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Paulo Zancaner Castilho

Diretor agrícola da Companhia Energética Santa Elisa

Op-AA-07

Manutenção de semi-reboques canavieiros

Interessante o tema proposto, pois nos obriga a pensar sobre o que já fizemos, repassar os erros e acertos e, o que é melhor, com o filtro generoso da experiência, que aprofunda a reflexão e atenua o ímpeto da urgência sobre o assunto, consolidando alguns conceitos e reavaliando outros que, mesmo adormecidos, ficam ali na espreita, aguardando a primeira oportunidade para voltar à tona.

Especificamente, no caso dos semi-reboques da Santa Elisa, tivemos um aspecto curioso, pois o que nos levou a optar pela terceirização da manutenção, foi justamente a necessidade gerada por uma retomada na operação própria do transporte da cana que, em alguns dos anos anteriores a 2001, era 100 % terceirizada e hoje está em torno de 50%.

De um ano para o outro, nos vimos com 260 equipamentos de transporte no pátio, semi-reboques de diversas marcas, principalmente da Randon, já bem usados, pois possuíam, em média, seis safras realizadas, cuja manutenção era dada pelo transportador, que se utilizava do equipamento. Por dois anos, duas safras e entressafras, realizamos a manutenção internamente em nossas oficinas, utilizando também alguns recursos de terceiros, sempre sob supervisão da companhia.

Porém, estes terceiros atuavam de forma dispersa, cada um fazendo sua especialidade, fosse ela caldeiraria, freios, suspensão etc. Esta situação, apesar de complicada, deu-nos condições de avaliar, por um bom período, o que estava ocorrendo com nossos equipamentos, bem como a relação entre nosso pessoal de manutenção com os usuários (transporte e mecanização), destes com os clientes (recepção e moagem da usina) e ainda com a gerência. Seus custos foram levantados de forma acurada e tabulados, gerando uma base ampla e confiável.

Tínhamos, então, o que precisávamos para compor a análise que orienta praticamente quase tudo o que se faz em uma empresa atualmente, ou seja, a resposta para as perguntas: Está atendendo a operação? Quanto custa? Compensa? Qual o retorno? No nosso caso, ao adotarmos o contrato com a Rodorib, tivemos uma economia em relação ao sistema próprio, comparado ao 2º ano de manutenção, de 8,5 %, e é importante destacar este fato, pois no primeiro ano, tivemos um gasto adicional para colocar a casa em ordem, já que a manutenção dada pelos transportadores, que utilizavam o equipamento, deixava a desejar, sendo então injusto, comparar coisas desiguais.

Somado a isso, tivemos a infinidade de pedidos de compra, que deixaram de ser gerados pela oficina e controlados durante safra pela controladoria e pelo departamento de suprimentos, notas fiscais, controles de vencimentos e pagamentos, lançamentos contábeis, lembrando novamente as centenas de itens que envolvem a manutenção e a rapidez ou, no caso, a demora com que esses pedidos eram feitos e atendidos, atrasos na entrega, especificações que não conferiam com o pedido, montagens apressadas, falta de espaço e outros tantos itens, que aumentam muito a temperatura entre as relações humanas, durante a operação da complexa safra de cana, quase sempre ao ponto de ebulição...  

De suma importância para a análise, tivemos a busca pelo parceiro que iria assumir a responsabilidade pelo serviço. Qual sua aptidão para o negócio, qual sua vontade de realmente assumir como seu esse equipamento, qual a capacidade de resposta a uma demanda fora do previsto, que pode ocorrer durante a safra, entre inúmeros itens a se considerar.

Nosso contrato com a Rodorib foi submetido à avaliação de todos esses aspectos e, em seu primeiro ano de funcionamento, podemos afirmar, com segurança, que para o nosso caso, foi a melhor opção. Houve um reaproveitamento dos funcionários da própria oficina mecânica da usina, com redução de 15 % em seu quadro, sem provocar transtornos aos bons funcionários que tínhamos; também um aumento sensível na disponibilidade dos equipamentos, tanto pela agilidade nos reparos, como pelo pronto atendimento na reposição das peças avariadas.

Uma grande vantagem, dado o grau de confiança, é que a discussão das ocorrências, por exemplo, se houve desgaste natural ou abuso na operação, fica à margem do conserto, ou seja, faz-se o reparo e discute-se depois, o que é um grande avanço, pois não perdemos tempo de utilização do equipamento. As pessoas envolvidas hoje nesse contrato, basicamente acompanham os serviços, sugerem alterações nos procedimentos, avaliam a qualidade dos reparos, ou seja, apenas administram realmente o contrato, na pura acepção da palavra. A partir daí, temos os gestores desse tipo de contrato, prontos e mais livres para pensar.

E pensar significa desenvolver, crescer, evoluir. Entendemos que nenhum sistema é totalmente ruim ou excepcionalmente bom, a ponto de se estabelecer como verdade absoluta. Por isso, as oportunidades devem ser aproveitadas em seu melhor momento, seja para o lado da terceirização, seja para a verticalização. Devem também estar constantemente sob o jugo da avaliação e questionamento por pessoas capazes, por uma equipe forte, envolvida, suportada por conhecimento técnico e disposição a assumir riscos e posicionamento proativo.