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Wilson Agapito

Gerente de Motomecanização da Della Coletta Bioenergia

Op-AA-36

A busca da excelência

Nos últimos anos, o objetivo dos envolvidos em motomecanização tem sido propiciar soluções para que a produção de cana seja maior, com melhor qualidade e, principalmente, com menores custos. Para que isso possa ser alcançado, alguns tópicos deverão merecer especial atenção, pois como a cana-de-açúcar é uma cultura semiperene, o início do trabalho começa na escolha da área a ser plantada, que deverá ser mecanizável, pois a substituição do homem pela máquina é um caminho sem volta.

A etapa inicial do preparo de solo é fundamental, pois se esse trabalho for mal executado ficará comprometida, a formação do canavial. Atualmente, a utilização de ferramentas e técnicas modernas tem contribuído, e muito, para que a tarefa seja bem executada em todos os seus detalhes.

Com tais recursos, consegue-se um preparo de solo de maior qualidade, e, consequentemente, a eliminação de torrões na mínima quantidade e tamanho, evitando-se bolsões de ar, subsolagens nas profundidades ideais para a cultura e distribuição de fertilizantes e corretivos nas dosagens certas e nos locais corretos, além do controle do tráfego desnecessário na área, que vão garantir uma homogeneidade das linhas de cana após o plantio, ou seja, o tch (tonelada de cana por hectare) se mantém em todo o talhão e não em “manchas”.

Na operação de plantio, o que mais chama a atenção é a evolução do aprendizado pelas usinas e pelos fornecedores de equipamentos no plantio mecanizado, com o uso de equipamentos de maior disponibilidade, com logística mais eficaz de mudas, com a evolução na preparação dos equipamentos de colheita de mudas e na sua distribuição no solo, utilizando-se sensores, câmeras de vídeo e monitores.

O plantio semimanual ou “esparrama” ainda é utilizado em maior escala – aprimorados com novas técnicas para aumentar a qualidade e o rendimento operacional. Na operação de plantio,  a principal ferramenta é a agricultura de precisão, em que o uso de piloto automático com sinal RTK e georreferenciamento estão cada vez mais difundidos.

Softwares específicos auxiliam no planejamento da área; muitas vezes, os mapas de sulcação saem direto do escritório para o piloto automático do trator, buscando-se a otimização do campo, ganhando mais área plantada, ou seja, mais linhas de sulco no mesmo espaço anterior, paralelismo de sulcação, exclusão de linhas mortas ou “morredores”, que atrapalham a colheita mecanizada, planejamento de tiros para que não sejam curtos e tampouco muito longos, evitando manobras excessivas da colhedoura e/ou pisoteios em manobras de transbordos quando completam a carga, evitando compactações desnecessárias que prejudicam diretamente a soqueira na próxima brotação.

Devemos evitar canaviais que tenham pouca longevidade, já que os custos de formação da lavoura precisam ser diluídos ao longo dos anos de corte. Para isso, a utilização das técnicas avançadas está fazendo grande diferença, como, por exemplo, a utilização do piloto automático. Após o trator de sulcação ou da plantadeira gerar o mapa de plantio, seus dados serão carregados no piloto automático da colhedoura, para que se evite o “erro de perder a linha”, e, como consequência, evitar o pisoteio das soqueiras. A colheita mecanizada é uma realidade e, se for conduzida com uma gestão eficaz, os resultados serão efetivamente satisfatórios.

Equipamentos mais ajustados e flexíveis às opções de lavoura plantada estão cada vez mais em evidência, como bitolas de tratores e transbordos, otimizadores de colheita em áreas de baixo tch (toneladas de cana por hectare) que aumentam a produção das máquinas, colhedouras ajustadas aos variados espaçamentos de plantio.

Outro fator que se busca é aumentar o tempo de aproveitamento das colhedouras, reduzindo paradas, seja por motivos mecânicos ou operacionais, utilizando-se ferramentas de gestão em que a manutenção passa a ser constante, alcançando o aumento da disponibilidade e a redução de custos na entressafra. O que volto a enfatizar é que ainda não existe colhedoura que seja capaz de corrigir um solo mal preparado e um plantio que não tenha passado por operação de quebra lombo, impossibilitando, assim, a redução de impurezas minerais e perdas na colheita.

No transporte da cana colhida, seja mecânica ou manualmente, também se buscam excelências para que os resultados de custos sejam melhores. Aqui, cabe a utilização de ferramentas como computadores de bordo com transmissão de dados via GPRS, de onde operadores logísticos monitoram a utilização dos recursos, otimizando a frota de maneira que a eficiência operacional seja grande e erros menores.

Para conseguirmos que as áreas sejam produtivas e as operações sejam eficientes, com custos controlados, de nada adianta investir em modernas tecnologias, se quem vai operá-las não for capacitado. Portanto é essencial o investimento em treinamento do corpo gerencial e operacional, envolvendo operadores do sistema, motoristas e mecânicos – com atenção para operações como regulagem de implemento na operação de preparo de solo, manejo correto da muda no plantio, uma regulagem do cortador de base da colhedora, a utilização do caminhão que transporta cana, etc.

No nível gerencial, o treinamento principal está voltado  à gestão de pessoas e processos, pois, para “produzir mais, melhor e com menores custos”, o capital humano ainda é nossa melhor ferramenta.