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Leandro Alves de Almeida

Diretor-presidente da Logum Logística

OpAA72

Etanolduto: uma evolução para a logística
Desde o início da década passada, tivemos uma profusão de projetos logísticos para transporte de etanol no País. O momento era de uma iminente expansão do mercado internacional para biocombustíveis, somada ao notável crescimento do mercado interno de etanol, após quase uma década de expansão da frota flex e da produção de etanol. 
 
Esse cenário trouxe à tona as limitações da infraestrutura logística disponível para o transporte de etanol, que poderiam vir a restringir o crescimento do mercado para os anos vindouros. Na busca por modais de transportes mais eficientes para transporte de biocombustíveis líquidos, houve destaque para os projetos envolvendo sistemas de dutos. Esses sistemas são largamente utilizados mundo afora para a movimentação de combustíveis, e, no Brasil, a disponibilidade estava mais restrita à malha de dutos da Petrobras, com enfoque principal na movimentação de derivados do petróleo (gasolina e diesel). 
 
Dentre os vários projetos logísticos desenvolvidos à época, sendo três deles, inclusive, de sistemas de dutos para transporte de etanol, foi eslhido e lançado, em 2011, um projeto único para o etanolduto, capitaneado pela Logum Logística, que, agora em 2022, deverá finalmente atingir seu ápice. 

Desde a sua concepção, o projeto do etanolduto buscou considerar todas as particularidades das necessidades e características específicas do setor, bem como aproveitar e integrar todos os ativos já instalados e os projetos em desenvolvimento. Em 2013, foi inaugurado o primeiro trecho do etanolduto, que, associado aos dutos já existentes, veio operando até 2021 com capacidade de atender em torno de 20% da demanda de etanol da região metropolitana de São Paulo, do estado do Rio de Janeiro e as demandas para o transporte até a região portuária  de Ilha D’água-RJ.  
 
Recentemente, no 2º semestre de 2021, a Logum voltou a expandir as possibilidades de atendimento dutoviário para o suprimento de etanol da região metropolitana de São Paulo, inaugurando aumento de sua capacidade no polo de distribuição de Guarulhos. E, na primeira quinzena deste mês de abril, concluiu a conexão com o polo de São Caetano do Sul, o maior da região metropolitana de São Paulo. Com essas expansões, o etanolduto passará a ter capacidade para o atendimento de 100% da demanda de etanol consumido na Grande São Paulo. 
 
Ainda na atual etapa de investimentos, está prevista a disponibilização de um novo trecho, conectando o etanolduto ao polo de distribuição de São José dos Campos, ainda no primeiro semestre de 2022. E o que se esperar, então, daqui em diante?
 
A safra 22/23 do setor sucroenergético (da região Centro-Sul do País) está em seu começo neste mês de abril, e as expectativas são de início de um ciclo de recuperação dos canaviais e da oferta de etanol, que vem de um ciclo de retração, diante de condições climáticas adversas e maior enfoque na produção de açúcar. Se somarmos ao contexto de recuperação, as perspectivas de crescimento da oferta de etanol oriundo do milho, com a inauguração de novas plantas prevista para os próximos meses, devemos ver no mercado uma crescente demanda por logística para transporte de etanol. 

A necessidade de se olhar com um enfoque de maior eficiência e sustentabilidade para a logística torna-se de fundamental importância, especialmente neste momento, em que, além de ganho de escala, estamos em plena evolução da agenda de transição energética, em busca de uma economia de baixo carbono para os próximos anos. 

A depender do modal de transporte escolhido, a contribuição para a redução de emissões de CO2 poderá ser ampliada ainda mais. A utilização de modais de larga escala, como o dutoviário, ferroviário e marítimo, pode trazer grandes contribuições para a agenda ambiental, e demais frentes ESG. 

Para a operação do etanolduto, foram consideradas diversas frentes de integração com outros sistemas logísticos, a começar pelo próprio transporte rodoviário atualmente dominante nos fluxos, possibilitando ganhos como:
 
• deslocamento de operações de recepção rodoviária de etanol de terminais em regiões metropolitanas nos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, para terminais localizados no interior do País conectados ao duto e mais próximos às regiões produtoras, possibilitando a redução de congestionamentos nas estradas, acidentes de trânsito e deterioração das vias públicas causados por caminhões pesados, além de reduzir o lançamento de milhares de toneladas de carbono na atmosfera ao longo dos anos e de todos os custos que tais ocorrências envolvem;
 
• maior rentabilidade por quilometro rodado para o transportador e para o motorista, visto que, em rotas mais curtas, tendem a ter um frete unitário proporcional maior do que rotas mais longas;
 
• maior qualidade de vida para o motorista de caminhão – a circulação em rotas mais curtas no interior pode proporcionar ao motorista a condição de poder circular em vias menos engarrafadas, com menos estresse causado pelo trânsito, podendo, por vezes, trabalhar mais próximo da família.
 
Uma outra importante frente considerada foi a integração da malha dutoviária com as malhas ferroviárias no município de Paulínia-SP. Essa integração poderá possibilitar o aumento de volume de etanol transportado tanto nas ferrovias como nos dutos, visto que, atualmente, o atendimento ferroviário se limita à demanda da região de Paulínia (área de Campinas-SP) e, com a integração, poderá trazer maior volume de etanol para serem transportados pelos dutos para atendimento das regiões metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro, além de poder se integrar com o transporte marítimo, através da conexão portuária com os dutos.