) cumpram o que o negócio espera deles. Mais especificamente, a manutenção, entendida como Gestão de Ativos Físicos, deve prover a disponibilidade necessária à planta industrial, para que ela possa atender ao processo produtivo. Para isso, deve exercer suas atribuições durante toda a vida dos equipamentos e das instalações. Essas atribuições começam na participação nos projetos, na fase de especificação dos ativos físicos a serem adquiridos, passam pela sua fabricação e montagem e se estendem por toda a sua vida operacional, até a decisão de sua retirada de operação.

Os ativos físicos que as empresas possuem são adquiridos e colocados em uso porque queremos que eles façam alguma coisa, ou seja, queremos que eles cumpram funções. Assim, podemos detalhar a missão da manutenção um pouco mais e dizer que essa missão é: garantir a disponibilidade das funções dos ativos físicos (equipamentos e instalações), de modo a atender a um processo de produção, com confiabilidade, segurança, preservação do meio ambiente e custo adequados. Vários aspectos importantes estão contidos nessa declaração de missão:

Disponibilidade: os equipamentos e instalações precisam estar disponíveis para uso, quando o processo produtivo necessitar deles.
Funções: os equipamentos e instalações precisam fazer o que se espera deles, ou seja, precisam cumprir suas funções. Aqui, se percebe a necessidade de a manutenção participar desde o início de um projeto, contribuindo nas especificações dos ativos físicos.
Segurança das pessoas e do meio ambiente: a manutenção deve monitorar e cuidar da condição dos equipamentos e instalações, para que sua operação seja segura para as pessoas e para o meio ambiente.
Custo: todo o trabalho da manutenção deve estar dentro dos limites de custo adequados ao negócio.

Enfim, a planta industrial precisa estar disponível e ser confiável. Vale ressaltar que a missão da manutenção traz a palavra “confiabilidade”. É importante compreender o significado dessa palavra.

A confiabilidade é uma grandeza estatística. É definida como a probabilidade de um sistema desempenhar as suas funções, sem falhas, por um determinado período de tempo, dentro de um determinado contexto operacional. Portanto, se a confiabilidade é uma probabilidade, também existe a probabilidade da falha.

A falha é a perda da função, o que muitas vezes acontece em um processo gradativo. Os equipamentos e as instalações sofrem processos de falha (se desgastam, deterioram, mudam de desempenho, etc.). São processos da natureza ou decorrentes de erros humanos.

As funções podem falhar, e as falhas, é claro, têm consequências. Essas consequências podem ser na produção, na segurança, na proteção ao meio ambiente, na imagem da empresa, nos custos, etc.

O importante é que a confiabilidade, mesmo utilizada como conceito, sem o rigor estatístico, nos dá um foco para o trabalho da manutenção. Sabendo o que os nossos equipamentos e instalações precisam ser capazes de fazer (quais são as funções que devem cumprir), o grande desafio é agir contra a perda da confiabilidade. A confiabilidade passa ser uma filosofia de trabalho.

A manutenção deve procurar e aplicar os métodos e as tecnologias adequados para gerenciar os processos de falha. Deve adquirir conhecimento e controle sobre esses processos, para prevenir e minimizar as consequências das falhas.

Aqui, fica claro que o foco da manutenção não é consertar, mas é gerenciar os processos de falha. É trabalhar para dominá-los, de tal forma que se tenha sucesso na missão. Fazendo um resumo da contribuição da manutenção para as operações industriais, podemos citar:

1. Participação nos projetos: É de fundamental importância que a manutenção participe dos projetos de modificações, ampliações e de novas instalações, ajudando as equipes das áreas produtivas a preparar especificações funcionais adequadas às necessidades de operação. A manutenção deve também apoiar as áreas produtivas na contratação de especialistas externos que farão o projeto. Por fim, deve participar da aquisição, instalação e comissionamento dos novos ativos físicos.

2. Gestão dos ativos em uso (os já existentes e os decorrentes dos projetos): A manutenção deve elaborar, junto com as áreas produtivas (usuárias dos ativos), os planos de manutenção de safra e entressafra, estabelecendo as tarefas necessárias para antecipar, prevenir, detectar e, se necessário, corrigir as falhas. Deve também prever as ações de contingência para o caso de ocorrência das falhas. Os planos de manutenção devem ainda prever as ações de melhorias adequadas para os equipamentos e instalações. A manutenção também deve cuidar da conformidade dos equipamentos e instalações às normas e leis. Não apenas pela necessidade legal, mas por uma questão de segurança e confiabilidade. A manutenção deve conduzir, junto com as áreas envolvidas, as análises das falhas ocorridas com os equipamentos e instalações, investigando as causas e buscando as soluções. Cabe à manutenção, também, estabelecer o escopo e gerir os contratos de prestação de serviços terceirizados de manutenção.

3. Planejamento e controle: A manutenção deve estabelecer um sistema para planejar as tarefas de manutenção e para garantir e controlar sua execução. Deve também medir e analisar o desempenho da planta industrial, através de indicadores de manutenção. A medição do desempenho da planta e a medição do custo de manutenção são fundamentais para sabermos se estamos no caminho certo e o quanto o trabalho está contribuindo para o processo produtivo de agregar valor. Dois exemplos de indicadores de manutenção simples e úteis são: a disponibilidade e a taxa de falhas.

Na Gestão de Ativos Físicos, o projeto, fabricação, instalação, operação e manutenção inadequados levam a uma diminuição da confiabilidade e a um aumento da taxa de falhas. Essa diminuição da confiabilidade prejudica o negócio sob muitos aspectos, seja pelas interrupções da produção, seja pelos riscos reais de danos às instalações ou de graves acidentes ambientais ou com pessoas. Logo, devemos atuar de forma competente nas nossas várias atividades, tais como projetos, fabricação, instalação, operação e manutenção, para obtermos sucesso na gestão responsável dos ativos físicos. O primeiro elo da cadeia da confiabilidade somos nós mesmos.