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Gean Carlos Silva Matias

Diretor da Abisolo - Associação Brasileira de Nutrição Vegetal

Op-AA-48

Aumento de produtividade
Para viver num país com as dimensões geográficas como as do Brasil e conviver com a falta de infraestrutura em logística e armazenagens, pesquisa e desenvolvimento, política agrícola e regulamentações, a empresa precisa se reinventar a cada dia, lançando mão de toda nova tecnologia de que puder dispor para manter seus produtos e processos tão eficientes quanto possível, para conseguir superar todos esses desafios. 

Fertilizantes especiais: Um exemplo desse cenário está no segmento de empresas que investem no desenvolvimento de novas tecnologias (fertilizantes especiais), que criaram produtos e formas de aplicações mais eficientes, com um conceito ambiental mais adequado e melhor custo-benefício para o agricultor. Esse setor tem crescido continuamente em produção e representação: 30% dele é representado por empresas com menos de 5 anos de atividade. Cresceu 6% em 2015, superando os R$ 3,2 bilhões de faturamento do ano anterior, fruto de investimentos em pesquisas e conquista de inovações. 

 
O aumento da produtividade no campo se apoia na pesquisa de novas variedades, de inovações no manejo agrícola, em máquinas e implementos. Apesar do cenário desfavorável da nação, ainda pode ser considerada forte a mobilização de recursos em torno de pesquisas para a busca de novas tecnologias, em razão de um outro cenário, o global – na busca e na consolidação de um aumento da oferta de alimentos e de fontes renováveis de energia. O que antes era usual apenas de empresas estatais, hoje desperta interesse de empresas privadas especializadas que vislumbram, no setor do agronegócio, potencial de rentabilidade e liderança no mercado mundial.

O agronegócio brasileiro é um beneficiário direto dessa ação. As pesquisas podem realmente impactar a vida no campo e geram, em consequência, benefícios para a sociedade pela transferência de tecnologias e informações, integrando os segmentos de diferentes cadeias produtivas. Essas novas tecnologias e a pesquisa científica esbarram, na maioria das vezes, em uma questão crucial: a falta de planejamento e de políticas públicas para colocar em prática o que vem sendo desenvolvido nas universidades e nos centros de P&D.

Historicamente, é baixo o volume de investimento público do País em ciência e em tecnologia, por isso a junção de recursos privados aos aportes do setor público destinados à pesquisa de inovações de interesse do agronegócio pode ser um atalho para superar essa dificuldade. As empresas destinam parte dos seus recursos financeiros (5%) ao financiamento de pesquisas, em estrutura própria ou em parceria com universidades, por meio de dissertações de mestrado e teses de doutorado. Essas pesquisas já comprovaram que os fertilizantes especiais apresentam ótimo desempenho em várias culturas, com resultados superiores a 10% no ganho de produtividade em relação a fertilizantes minerais, muitas vezes com doses menores de nutrientes.

 
Esses resultados estão relacionados ao aumento de eficiência devido à redução dos processos de perdas dos nutrientes aplicados, principalmente pela redução da fixação do fósforo, da lixiviação do potássio e da volatilização do nitrogênio; como consequência, tem-se o aumento do aproveitamento dos nutrientes pelas plantas. Além disso, os fertilizantes especiais podem conter matéria orgânica e outros aditivos, como aminoácidos, extratos de algas, substâncias húmicas, o que não ocorre com a aplicação de fertilizantes minerais convencionais. 
 
Os fertilizantes especiais podem ser fornecidos nos estados líquido (solução e suspensão) e sólido (farelado, peletizado e granulado). Quando fornecidos em grânulos, apresentam uma menor área específica de contato com o solo, tornando a liberação do produto mais lenta e gradual, sendo uma vantagem, por preservar os nutrientes por mais tempo no produto, aumentando o seu efeito residual. Além disso, resultados de pesquisas já comprovaram que o produto nesse formato reduziu drasticamente a fixação do fósforo, devido à presença da matéria orgânica humificada e à proteção dos nutrientes. 
 
O uso agrícola de fertilizantes especiais, como fertilizantes orgânicos, organominerais, condicionadores orgânicos, micronutrientes de solo e foliares, bem como estimuladores dos processos fisiológicos (como substâncias húmicas, extratos e algas e aminoácidos), vem crescendo muito nas últimas décadas em todo o mundo e, mais recentemente, no Brasil. Os fertilizantes especiais podem ser aplicados via solo, via água de irrigação ou diretamente sobre as plantas (foliar) ou sementes. A forma e a quantidade de aplicação desses fertilizantes vão depender da cultura, de seu manejo e de seu estágio de desenvolvimento.

