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Vicente Abate

Diretor de Vendas e Marketing da Amsted Maxion

Op-AA-03

Por que investir em ferrovias?

Um país com dimensões continentais como o Brasil, cujo crescimento econômico está baseado em exportações e cuja produção agrícola cresce aceleradamente em direção ao centro, tornando cada vez maiores as distâncias aos portos, são justificativas suficientes para se investir em logística de transporte como um todo. É necessário, entretanto, que se alcance um equilíbrio na matriz de transporte brasileira, preponderantemente rodoviária, incrementando-se os modais ferroviário e hidroviário, conferindo assim um grau de intermodalidade que efetivamente reduza o custo Brasil.

Para isso, as concessionárias de transporte ferroviário de carga já investiram, de 1997 a 2004, a vultosa quantia de R$ 6 bilhões, planejando investir outro tanto desta, nos próximos cinco anos. A União, por sua vez, com tímidos investimentos no período inicial, promete agora aportar verbas maiores na esteira dos projetos das PPP’s. Necessário enfatizar que nunca um Governo Federal deu tanta importância ao transporte ferroviário, como o atual.

Com os investimentos realizados, as concessionárias melhoraram suas linhas ferroviárias, adquiriram e modernizaram vagões e locomotivas, aumentaram a tonelagem transportada em mais de 50%, reduziram substancialmente os acidentes e, entre outras ações, aumentaram a participação da ferrovia na matriz de transporte de 19% para 24%.

Com investimentos conjuntos, privados e públicos, será possível eliminar os obstáculos ainda existentes nas ferrovias, como excesso de passagens de nível críticas e invasão da faixa de domínio das ferrovias, aumentando a velocidade dos trens e melhorando de forma geral, o ciclo de transporte. Com relação à infra-estrutura, são necessárias obras de contorno em grandes centros urbanos e a expansão da malha ferroviária, destacando-se a continuação da Ferrovia Norte-Sul e da Ferronorte e a construção da Nova Transnordestina e do Ferroanel de São Paulo.

Tais ações elevarão a participação desse modal em 30% na matriz, com sensível redução dos custos de transportes dos produtos destinados à exportação, notadamente os agrícolas. Não podem ser esquecidos os investimentos no aumento da quantidade de armazéns e terminais, bem como o melhor aparelhamento dos portos. Este conjunto de ações provocará uma drástica redução do custo Brasil.

Somos competitivos da porteira para dentro, com melhorias das condições de logísticas seremos imbatíveis. Do contrário, correremos um sério risco de não termos capacidade para escoar nossa produção, o que resultará em prejuízos para o país. Em que pese seu quase desaparecimento em meados da década de 90, pela deterioração do transporte ferroviário na época, a indústria de equipamentos ferroviários brasileira manteve ativa sua capacitação técnica.

Quando da desestatização das ferrovias, entre 1996 e 1998, com um latente cenário de demanda reprimida, a indústria implementou um plano de investimentos para aumentar sua capacidade de produção, de forma a disponibilizar às concessionárias do transporte ferroviário de carga equipamentos e componentes no estado-da-arte, a preços competitivos.

Fabricando vagões de carga de todos os tipos, para o transporte dos mais diversos produtos, como minérios, grãos, líquidos, siderúrgicos e industrializados em geral, a indústria ferroviária tem buscado desenvolver o vagão ideal ao produto que se deseja transportar, trabalhando em parceria com as concessionárias e usuários.

No caso do transporte do açúcar a granel, utilizamo-nos de um vagão tipo hopper (tremonha) projetado para obter a otimização do ciclo geral de seu de transporte. É composto de uma estrutura de aço de alta resistência mecânica e tratamento anti-corrosão, através da aplicação de uma pintura que, além de garantir a proteção da superfície, permite a fluidez do produto na descarga, sem retenção do material.

Suas grandes portas de descarga nas extremidades das rampas internas dão ao veículo um ganho real de tempo no terminal. Uma série de detalhes visando a funcionalidade das operações de carga e descarga reduzem em até 75% a quantidade de operadores necessários no processo. Além do açúcar, este vagão é utilizado no transporte de fertilizantes e de sal.

O álcool e líquidos a granel, como um todo, também têm seu transporte por ferrovia otimizado, com a utilização de vagões tanque de alta capacidade volumétrica. São vagões com excelente relação peso próprio versus capacidade, que é conseguida através da utilização de tanque autoportante. Em função deste detalhe estrutural, a redução do peso final do equipamento permite que uma maior quantidade de produto seja transportada.

Esses projetos especiais foram desenvolvidos visando dar à concessionária a melhor performance e segurança operacional possível, quer em trânsito, quer nas manobras nos terminais de cargas e descargas e permitir a ela oferecer aos seus clientes as melhores condições de acomodação dos produtos, principalmente quanto à manutenção da integridade do material transportado.

Sabemos que precisamos mudar conceitos e quebrar paradigmas. Assim, nossa meta tem sido dotar o sistema de transporte ferroviário com equipamentos e recursos em nível de igualdade com os sistemas ferroviários mais desenvolvidos do mundo, de forma a sermos ativos na busca de expressivas reduções de custos, viabilizando a ferrovia como a melhor e mais econômica opção de transporte. Ganha a concessionária, ganha o seu cliente, ganhamos nós, ganha todo o sistema envolvido na logística de transporte. Ganha assim, a nação.