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Marco Lorenzzo Cunali Ripoli

Gerente de Marketing Estratégico para a América Latina da John Deere

Op-AA-52

Uma garantia de permanência no negócio
Já é amplamente conhecido que a colheita mecanizada de cana-de-açúcar passou por um salto qualitativo, principalmente na última década, crescendo de módicos 25% para a quase total utilização de máquinas no campo (mais de 90%). No bojo, todas as tecnologias embarcadas que foram ao campo com a modernização fazem com que plantio e colheita sejam cada vez mais tecnificados e precisos, aumentando produtividade e minimizando perdas. O resultado desse investimento, somado a políticas públicas de incentivos, transformou o Brasil em um dos principais players de cana-de-açúcar no mundo, seja pelo viés energético (etanol e biomassa) ou alimentício. 
 
Tal cenário já é muito relevante, haja vista que recai para o Brasil grande parte da responsabilidade de ser o local de onde vão sair alimentos para as mesas em todo o mundo. Estimativas de diversos órgãos internacionais, incluindo a ONU, mostram que a população mundial deve ficar entre 9,7 e 10 bilhões de pessoas até 2050 – sendo que as principais demandas serão exatamente o que estamos fazendo bem: energia, proteína e fibra. 
 
Ao mesmo tempo, temos um novo elemento na equação: com o amadurecimento da sociedade e da legislação, o desafio importante agora é ter alta produtividade sem abandonar a responsabilidade ambiental. A sociedade já não aceita a expansão agrícola irresponsável e, claro, a tecnologia é a resposta fundamental para produzir mais sem expandir terras.
 
Por tudo isso, a gestão dentro do mercado canavieiro implica ter um gerenciamento assertivo de frotas, com uma administração acurada e recursos humanos capacitados, de forma que tudo esteja conectado para transformar todo o conhecimento dos dados e do trabalho em resultados sustentáveis.
 
E como fazemos tudo isso? Com tecnologia de ponta e inovações tecnológicas. Em máquinas e equipamentos agrícolas, a tecnologia tem avançado em saltos qualitativos, de forma que o uso de ativos seja potencializado. As frotas, atualmente, caminham para a sincronia total entre o escritório e as máquinas; dos equipamentos entre si; e ainda do maquinário enviando - em tempo real - os dados coletados para dispositivos receptores, que, hoje, estão nas mãos dos produtores, como smartphones e tablets. A conexão que já existe no campo faz com que o trabalho seja otimizado, as decisões tomadas nos momentos certos, e o trabalho, ao fim do dia, tenha sido o mais eficiente possível.
 
Para o setor sucroenergético, podemos citar que 75% dos custos da operação são provenientes da área agrícola, do campo, e, dentro dessa fatia (75%), a mecanização é responsável por 70% dos custos. Ou seja, ter um bom gerenciamento da frota e investir em tecnologias que disponibilizem informações precisas são de crucial importância operacional e financeira. 
 
As evoluções, nesse sentido, caminham para a automatização dos processos, baseados na confiabilidade da telemetria, que logo vão tornar os escritórios em centros remotos de operações que controlarão o balanceamento operacional das etapas do processo (colheita, transbordo e transporte) – algo parecidos com os boxes da Fórmula 1 e até mesmo as salas de comandos militares. Em suma, é tomar a decisão para a operação/aplicação correta. 
 
Por meio de sensores, leituras precisas sobre o que está acontecendo com cada máquina, desde sua localização até detalhes de como está sendo realizado o trabalho, informações de transbordo, informações sobre manobras, entre outros, vão dar aos produtores as rédeas do processo produtivo. 
 
Na medida em que a alta tecnologia avança aos canaviais, temos visto melhorias na engenharia dos maquinários. Podem-se citar rapidamente as mudanças no sistema de alimentação, para garantir melhor uniformidade e distribuição do feixe de cana até o picador; os divisores de linhas externas ficaram maiores e mais próximos ao solo, para melhor separação das linhas de cana; os divisores internos tiveram os diâmetros reduzidos, com angulação ao centro; os rolos tombadores foram aumentados, para melhorar a operação e os facões se tornaram maiores; e os cortes de base estão cada vez mais rentes ao solo por serem guiados por sensores, entre outras inovações estruturais. 
 