A maioria dos produtos disponíveis no mercado tem orientações de uso, mas recomenda-se que técnicos com experiência no uso dessas tecnologias sejam consultados antes de seu uso. Para cada cultura e condição de produção, há um momento ideal de aplicação, que dependerá do resultado que se espera. A pesquisa, nesse sentido, tem evoluído muito, e já há recomendações de épocas e doses para quase todas as culturas. O custo-benefício dos fertilizantes especiais dependerá da cultura em que se emprega a tecnologia e de qual é a fonte dessa tecnologia (substâncias húmicas, extratos de algas, aminoácidos, etc). Para as culturas de maior valor agregado (café, hortaliças e frutas), a relação custo-benefício é excelente.

Já para culturas extensivas ou commodities, como cereais e cana-de-açúcar, por exemplo, o custo-benefício é certo, desde que a recomendação agronômica seja extremamente técnica e aliada a outras operações de manejo, fundamentais à produtividade (calagem, fosfatagem, adubação, etc.). Deve-se procurar por fertilizantes especiais, de alta qualidade e que tenham um preço competitivo no mercado. Eles melhoram o desenvolvimento vegetativo e a produtividade, mas não substituem o manejo tradicional das culturas, ou seja, não fazem milagres.

 
Manejo de plantas daninhas: O manejo de plantas daninhas na cultura da cana-de-açúcar, nos sistemas de produção, está baseado na integração de medidas culturais, mecânicas, físicas e químicas. Dentre as medidas culturais, destacam-se manejo de variedades de alto perfilhamento e, consequentemente, sombreamento precoce do solo, redução de espaçamentos de plantio, condução de soqueiras para o rápido perfilhamento nas fases iniciais de desenvolvimento da cultura. Como medidas físicas, destaca-se a operação de cultivo de soqueiras e de “quebra-lombo” em cana-planta, em cujas finalidades de execução está o manejo de plantas daninhas em pós-emergência. 
 
Como medidas físicas pode ser destacada a presença de resíduos da colheita da cana-de-açúcar sem queima deixada sobre a superfície do solo, que, além de outras implicações no sistema de produção, provoca a dormência e consequente supressão da infestação de algumas espécies de plantas daninhas, através de influências físicas, químicas e biológicas da palhada. No entanto o principal método de controle das plantas daninhas empregado pelos produtores de cana-de-açúcar é o uso de herbicidas, aplicado em condições de pré-emergência ou pós-emergência inicial ou, eventualmente, em condições de pós-emergência tardia.

Os objetivos principais do controle químico de plantas daninhas é a obtenção de máxima eficácia de controle de plantas daninhas, com alta seletividade para a cultura, de forma econômica e com a minimização dos efeitos ambientais. No entanto os herbicidas atualmente em uso na cultura da cana-de-açúcar apresentam variações específicas de eficácia de controle das espécies que compõem a comunidade plantas daninhas infestantes das áreas onde são aplicados, como no grau de seletividade para a cultura em função da dose, época de aplicação, condições edáficas e climáticas e estádio fenológico e condições fisiológicas e bioquímicas da cultura e das plantas daninhas. 

 
Por outro lado, a gama de produtos disponíveis no mercado varia em suas características físico-químicas, que interagem com os aspectos climáticos, edáficos e culturais do sistema de produção. Essas interações permitem variabilidade de aplicação e usos de herbicidas, posicionando-os em diferentes nichos de aplicação na cultura, sendo que, para a correta seleção dessa estratégia, é necessário o conhecimento das interações mencionadas. Entre as medidas de manejo cultural, que objetivam tornar a cultura mais competitiva em relação às plantas daninhas, podem-se mencionar: escolha correta da variedade (perfilhamento, brotação, tempo de fechamento, suscetibilidade a herbicidas, etc.); controle de pragas e nematoides (evitar interações negativas); adubação equilibrada da cultura; espaçamentos reduzidos; entre outras.
 
O controle mecanizado inclui operações de preparo do solo, cultivos, roçadas e operações de reforma. Contudo, atualmente, o principal método de controle das plantas daninhas é o químico, através da aplicação de herbicidas, tanto na condição de pré como de pós-emergência dessas plantas. O controle químico de plantas daninhas em áreas de cana-de-açúcar é uma prática bastante difundida em todo o País. A eficácia de um herbicida depende de diversos fatores, como as características físico-químicas e a dose do herbicida, a espécie a ser controlada (características estruturais próprias), o estágio de desenvolvimento e a biologia da planta daninha, o estágio de desenvolvimento da cultura, as técnicas de aplicação, os fatores ambientais no momento e após a aplicação dos herbicidas, além das características físico-químicas do solo para os herbicidas aplicados em pré-emergência.

Esses fatores interagem constantemente, provocando diferenças nos resultados observados. Segundo alguns autores, quando um ou mais dos fatores citados não são satisfatórios, a eficácia de controle do herbicida aplicado pode ficar comprometida. Além disso, o balanço do efeito desses fatores é que irá determinar a disponibilidade do herbicida no solo e, consequentemente, sua eficácia no controle de plantas daninhas e seletividade para a cultura da cana-de-açúcar.