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Pedro Isamu Mizutani

Vice-Presidente Geral da Cosan

Op-AA-19

Elogios externos ao etanol brasileiro

Em novembro, a cidade de São Paulo foi palco da Conferência Internacional sobre Biocombustíveis, promovida pelo governo federal. Com a presença de delegados de 92 países, o encontro teve como meta a promoção dos benefícios do etanol e a quebra de barreiras internacionais para a comercialização do combustível. Desta forma, caminha-se rumo à transformação do etanol em uma commodity mundial.

O interesse de diversos países em nosso combustível não é novidade. No final de 2008, o presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, telefonou para Luis Inácio Lula da Silva e elogiou o programa de biocombustíveis do Brasil. Os Estados Unidos são o maior mercado brasileiro para a exportação do etanol. Na ocasião, a menção quase tímida de Obama à nossa energia renovável foi encarada como um grande avanço nas negociações para a quebra de barreiras internacionais ao etanol do Brasil, além de sinalizar uma disposição dos norte-americanos em rever as políticas de comércio exterior entre os dois países.

Com diferenciais competitivos de alto valor agregado, o etanol brasileiro representa a possibilidade de distribuir ao mundo uma fonte limpa, sustentável e economicamente viável. Vale ressaltar, ainda, que o resíduo do processo das usinas sucroalcooleiras ainda reforça a matriz energética brasileira, com a possibilidade de gerar energia elétrica, por meio do bagaço e da palha da cana-de-açúcar.

Os pontos positivos do etanol do Brasil despertam ainda o interesse de países como Japão, Suécia, Arábia Saudita, Holanda, Alemanha, México e Estados Unidos. Neste ano, as usinas brasileiras receberam diferentes delegações internacionais, que vieram conhecer o processo produtivo aplicado na área agrícola e industrial.  

Exemplo deste potencial e reconhecimento foi a distribuição para a Suécia, em julho, do primeiro embarque de etanol com a verificação de importantes critérios de sustentabilidade. A operação comercial foi resultado de um contrato pioneiro firmado entre as usinas brasileiras Alcoeste, Cosan, Guarani e NovAmérica, com a empresa sueca Sekab – a maior compradora de etanol brasileiro na Europa.

O acordo demonstrou a iniciativa das companhias envolvidas no contrato em dar um primeiro passo para um processo de melhoria contínua, para atender um dos mais exigentes consumidores do mundo. É importante notar que as usinas foram capazes de atender às exigências do consumidor europeu, sem alterar as práticas correntes de operação.

Todos esses atributos do etanol brasileiro devem ser valorizados não apenas na Conferência Internacional sobre Biocombustíveis, mas, principalmente, no dia-a-dia do nosso presidente Lula – caso queira continuar ressaltando nossas potencialidades. No momento em que se encontra a economia atual, serão necessários fortes investimentos no setor para que ele não perca a competitividade e seu desempenho frente ao mercado externo.

A morosidade na homologação e repasse dos recursos financeiros por parte do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, irá implicar tanto em descrédito, como na baixa contribuição para a economia nacional. Um dos pontos mais carentes de investimento do governo está na ampliação da matriz energética nacional, por meio do setor sucroalcooleiro.

Com a crescente demanda do país por energia elétrica, as usinas surgem como importante alternativa para garantir o desenvolvimento e equilíbrio brasileiro na cogeração de energia. Além de ser renovável, a energia produzida pelo bagaço e palha da cana-de-açúcar tem a virtude de ampliar o fornecimento de eletricidade, justamente num período de escassez de chuvas, quando os reservatórios das hidrelétricas e represas alcançam seus níveis mais baixos.

Caso houvesse incentivo do governo, as usinas brasileiras poderiam gerar energia equivalente à hidrelétrica de Itaipu. Com os devidos repasses, o setor ganha fôlego para dar andamento aos projetos de construção, ampliação e manutenção das usinas, além de gerar novas e boas oportunidades de comércio no exterior e no país. O governo federal também sai ganhando, porque pode potencializar sua liderança regional e global e firmar-se como exportador de know-how e tecnologia de produção.