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Fernando César Boscariol

Supervisor da Engenharia Desenvolvimento da Dedini

Op-AA-06

DRD - Dedini Refinado Direto

Apesar do Brasil ser o maior produtor e exportador mundial de açúcar, no processo de produção as inovações tecnológicas são raras e a forma como produzimos os diversos tipos de açúcar pouco têm mudado nos últimos anos. Entre algumas inovações recentes, podemos citar o uso de vácuo contínuo, que se iniciou no Brasil na década de 80, uso de decantadores com menor tempo de retenção, uso de cristalizadores verticais e na refinaria, o uso de resinas de troca iônica.

No Brasil são produzidos diversos tipos de açúcar, sendo os principais: VHP (Very High Polarization), que é totalmente exportado, sendo a principal matéria-prima para as refinarias no exterior; os diversos tipos de cristal branco, com cor variando de 100 a 300 Icumsa; o refinado amorfo, que é o açúcar de consumo doméstico no Brasil e o refinado granulado com cor Icumsa £ 45 que é exportado, em sua maior parte.

Em 2003, a Dedini S/A Indústria de Base decidiu investir na pesquisa e desenvolvimento de um novo processo para obtenção de açúcar refinado granulado, o DRD - Dedini Refinado Direto. Este novo processo visa eliminar o atual padrão de produção do açúcar refinado, ou seja, o açúcar é extraído da cana, passa por diversas etapas de purificação e concentração, é cristalizado, centrifugado, seco e embalado.

Para se obter o refinado granulado é necessário dissolver este açúcar pronto, novamente purificá-lo e proceder novamente à sua cristalização, centrifugação, secagem e acondicionamento, ou seja, são necessárias duas instalações diferentes para a obtenção do refinado. Com o novo processo DRD, o açúcar extraído da cana passa por um sistema otimizado de tratamento de caldo e por novas etapas de purificação/clarificação, o que permite que, após a cristalização, centrifugação e secagem, já se obtenha o açúcar refinado granulado, sem a necessidade de nova cristalização e em uma única planta.

O processo é composto de três etapas:

1. Nova clarificação do caldo,
2. Novo sistema de descoloração de xarope, e
3. Adequação do sistema de cozimento/cristalização/centrifugação tradicional, com ajustes em equipamentos e no processo.

Para a instalação do novo sistema em plantas já existentes, após uma análise criteriosa, podem ser aproveitados alguns dos equipamentos existentes e acrescentados os novos equipamentos necessários. Para comprovar a viabilidade técnica e econômica, assim como determinar os parâmetros de projeto do novo processo, a Dedini construiu, em escala piloto, alguns dos equipamentos que serão utilizados no novo processo, entre eles, o novo filtro de caldo clarificado, filtro para xarope e uma planta piloto para descoloração do xarope com uso de resinas de troca iônica.

Estes equipamentos foram testados em diversas usinas nas duas últimas safras, sob condições diversas e analisados todos os seus resultados operacionais, mecânicos e de performance. Uma das etapas do processo de remoção de cor do xarope é baseado no uso de resinas de troca iônica e foi desenvolvido em parceria com a Rohm and Haas, o maior fabricante de resinas de troca iônica do mundo e foi estabelecido um acordo tecnológico e comercial, com exclusividade mundial entre as duas empresas.

As principais vantagens do novo processo DRD, quando comparado ao sistema tradicional de obtenção de refinado são:

 

  • Menor custo de produção (Custo industrial previsto de R$ 1,30 – R$1,50 por saca de 50 kg de açúcar refinado, quando comparado a R$ 3,00 a R$ 4,00 por saca do sistema convencional);
  • Menor investimento inicial (De 5 à 7 milhões de reais para adaptação de uma fábrica existente, quando comparado a 15-17 milhões, para uma refinaria com capacidade de 10.000 sacas por dia);
  • Menor consumo energético, pois não há necessidade de uma segunda cristalização;
  • Menor necessidade de água de resfriamento;
  • Menor necessidade de mão-de-obra;
  • Instalações mais compactas e em uma única planta, eliminando o investimento na refinaria;
  • Elimina a necessidade de manipulação do açúcar cristal/VHP, já acondicionado/estocado, reduzindo perdas no processo e no manuseio do açúcar;
  • Fornecimento de um sistema adequado à realidade do mercado brasileiro, com equipamentos modernos e de tecnologia dominada, eliminando a necessidade de componentes importados;
  • Caso seja necessário, o processo DRD pode ser utilizado para se obter uma garantia de qualidade do açúcar, mesmo que não seja o padrão de refinado, (por exemplo, cristal tipo 1) ao longo de toda a safra, eliminando ou reduzindo a influência de chuvas, qualidade de matéria-prima, parada imprevistas, etc., e
  • Possibilita a instalação de plantas flexíveis, ou seja, que podem produzir, na mesma unidade, os açúcares VHP, cristal e refinado, introduzindo maior flexibilidade operacional e opções de comercialização, em como a otimização financeira.

Com os resultados obtidos até o momento, confiamos que esta nova tecnologia estará disponível em escala industrial, para comercialização, no início de 2006. O processo DRD, com seu menor custo e demais vantagens expostas acima, será disponibilizado em um grande momento para os produtores de açúcar, pois devido a recente decisão da OMC - Organização Mundial do Comércio, que determinou a eliminação gradual dos subsídios ao açúcar branco, produzido na Europa, com base em processo realizado pelo Brasil, Austrália e Tailândia, deve-se abrir uma grande oportunidade para exportação de açúcar refinado de cerca de 4,5 milhões de toneladas e o Brasil pode ocupar - e acreditamos, que irá ocupar, grande parte deste espaço, pela sua maior competitividade.