Me chame no WhatsApp Agora!

Paulo Adalberto Zanetti

Presidente da Vale do Ivaí (Grupo Shree Renuka Sugars)

Op-AA-26

A estratégia, na prática

A Shree Renuka Sugars tem uma corporação transnacional do agronegócio da bioenergia, com forte presença na Índia e, agora, também aqui no Brasil. É considerada o quinto maior produtor mundial de açúcar e uma das maiores refinarias do mundo. É uma empresa líder na fabricação de açúcar na Índia e tem o maior mercado mundial desse produto.

Opera com sete usinas de açúcar, com uma capacidade total de processamento de 35 mil toneladas de cana-de-açúcar/dia, e duas grandes refinarias em portos com capacidade de 1,7 milhão de toneladas de açúcar por ano. Agora se estabelece no Brasil, através de uma significativa presença no Centro-Sul, com as aquisições da Vale do Ivaí e da Equipav, com uma capacidade de processamento de 14 milhões de toneladas de cana-de-açúcar/ano.

A Shree Renuka Sugars abrange toda a cadeia produtiva da cana-de-açúcar. Tem grandes instalações que integram não só o processo de cana, a produção de álcool e açúcar, mas também a cogeração de energia. Atua em uma interface entre o mundo e o mercado indiano de açúcar. Na safra 2007-2008, exportou 885 mil toneladas de açúcar da Índia.

Já na safra 2008-2009, importou 781 mil toneladas e, agora, na última safra, importou mais de 1 milhão de toneladas de açúcar aqui do Brasil. O seu capital estava avaliado, em julho de 2010, em torno de US$ 913 milhões e, hoje, já está próximo a US$ 1 bilhão. Ela tem, no seu quadro social, os sócios-fundadores representados pela família do empresário Narendra Murkumbi, com 38% das ações do Grupo.

Tem investidores institucionais estrangeiros que detêm mais 22%, instituições financeiras, bancos, fundos com 13%, público, em geral, 23% e, através dos seus funcionários e fundação de funcionários, mais 4%. Os ativos da Renuka Sugars na Índia agrupam a capacidade instalada diária para a moagem de 35.000 toneladas de cana-de-açúcar e a produção diária de 930 mil litros de etanol, seis mil toneladas de açúcar refinado e uma cogeração de energia de 203 megawatts, dos quais 111 estão disponíveis como excedentes para comercialização.

Para 2011, a capacidade de moagem manterá os níveis atuais de 7,1 milhões de toneladas de cana-de-açúcar/ano. Com a inauguração de mais uma refinaria, com a capacidade de nove mil toneladas de açúcar por dia, a Renuka Sugars fará crescer a produção diária de etanol para 1,2 milhão de litros, de açúcar refinado para nove mil toneladas e de energia para 233 MW, com 135 MW excedentes.

No que se refere a exportações das refinarias instaladas na Índia, a região de Kandla tem a produção destinada para o Oriente Médio. A região de Haldia faz o refino do açúcar para os mercados do Sudoeste da Ásia e a região da Costa Oeste da Índia processa o açúcar destinada aos países do Leste da África.

Com relação à política indiana para o etanol combustível, a atual mistura à gasolina é definida em 5%, mas, como a oferta ainda não atinge esse volume, ainda não é atendida. Já existe uma autorização técnica para que a mistura seja de até 10% para todos os veículos existentes. A quantidade de etanol necessária para uma mistura de 5% será de aproximadamente 850 milhões de litros por ano.

A Renuka trabalha atualmente para uma mudança da lei para 10%, aumentando, assim, sobremaneira, o tamanho desse mercado. Na política de longo prazo, as gestões junto ao governo indiano negociam, para 2017, uma mistura da ordem de 20% de etanol. Como referência, o preço do etanol deverá ser fixado pelo governo indiano em torno de 27 rúpias por litro, o que equivale a aproximadamente R$ 1,00. A política indiana para o açúcar tem duas metas muito claras.

