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Godofredo Cesar Vitti

Professor de Nutrição e Adubação de Plantas da Esalq-USP

OpAA70

Nutrição e adubação de plantas

A cultura da cana-de-açúcar é fundamental para o desenvolvimento do nosso agronegócio, pois o Brasil é o primeiro produtor mundial e exportador de açúcar, etanol anidro e hidratado, bem como tem a possibilidade de cogerar energia limpa e sustentável, gerando milhões de empregos. O sucesso de manejo adequado dessa cultura está ligado a maiores patamares de produtividade (TCH), qualidade da matéria-prima (ATR) e longevidade dos canaviais.


Conforme o gráfico sobre Fatores de Produtividade, pode-se observar que o manejo químico, físico e biológico do solo apresenta maior contribuição para a produtividade, seja em termos de resposta ou tempo, porém é o mais oneroso. Os cenários sobre o percentual de aumento de produtividade, bem como causas de sua redução, estão apresentados no gráfico Potencial de aumento de produtividade. No que se refere à relação entre produtividade potencial versus a expressada, observa-se que 65% de perdas estão ligadas a estresses abióticos – principalmente estresse hídrico; que 11% são por perdas em função de estresses bióticos (pragas e doenças), observando que 24% do potencial é expressado. 


Em dados obtidos pelo programa do Centro de Cana do IAC, a variedade IAC 96-3060 alcançou o potencial produtivo de 320 t/ha, a IAC 95-5000 de 305 t/ha, e a IAC 95 5094 de 335 t/ha.


Lembrando que, no caso da adubação fosfatada, está diretamente ligada ao teor de sacarose do caldo e ao perfilhamento da soqueira, tanto é verdade que é fundamental, hoje, a análise de fósforo no caldo.


A reforma do canavial, segundo o Pecege, em 88 usinas, é de cerca de R$ 9.785,00 por hectare, sem levar em consideração, hoje, o aumento abusivo de fertilizantes minerais, principalmente cloreto de potássio.


Assim, práticas de manejo que aumentem a produtividade, a qualidade da matéria-prima e a longevidade dos canaviais são fundamentais para a exploração dessa cultura, com alto retorno benefício-custo.


Nessa linha, além das práticas corretivas: calagem, gessagem, fosfatagem na implantação da cana-planta, bem como adubação mineral de manutenção, com macronutrientes primários e micronutrientes, além da aplicação de B via herbicida, elemento essencial para a formação de raízes e transporte de açúcares e também para o controle da estria vermelha (Acidovorax avanaea Pseudomonas rubrilineans), principalmente na RB86 7515, utilizando como fontes o octaborato de sódio 20,5% de B e PS = 10 (Produto de solubilidade); (g 100ml-1 ou kg 100l-1), ou Boro monoetanolamina (suspensão - 100 a 150 g l-1  de B), ou pentaborato de sódio suspensão – 132 g l-1.


A utilização de micronutrientes associados a bioestimulantes tornou-se prática necessária para atingir tais objetivos, ou a utilização de fosfitos com micronutrientes, que já contempla de modo adequado, simultaneamente, esse fornecimento.


É fundamental, também, a utilização de subprodutos da usina, como a torta de filtro e cinza compostadas, (enriquecidas ou não) no sulco de plantio e maior área de aplicação de vinhaça, seja concentrada ou localizada, nas linhas de soqueira.


Para os fornecedores que não dispõem desses subprodutos, a alternativa é a utilização de cama-de-frango, esterco de gaiola ou esterco de confinamento localizado nas linhas da cana-soca.


Torna-se fundamental, também, a aplicação de micronutrientes via foliar (B, Cu, Mn, Mo e Zn) associados à ureia em fases de máximo crescimento vegetativo (outubro a fevereiro), além  do fornecimento de B e Mg, associados a maturadores, aplicados cerca de 45 a 60 dias antes da colheita.


Para atingir tais objetivos, tudo se inicia com a amostragem correta do solo, a qual deve ser realizada logo após o corte da cana-planta, ou da cana-soca a um palmo da linha da cana, cerca de 25 a 30 cm, bem como análises de rotina de 0-25 e de 25-50 cm, realizando, nas amostras de 0-25 cm, análises de rotina + S + Al + Micro, e teores de argila, enquanto nas amostras de 25-50 cm, análises similares, porém sem a de micronutrientes.


Em função dessas informações e do teor de P no caldo, são determinadas as fontes adequadas e as doses de nutrientes. Com esse manejo, associado à escolha de variedades de acordo com a localização das unidades produtoras e de ambientes de produção, é possível atingir produtividades acima de 100 t.ha-1, média de 5 cortes e longevidades acima de 12 cortes, como temos observado, por exemplo, nas unidades sucroenergéticas de Goiás – Cerradinho BioEnergia, em Chapadão do Céu, em Mato Grosso do Sul; IACO, em Paraíso das Águas; Coprodia, em Campo Novo do Parecis; Usina Batatais, Lins e Nardini, em São Paulo.


Na Cerradinho Bioenergia, por exemplo, nota-se a variedade SP3280, ou seja, variedade normalmente descartada, com produção acima de 90 t/ha-1, no 12º corte, e fotos de unidades supracitadas. Lembrem-se de que o manejo adequado da cana-de-açúcar se inicia com amostragem e análise de solo contínua, com práticas corretivas e de conservação do solo. Como exemplo, temos a meiosi com soja na IACO e termina com aplicação da adubação mineral.