Além disso, a tecnologia, hoje, já permite ajustes automáticos que fazem com que as máquinas colham mais alterando a rotação do motor após "ler" a carga do motor, ou mesmo vai permitir tirar dos operadores a função de regular continuamente a posição dos dividores de linhas e discos de cortes. A lista de evoluções vai longe, mas busquei citar alguns exemplos relevantes.
 
Já na questão ambiental, por exemplo, sabemos que existem equipamentos que conseguem colher de 74 a 99 toneladas de cana por hora e que o fazem com um consumo menor de combustível de até 8%. Tudo por causa de sistemas hidráulicos e de alimentação eficientes – o que gera uma diminuição em torno de nove mil litros de diesel por safra, uma boa economia. 
 
Esse impacto em combustível é, claro, um fator que traz economia para a fazenda, mas, principalmente, significa uma substantiva redução de emissão de gases na atmosfera. A própria implantação legal de motores eletrônicos que seguem a legislação MAR I, iniciada neste ano, também impactam positivamente o controle de emissões.
 
Mas nada dessas inovações tecnológicas adianta se o gargalo de qualificação persistir – se a mão de obra não for qualificada o suficiente para conseguir operar e gerir as operações precisas que os maquinários oferecem. Menos da metade de um dia é realmente utilizado com uma máquina colhendo, sendo que o restante é dividido entre manobras, abastecimento, manutenções corretivas, chuva e, principalmente, trocas de turnos, refeições, deslocamento de área e espera por transbordo. Em resumo, o tempo de uma máquina efetivamente trabalhando é relativamente pouco e, obviamente, deve ser utilizado ao máximo. 
 
Isso significa que o operador deve ser amplamente preparado para ter o mínimo (ou até mesmo nenhum) erro/problema no momento de plantar ou colher. Novamente, a tecnologia de precisão é aliada, pois auxilia na condução apropriada da lavoura – cujos ajustes já podem ser realizados muitas vezes a distância. 
 
Além disso, na medida em que não há renovação dos canaviais, bem como temos a incidência de doenças e pragas e também as adversidades climáticas se tornam mais agudas, temos o desafio de ter plantação com produtividades menores que outrora. Mesmo que a produtividade canavieira seja uma questão de manejo e de ciência (que já é capaz de introduzir plantas resistentes à secas, ou que resistem a solos empobrecidos de nutrientes, entre outros), a tecnologia é importante para que os processos de plantio e colheita sejam realizados de maneira exata, de forma a não deixarem nada para trás. Em cana, isso ganha mais importância ainda, uma vez que tudo o que é extraído da terra, hoje, tem seu uso produtivo, seja a planta cana em si, seja seus resíduos – bagaço (biomassa), palhada e vinhaça (manejo sustentável).
 
Os anos difíceis pelos quais o mercado canavieiro passou deixaram suas lições, ou seja, por pura necessidade, a gestão teve que ser ampliada e melhorada, e as máquinas, que já haviam ingressado como variável, entraram nos canaviais para nunca mais sair. Isso implica ter que lidar com gestão integrada de frotas e, claro, do negócio em si, como a necessidade de contratar mão de obra qualificada, por exemplo; ter logística apurada e um trabalho extremamente bem realizado de colheita. 
 
Se, hoje, a palavra de ordem em nossas vidas é conexão, no campo, não é diferente: a tecnologia é para conectar máquinas e pessoas, utilizando o máximo dessas duas inteligências para dar ordem/executar as operações agrícolas de maneira ultraeficiente – aplicando o elemento correto, na medida certa, no lugar exato e no tempo preciso. O que isso significa: rentabilidade de forma sustentável – e uma garantia de permanência no negócio.