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Paulo Montabone

Diretor da Fenasucro e Agrocana - Reed Exhibitions

Op-AA-64

O desafio é enorme, mas a nossa vontade é ainda maior
Podemos dizer que o Brasil começou a se tornar uma nação de verdade após o advento do cultivo da cana-de-açúcar... Palavras de um apaixonado pelo setor? Talvez...Mas não podemos fugir do fato de que essa cultura trouxe ao nosso País oportunidades para romper barreiras, aumentar divisas e atrair investimentos, além de ter mudado a forma de enxergarmos o valor do Brasil para a bioeconomia mundial. 
 
Em um país de culturas tão diversas, a cana-de-açúcar ainda se mantém na ponta como base de uma das principais atividades agrícolas e industriais do Brasil. Principalmente devido à alta tecnologia desenvolvida por esse segmento em nosso País, o que o tornou, junto com sua diversidade na matriz energética, referência na produção de energia limpa e renovável para o mundo. 
 
Mesmo em um cenário tão complexo como o que se apresenta com a pandemia de Covid-19, a indústria bioenergética continua se destacando, seja por meio da doação de álcool em gel para hospitais que atendem via SUS, em parceria com grandes instituições líderes do setor, seja mantendo ativa sua indústria para a produção de biocombustíveis, alimentos e energia, em um momento em que existem tantas questões e necessidades essenciais em jogo.

Sim, a nossa economia corre um risco nunca antes imaginado com a pandemia. Mas quero aproveitar este momento para me dirigir aos empresários do setor sucroenergético do Brasil por meio de uma metáfora que casa muito bem com a imagem que tenho deles: highlanders. É assim que os enxergo, e por quê?

Eles insistem em sobreviver e se reinventar, mesmo quando tudo está desfavorável, com mudanças praticamente diárias de cenários, dificuldades impostas pela legislação, proteção a commodities mundiais e qualquer obstáculo que surja, incluindo uma pandemia planetária. 

E é nesse contexto que exalto o RenovaBio, uma das mais importantes e significativas contribuições do País a esses “guerreiros da energia”. Esse programa do Governo Federal permite que as indústrias bioenergéticas repensem seus negócios e aproveitem mais oportunidades de agregar valor ao seu modo de produzir energia limpa para o mundo. 

E isso não é pouco, se considerarmos que essa política tornará o mercado de biocombustíveis mais competitivo e diminuirá as emissões de gases do efeito estufa, umas das principais metas do acordo de Paris – e praticamente nenhuma outra indústria possui solução para cumprir, diga-se de passagem. 

Mais uma vez, a indústria bioenergética sai na frente e traz soluções e tecnologias que a fazem se destacar como vanguardista justamente no momento em que o planeta anseia por uma indústria mais eficiente, mais produtiva e, o principal, menos poluente e mais sustentável! Se isso não é motivo de orgulho para a maioria de nós, brasileiros, já passou da hora de ser!

Se queremos deixar como herança para nossos filhos e netos um mundo mais limpo e sustentável, o Brasil já dá passos largos nesse sentido quando permite que a indústria bioenergética (que também já foi chamada de sucroalcooleira e sucroenergética) se desenvolva e supere todos os obstáculos necessários para oferecer ao mundo bioprodutos que estejam em linha com as novas necessidades globais.
 
Mas, com tudo isso, o mercado de bioenergia do Brasil ainda não aprendeu a se posicionar. Já somos a indústria mais eficiente, limpa e sustentável do mundo. Estamos alinhados ao que o planeta definiu como base para a manutenção da vida como a conhecemos hoje; então, por que nosso País insiste em importar petróleo em detrimento do etanol? 

Como aceitar que, atualmente, ainda existam pessoas que preferem encher o tanque do automóvel com gasolina quando temos a opção do etanol, mais limpo e mais barato? Como aceitar que os carros elétricos híbridos da Europa sejam considerados soluções “limpas” quando todos sabemos que a energia elétrica de lá passa, necessariamente, pelas carvoarias?

Como aceitar que as pessoas ainda não reflitam que uma cidade como São Paulo tenha condições de sobreviver, sem que os cidadãos obrigatoriamente tenham que usar máscaras em seu dia a dia, para não inalarem CO2 o tempo todo, graças aos automóveis movidos a etanol?

Falta posicionamento, falta valorização real dos brasileiros pelo que eles fazem de melhor, e, indo um pouco mais além, me permito dizer que falta um trabalho inovador e comprometido do setor, em todas as suas frentes, de se comprometer com um plano de marketing e comunicação que apoie tudo que já vem sendo feito por essa indústria. 
 
O nosso novo Planeta já é uma realidade e está aqui, no Brasil. Só falta conseguirmos mostrar isso ao restante do mundo de uma maneira mais eficiente, assim como já fazemos todo o resto.O desafio é enorme, mas nossa vontade é maior ainda.