Me chame no WhatsApp Agora!

Marco Antonio Fujihara

Consultor do BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento e CFO da Sinai Technologies Inc., USA

As-AA-18

A inteligência artificial
Sustentabilidade, Inteligência artificial e Precificação de Carbono: novas métricas e abordagens. O que significa inteligência artificial para a sustentabilidade no setor sucroenergético e, principalmente, como devem ser utilizadas essas novas ferramentas? O potencial da inteligência artificial na busca da sustentabilidade, e isso tem sido endossado por inúmeros pesquisadores e formadores de opinião nos últimos tempos, está na mais absoluta contextualização no mundo atual. E os benefícios da I.A. (Inteligência Artificial) está direcionando as tecnologias para todos os cantos da economia global. Principalmente no que se refere a novos formatos de negócios atrelados à redução de emissões de gases de efeito estufa.
 
A precificação interna de emissões tem tomado cada dia mais a agenda: em recente artigo publicado no Valor Econômico, Marina Grossi (Presidente do CEBDS – Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável) enumera as oportunidades dessa abordagem no mundo todo; já são mais de 1.500 empresas nessa agenda, segundo a mesma fonte.
 
O valor anual dessas emissões tributadas ou negociadas nos mercados regulados de carbono aumentou 6% em 2017, atingindo US$ 52 bilhões, frente a US$ 49 bilhões no ano anterior. A expectativa do relatório de tendências do Banco Mundial é de que esse volume chegue a mais de US$ 700 bilhões. E com o setor sucroalcooleiro no Brasil com o RenovaBio às portas? E o Projeto PMR (Partnership for Market Readiness) do Banco Mundial, que pretende estabelecer precificação setorial de carbono em diversos setores da economia nacional em curso no Ministério da Fazenda?
 
No fundo, a abordagem de precificação nos parece se direcionar para uma dupla abordagem ou a combinação de ambas: • Mandatória estabelecida pelos governos, através de impostos e taxas ou via mercado interno de reduções de emissões ou ainda um modelo misto; • Voluntária pelas empresas onde se consideram os fatores de riscos e oportunidades dessa prática. 
 
Nesse sentido, a I.A. significará um grande avanço tecnológico para as prioridades de sustentabilidade nos processos de precificação de carbono. A I.A. está transformando a atividade de sustentabilidade corporativa. Usando pesquisas por palavra-chave no ESG-Trends (Environmental, Social, and Governance), um conjunto de dados de divulgações de sustentabilidade corporativa, foram analisados milhares de relatórios de RSC (Responsabilidade Social Corporativa) e divulgações do CDP (Carbon Disclosure Project) de grandes empresas globais para ver o que as empresas estão divulgando sobre o impacto da inteligência artificial. 
 
O que notamos é que a I.A. está causando impacto na atividade de sustentabilidade corporativa. As empresas estão fazendo uso da inteligência artificial para conseguir mudanças, por exemplo, na eficiência e nas reduções de emissões e para inovar em produtos e serviços. Essas aplicações de I.A. para a sustentabilidade estão em estágio inicial, mas os dados sugerem que a mesma poderá trazer benefícios significativos para a sustentabilidade em médio prazo. 
 
O que não vemos, no entanto, é muita evidência de que as empresas estão entendendo as numerosas oportunidades que a I.A. apresenta em precificação de carbono e competitividade: 
• Custos: Custos administrativos: monitoramento das emissões e relato; Custo de participação no SCE (Sistema de Compra de Emissões): compra de permissões; Custos indiretos: preço da eletricidade/combustível.
• Oportunidades: Vantagens competitivas derivadas de produtos menos carbono intensivos; Aumento do consumo de produtos alternativos.
 
A I.A. provê oportunidades para um grande progresso em sustentabilidade: no nosso caso, no setor sucroenergético, a necessidade de precificação interna de carbono para que de fato as empresas possam se inserir no RenovaBio. A grande maioria das menções de inteligência artificial em relatórios de RSC e registros do CDP relacionam-se a como a I.A. apresenta oportunidades para as empresas. Ela está ajudando a próxima geração de empresas a reduzir seu impacto ambiental e social, melhorando a eficiência e o desenvolvendo novos produtos. 
 
No entanto os aplicativos de I.A. para sustentabilidade estão em sua fase inicial, e o setor pode e deve se beneficiar em sair à frente no tema. Apenas uma pequena porcentagem de empresas analisadas menciona inteligência artificial em todas as suas divulgações de RSC: criar e disseminar conhecimento entre as empresas a respeito do funcionamento de um sistema de comércio de emissões, seus desdobramentos aos negócios e como pode contribuir para o alcance de metas de redução das emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa) de forma custo-efetiva.