Me chame no WhatsApp Agora!

Fabiano José Zillo

CEO da Zilor Energia e Alimentos

AsAA20

ESG: rumo à economia verde
Um conceito da moda ou uma nova forma de alocar os investimentos? O termo ESG, em inglês, Environmental, Social and Governance ou ASG – Ambiental, Social e Governança, surgiu há mais de 10 anos, no mercado financeiro, como uma série de pilares que classificam o perfil das companhias perante seus investidores e, agora, com a pandemia, estará cada vez mais inserido nos índices brasileiros de avaliação.

Além de considerar resultados, indicadores financeiros e a solidez da empresa, os investidores estão, cada vez mais, focando seus investimentos em companhias que atendam e realizem boas práticas ambientais, sociais e de governança e que contribuam para o desenvolvimento sustentável e perene dos negócios.

As melhores práticas ESG demonstram não só a solidez de uma empresa, mas também a preocupação e a atuação da companhia perante a sociedade. Atualmente, o mercado entende que uma companhia pode ser rentável e focada em sustentabilidade, um conceito que vem amadurecendo ao longo do tempo.

Entramos na era da economia verde, de gerar valor a todas as partes interessadas, por meio de empresas de propósito que ampliam impactos positivos. A agroindústria da cana-de-açúcar possui fortes atributos ambientais e sociais, que, ao longo dos anos, foram evoluindo de forma significativa, seguindo o caminho para um mundo mais sustentável.

Dentre essas práticas sustentáveis, destaca-se o contemporâneo e maior programa de combustíveis renováveis do mundo, o RenovaBio, gerando créditos de descarbonização. O etanol, que é um orgulho nacional e contribui para a qualidade do ar e da vida de milhares de pessoas, tem demonstrado ao mundo seu potencial de combustível amigo do meio ambiente.

A indústria da cana gera também energia renovável para milhões de consumidores por meio da cogeração. Mais de 95% dos resíduos gerados são reutilizados como insumos na própria cadeia (economia circular), como a vinhaça usada na fertirrigação, a torta de filtro utilizada como adubo e o bagaço da cana na geração de energia elétrica limpa. 
 
O Protocolo Agroambiental eliminou, no estado de São Paulo, a queima da palha, inseriu o compromisso da redução do consumo de água de forma substancial, além de promover a restauração de áreas de preservação permanente e fragmentos florestais. Modernas técnicas agrícolas elevam continuamente a produtividade, sem aumento da área plantada.

A evolução da governança no setor apresenta um desenvolvimento crescente reconhecido pelo mercado de capitais, assim como por investidores de dívida ou de equity, permitindo a abertura de capital de seletos grupos industriais. A presença cada vez maior de profissionais de mercado atuando no gerenciamento desses negócios, submetidos a rígidos critérios de controle e gerenciamento de riscos, demonstra um avanço importante do setor.

As operações agroindustriais estão cada vez mais conectadas às necessidades das comunidades do entorno. O modelo de gestão vitorioso que desenvolve produtores agrícolas e promove a inclusão, com geração e distribuição de renda, contribui para o crescimento sustentável da economia. As práticas do ESG podem ser uma novidade para o setor ou uma nova forma de fazer sustentabilidade.

O que não é novo é o desafio constante de uma evolução deliberada das práticas sustentáveis e socialmente responsáveis da agroindústria da cana-de-açúcar. O tema ESG será cada vez mais valorizado nos negócios que resultam em geração de valor para todos os stakeholders, nos âmbitos econômico, social e ambiental.

O mercado de investimentos está em transformação, além de ser um ambiente onde o capital deve ser investido em busca de rentabilidade; há uma nova demanda que, mais do que lucrativo, deve contribuir para o desenvolvimento da sociedade e do meio ambiente, gerando valor a todos, uma vez que os pilares não andam sozinhos.
 
O conceito de competitividade no longo prazo é uma tendência, e as companhias que não estiverem alinhadas aos critérios ESG podem ser rapidamente preteridas pela sociedade, por uma mudança no padrão de consumo, como consequência do seu impacto e posicionamento. Nesse sentido, o setor agroindustrial da cana-de-açúcar, que produz um combustível limpo e renovável, tem uma grande oportunidade e enorme responsabilidade para trilhar esse caminho.
 
As práticas ESG serão uma vantagem competitiva para todos os envolvidos, apontando para um futuro próspero de oportunidades e novos investimentos para as companhias, contribuindo para toda a sociedade, rumo à economia verde. Esse movimento exigirá que as empresas do setor busquem sempre o desenvolvimento sustentável e se preparem para estar próximas de seus stakeholders na construção de uma relação de transparência e corresponsabilidade.