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Lorenzo Reynals Berdala

Diretor da M&M Labtest e Vibroterm

Op-AA-07

Ainda existem resistências na aplicação de técnicas preditivas de manutenção

Embora já se tenha avançado muito na aplicação de Técnicas Preditivas no setor sucroalcoleiro, elas ainda não estão integradas, na maior parte deste segmento industrial, como um sistema com interação entre as diversas ferramentas preditivas disponíveis, o qual permitiria obter benefícios ainda mais abrangentes, com relação à grande gestão industrial como um todo.

Existem, de fato, algumas usinas bastante avançadas nos conceitos e aplicações preditivos vinculados à confiabilidade. Algumas, inclusive, já estão incorporando e desenvolvendo internamente técnicas e equipamentos, com o envolvimento de toda equipe, da alta gerência ao pessoal operacional, numa busca contínua do aprimoramento, posição cultural de trabalho obrigatória pela alta competitividade do mercado.

Neste cenário atual, seria difícil acreditar que ainda existam ações tomadas, sem levar em consideração os laudos preditivos, e que, em alguns casos, nem sejam realizadas técnicas desta natureza. Mas existem, e fatalmente acabarão comprovando, mais cedo ou mais tarde, que o monitoramento preditivo é, sem dúvida alguma, uma ferramenta fundamental nas manutenções industriais.

Um exemplo: É de conhecimento de todo homem de manutenção que abrir desnecessariamente redutores de velocidade, é criar chances que poderão acarretar num defeito futuro. Portanto, o questionamento de que “devemos realmente mexer neste equipamento?” deve sempre existir, e a resposta estará justamente nas técnicas preditivas de monitoramento, que tenham sido empregadas no mesmo.

Por este motivo, temos lutado para o desenvolvimento dos mecanismos de diagnóstico, integrando e associando o maior número de técnicas de detecção de campo e de laboratório, para aprimorar a análise e o diagnóstico dos fenômenos de desgaste e degradação dos sistemas mecânicos e elétricos da indústria. Este tipo de manutenção propicia uma efetiva redução nos custos - mecânicos e elétricos, pois possibilita o planejamento da manutenção corretiva e o controle de estoques de peças e componentes de reposição.

Outro interessante exemplo de ação preditiva empregada no segmento sucroalcoleiro, localiza-se na operação de cogeração de energia elétrica. Está se tornando cada vez mais comum, que as usinas se preocupem e solicitem análise e o controle de perdas térmicas na planta, tendo em vista o valor energético que pode estar sendo desperdiçado e, assim sendo, quantificar estas perdas e estabelecer um plano de metas para reduzi-las de forma planejada. Neste momento, está em andamento a implantação de muitos projetos de novas usinas. Por este motivo, gostaria de destacar um fato importante.

Este é o momento ideal e propício para a realização de inspeções de qualidade e diligenciamento de fabricação dos equipamentos que estão sendo executados, já que as não conformidades detectadas no momento da fabricação, evitarão custosos problemas futuros, quando do processo de montagem final na usina ou quando estes equipamentos já estiverem trabalhando a todo vapor.

Alguns problemas serão facilmente corrigidos, outros poderão comprometer a safra, devido à quantidade de intervenções para manutenções que requisitarão. Tamanhas são as vantagens da aplicação de parâmetros de avaliação e diagnóstico para a tomada de decisões precisas e programadas, que as resistências que ainda existentes em algumas usinas estão com os dias contados.

Estão disponíveis ao setor sucroalcooleiro técnicas de análises de vibrações; termografia elétrica; análises laboratoriais de óleos lubrificantes e de transformadores; controle de perdas térmicas, através de termografia; o tradicional ultra-som - e a tecnologia B-scan; inspeções de tubulações através de correntes parasitas; alinhamentos através de raio laser; verificação do fator de potência em óleos de transformadores, etc.

Algumas destas técnicas, quando associadas, tornam-se poderosas ferramentas na precisão dos diagnósticos, como por exemplo, a análise de vibrações associada à análises do óleo lubrificante e termografia infra-vermelha. Temos dezoito anos de experiência na assessoria de indústrias alimentícias, preponderantemente no setor sucroalcoleiro, desde implantações de programas preventivos e preditivos, até a execução de avaliações, com aplicação de uma ampla variedade de técnicas e ferramentas do gênero.

Temos observado, com muita freqüência, uma grande falta de consciência na essência desta mudança de cultura, que representa a adoção integrada dos sistemas preditivos na gestão, com confiabilidade. Acredito que a resistência para a aplicação de tais técnicas poderia ser amenizada, para benefício comum, com a implantação de um programa integrado pelas empresas prestadoras de tais serviços e o governo, através do BNDES, assegurando incentivos - mais propriamente dito, financiamentos para a implantação de programas preditivos, já que muitas empresas ainda se restringem a adoção definitiva, não somente por cultura, mas também pelo alto custo inicial que este tipo de ferramenta representa.