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Alceu Donizette Donegá

Consultor de Mecanização da ASA - Assessoria de Serviços Agrícolas

Op-AA-52

Adubação variável e individual de N-P-K
O setor sucroenergético tem, de fato, uma grande expressividade nacional, uma amplitude econômica de destaque e uma dinâmica de evolução incomum. Haja visto a produtividade de álcool por hectare ter dobrado nos últimos 40 anos, além das novas oportunidades na geração de energia e na produção de açúcar, entre outros. Entretanto existem na sua história avanços e retrocessos motivados por variadas questões organizacionais e científicas, nas áreas industriais e agrícolas, que marcam épocas, e requerem uma constante dedicacação no desenvolvimento e na consolidação de novas tecnologias.
 
Entre as tecnologias desejadas, uma delas consiste em aplicar os macronutrientes N (nitrogênio), P (fósforo) e K (potássio) individualmente no colo da planta, com dosagens variadas, possibilitando, assim, formular qualquer combinação instantânea para cada ponto da área, sem depender das formulações tradicionais e restritas às concentrações das matérias-primas utilizadas.
 
Importância da técnica:
Nas regiões Sudeste e, especialmente, na região Centro-Oeste, onde as chuvas se concentram nos períodos de novembro a março, os plantios de ano e meio (de fevereiro a março) recebem uma grande quantidade de chuva durante ou logo após sua realização, sendo assim, os macroelementos (N-P-K) que fazem parte da adubação do plantio de cana, e, em se tratando de perdas, os elementos N e K, têm facilidade de solubilizarem e se perderem pelo processo de lixiviação. 
 
A cana-de-açúcar, nos seus primeiros 40 dias após germinação, extrai seus nutrientes do próprio tolete (muda de cana utilizada no plantio) e somente vai se beneficiar das adubações de plantio a partir desse período, quando seu sistema radicular já está sendo desenvolvido. Enquanto isso, sob forte concentração de chuva nos solos, com menores teores de argila, pode ocorrer o processo de lixiviação, e parte considerável dos elementos N e K se perde. 
 
Portanto, em regiões com essas características, recomenda-se adubar o sulco de plantio somente com o P e pouca ou quase nada de N e K, e depois que a cana já desenvolveu parte do seu sistema radicular e por ocasião da prática do quebra lombo, se realiza a aplicação do N e K, e, quando possível, se realiza a adubação em duas vezes.
 
O uso da referida tecnologia (aplicação individual de N, P e K na linha) tanto se aplica na cana planta como pode ser aplicada no cultivo das soqueiras de cana, na qual, com a colheita de cana crua, algumas usinas e produtores já aplicam os fertilizantes sobre a palha sem incorporar. 
 
Atualmente, trabalha-se bastante nos planejamentos de layout de canaviais pensando no tráfego controlado, que reduz e até elimina compactação, principalmente nesta faixa (80 cm de largura – 40cm de cada lado da linha da cana) que se aproxima da linha da cana; isso também viabiliza, cada vez mais, a aplicação do fertilizante sem incorporar. 
 
Uma das restrições de se aplicar fertilizante sem incorporar é quanto à fonte de N (nitrogenados), em que, dependendo de situações, pode se submeter à perda por volatilização. Com o uso da tecnologia de aplicação dos elementos separadamente na linha da cana sem incorporação, recomenda-se que a fonte de nitrogenados seja nitrato de amônia ou ureia protegida, para diminuir a citada perda. 
 
Uma prática no campo para aumentar o aproveitamento desses nutrientes pelas plantas seria o parcelamento dessa adubação; em contrapartida, ainda há restrições quanto aos equipamentos distribuidores para executarem essa prática, encontrando, hoje, no mercado, alguns com baixo rendimento (tradicionais cultivadores de duas linhas), outros com bons rendimentos, mas de altos valores de investimento (adubadores autopropelidos), e outros com valores de investimentos acessíveis, mas a qualidade e método de distribuição do adubo não são adequados (a lanço); por esses motivos, os produtores acabam encontrando dificuldades,  ou até mesmo a não realização da aplicação parcelada dos elementos. 
 
Em trabalhos realizados em áreas comerciais, usando as dosagens normalmente recomendadas dos elementos quando aplicados 100% no sulco de plantio e comparado com a aplicação parte no sulco e parte em cobertura, já se registraram ganhos de até 8% na produtividade usando a prática do parcelamento.
 
No caso da cana-de-açúcar, o ideal é aplicar sobre a linha da cana, de forma que a dispersão do adubo fique em uma faixa de 40 cm de cada lado da linha, formando uma faixa de aplicação de 80 cm com a linha ao centro. Essa é a faixa onde concentram a maior parte das raízes ativas da planta que vai possibilitar a maior absorção dos fertilizantes conforme figura abaixo.
 
Aplicação a lanço, o fertilizante fica distribuído por igual em toda a área, inclusive na área central da entrelinha onde se concentra o tráfego de equipamentos, local muito compactado e, possivelmente, com menor quantidade de raízes, possibilitando alguma perda por lixiviação. Numa dosagem de 500 kg por ha, aplicam-se 50 gramas por m². 
 
Na aplicação na linha numa faixa de 80 cm com a linha ao centro e mesma dosagem por hectare, aplicam-se 94 gramas por m² sobre uma faixa menos compactada e com mais raízes, possibilitando maior absorção dos nutrientes.

Uso da agricultura de precisão: Essa técnica permite a aplicação da agricultura de precisão, podendo mudar dosagens e formulação instantaneamente, seja no próprio tiro operacional, seja por talhão ou gleba. 
 
Diferencial da tecnologia: Distribuição do adubo sob área com maior concentração de raízes, possibilitando, assim, maior aproveitamento do fertilizante. Com essa tecnologia, por se usarem reservatórios independentes, não ocorre a segregação dos produtos, fator de grande importância, havendo, assim, a distribuição correta dos macronutrientes.
 
Utilizando os recursos dos equipamentos de agricultura de precisão e também com o uso de mapas de aplicação de taxa variável, faz-se a aplicação correta da quantidade necessária para cada área (GRID), não havendo excesso ou falta dos nutrientes. Esses ajustes de dosagens independente dos elementos, possibilitam gerar ganhos na produtividade através da precisão na distribuição dos elementos, especialmente pela sua individualidade proporcionada pela referida tecnologia.