A primeira é garantir um preço razoável para os consumidores de açúcar; a segundo é manter uma proteção de um alto preço para a cana-de-açúcar, já que a maioria dos agricultores é representada por pequenos produtores. Para se ter uma ideia da representação social dessa decisão, a moagem de 7,1 milhões de toneladas de cana envolve 60 mil fornecedores, sendo proibido, inclusive, a produção de cana por parte da própria usina.

O mercado de álcool na Índia tem o seguinte cenário e projeção: na safra 2009/10, a produção do chamado álcool potável, destinado à produção de bebidas, foi de 1,1 bilhão de litros. Para a safra 2010/11, estima-se um crescimento para 1,2 bilhão de litros. Para a aplicação na indústria química, estima-se a manutenção do mesmo consumo verificado em 2009/10, ou seja, 400 milhões de litros. Para o álcool combustível, estima-se um crescimento de 300 milhões para 1,04 bilhão de litros.

A Shree Renuka é a segunda maior compradora de açúcar bruto em nível mundial. Desde 2009, compra 100% das suas necessidades no mercado brasileiro. A Renuka adquiriu no Brasil o controle acionário integral da Vale do Ivaí  e 50,4% das ações do Grupo Equipav-Biopav, envolvendo, ao todo, o investimento de R$ 600 milhões, considerando as plantas industriais e as lavouras de cana.

A capacidade de moagem conjunta dessas unidades é de 13,6 milhões de toneladas de cana e a projeção para atingir, na próxima safra, 15,5 milhões de toneladas. Hoje estamos produzindo 1,062 milhão de m3 de etanol e, na próxima safra, planejamos produzir 1,382 milhão de m3. Com relação ao açúcar, produzimos 863 mil toneladas nesta safra e, na seguinte, planejamos atingir 1,150 milhão de toneladas.

No que se refere à cogeração, produzimos, na safra atual, 221 MW, com um excedente de 139 MW e, na próxima, projetamos a cogeração de 313 MW, dos quais 215 MW como excedentes para comercialização. Com respeito à sinergia entre os investimentos realizados no Brasil e na Ásia, registramos que a Índia, o sul da Ásia e o Oriente Médio emergem como os maiores mercados importadores de açúcar do mundo, com crescentes desafios quanto à disponibilidade de terra e água.

A eficiente tecnologia desenvolvida, os custos operacionais, a condição de produção em larga escala e as condições edafoclimáticas foram os fatores que conquistaram a Renuka a investir no Brasil. Como referência, a Vale do Ivaí, localizada na cidade de São Pedro do Ivaí-PR, dispõe de duas usinas, distantes 57 km uma da outra.

As unidades têm, atualmente, uma capacidade de processamento de 3,1 milhões de toneladas de cana; têm uma distância média entre as plantas industriais e as fazendas de 17 quilômetros; estão localizadas próximas aos armazéns das distribuidoras de etanol, dos armazéns da CPA Trading e do porto de Paranaguá.

A Vale do Ivaí detém a participação de quatro empresas de logística, envolvendo o desenvolvimento de transporte por dutos, interligando a cidade de Maringá e o porto de Paranaguá, a armazenagem e embarque marítimo a granel e de líquidos em terminais portuários próprios. Com relação à Equipav-Biopav, a proximidade entre as duas usinas leva à criação de um forte cluster envolvendo um raio de 75 quilômetros, resultando em maiores taxas de utilização de equipamentos agrícolas e industriais e a redução de custos de logística.

O fornecimento de cana vem do cultivo de cerca de 115 mil hectares de terra, dos quais 85 mil hectares são cultivados pela companhia, com um alto nível de mecanização para plantio e colheita. Destacam-se: a colheita com 82% da mecanização e o plantio com 86%. Tem uma grande flexibilidade na escolha do escoamento do açúcar e do etanol produzido, via Porto de Santos ou Paranaguá e uma forte sinergia, agora, com as empresas de logística do Paraná.