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Luís Felli

Vice-presidente de Operações Agroindustriais da ETH Bioenergia

Op-AA-31

Os desafios futuros

Após dobrar sua capacidade produtiva em menos de uma década e apresentar crescimento de até 10% ao longo de sucessivos anos, o setor de bioenergia se aproxima da conclusão da safra da cana-de-açúcar com queda na produção da região Centro-Sul.

Segundo o balanço divulgado pela Unica - União da Indústria de Cana-de-açúcar, até o final de dezembro, a moagem de cana pelas unidades produtoras na região era de cerca de 490 milhões de toneladas, queda de 11% em relação ao volume processado no mesmo período do ano anterior.

O resultado reflete, em parte, a dificuldade ao acesso a crédito por parte dos produtores nos últimos dois anos. Uma parcela dos empresários do setor colocou os investimentos em espera, adiando a implantação de novas unidades agroindustriais, reduzindo o ritmo do crescimento da capacidade produtiva e sacrificando planos de expansão e a manutenção adequada dos canaviais.

A baixa também é fruto de condições climáticas desfavoráveis ao longo das duas últimas safras, que comprometeram a produção e a qualidade da cana.

As perspectivas futuras para o setor, no entanto, são muito positivas. A bioenergia, que sai dos canaviais e das usinas localizadas em mais de 20 estados brasileiros, tem se consolidado a cada dia como fonte de energia limpa, renovável e, sobretudo, competitiva. Além de empregar mais de 1 milhão de pessoas, o setor de bioenergia tem transformado a realidade de muitas cidades.

O desenvolvimento profissional e a criação de oportunidades ultrapassam as fronteiras da agroindústria. Além de aperfeiçoar seus empregados, as empresas promovem cursos técnicos nos locais onde suas unidades estão instaladas. Os treinamentos, com aulas teóricas e práticas, valorizam e melhoram a qualidade de vida de moradores e suas famílias e aumentam a geração de renda nessas comunidades.

Com a nova postura do setor, o etanol de cana-de-açúcar é o produto que melhor atende à crescente demanda por biocombustíveis no mercado internacional. Motivado pela preocupação dos principais países do mundo com a segurança energética e pela necessidade de redução de GEE - gases de efeito estufa, o etanol tem um mercado potencial de centenas de bilhões de litros no Brasil e no mundo.

A recente queda da tarifa de importação de etanol brasileiro nos Estados Unidos é mostra da competitividade do nosso biocombustível e da oportunidade que o País tem de liderar a transformação do etanol em commodity global, no momento em que os maiores consumidores de energia do mundo passam a elevar a parcela renovável de suas matrizes.  

O setor de bioenergia brasileiro iniciou 2012 com novo fôlego e vislumbra um futuro extremamente promissor. Garantir a expansão da oferta é prioridade para toda a cadeia do etanol, mas são necessárias definições públicas e novas linhas de financiamento para o setor. Ações como essas impulsionarão o etanol a um novo patamar e tornarão a última safra um incidente histórico na trajetória de sucesso dos biocombustíveis.