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Paulo Adalberto Zanetti

Presidente da Vale do Ivaí - Açúcar & Álcool

Op-AA-04

Estamos fazendo a lição de casa

O tamanho atual do mercado mundial de álcool exportado gira em um valor entre 4 e 5 milhões de m³. Ele é atendido predominantemente pela África do Sul, China, Índia, União Européia, alguns outros fornecedores de menor expressão através do álcool da madeira e diversos cereais, e potencialmente pelo Brasil, através do álcool da cana-de-açúcar. Deste volume o Brasil detém a respeitável fatia de 2,8 milhões de m3.

Quando cito o tamanho do mercado atual, não quero dizer que seja este seu potencial, mas apenas o volume comercializado entre os países no ano de 2004. Seu potencial, na verdade é de várias vezes este volume. De uma forma simplista, podemos afirmar que a manutenção do petróleo acima dos US$ 26 por barril, garante a competitividade do álcool frente aos derivados de petróleo. Um pouquinho mais alto, aos US$ 30, o cenário viabiliza fortemente grande número de produtos da indústria alcoquímica (Etileno, Propileno, etc)

Espera-se para um futuro próximo um incremento ainda maior pela busca de combustíveis alternativos. E, nesta questão, o álcool é, de longe, a mais conhecida, testada, segura e barata dentre as opções mundiais, garantindo-lhe um mercado de tamanho de difícil avaliação. Se considerarmos o desenvolvimento e a consolidação da indústria alcoquímica, com a viabilização dos projetos guardados nas gavetas das universidades e centros de pesquisas, não há ninguém que possa avaliar o tamanho que este mercado poderá alcançar.

O Brasil pode e deve liderar o processo para a consolidação do álcool como uma commodity, em função da tecnologia agrícola e industrial que possui. Entretanto, o Brasil, de forma nenhuma, pode pensar em conduzir este processo sozinho. Ao contrário, ele deve ser o maior interessado em introduzir e desenvolver a produção do álcool em várias regiões do mundo, disseminando e transferindo toda a tecnologia disponível no setor.

Deve também procurar incentivar a produção do álcool de madeira e de todo o tipo de cereal e biomassa. Quanto maior variedades de materiais primas, melhor. Quanto mais fornecedores desenvolver, melhor. Esta será uma saudável e segura maneira de consolidar o álcool pelo mundo. Podemos nos estruturar como líderes deste processo mas jamais como monopolizador.

Como o estado do Paraná está se estruturando para este desafio: O Paraná tem uma logística privilegiada. Sua malha ferroviária tem ramais de acesso que a colocam bem próximas das usinas, quer pelos seus trilhos, quer pela malha rodoviária que as servem e as interligam a um porto bastante eficiente. Este sistema levou o Paraná a ser um eficiente exportador de açúcar, com 90% de sua produção destinada à exportação.

Hoje o Paraná produz 1,3 milhão de m3 de álcool e já tem um programa, junto ao Governo do Estado do Paraná, que deve acrescentar, em 5 anos, mais 1 milhão de m3. O sistema produtivo do Paraná é formado por empresas médias e pequenas. Para construirmos uma certa força de representatividade, nos organizarmos em torno de uma empresa profissionalizada, que pudesse concentrar nossos esforços isolados.

Assim, 16 das 27 usinas do Paraná reuniram-se e formaram a CPA Trading, constituindo-a como comercializadora de 100% da produção. Na CPA desenvolvemos o conceito de trabalharmos sob o regime de contratos, com uma cultura de que somos fornecedores regulares para o mercado externo. Nós não estamos investindo na expansão de nossas usinas para quando sobrar álcool, vender os excedentes ao mercado externo. Atrelamos nossa expansão industrial à expansão do mercado externo.

Temos que estar preparados para honrar os  compromissos, mesmo que isto signifique perdas no curto prazo, mas consolidará a confiança com os parceiros internacionais. Eles saberão que estão negociando com uma empresa especializada no fornecimento de álcool para mercado externo. Também estamos investindo no aprimoramento de nossa logística para ter um diferencial competitivo.

A exemplo do que ocorreu com o açúcar, estamos investindo, em parceria com o Governo do Estado do Paraná, na instalação de um terminal especializado no embarque de álcool, que deverá estar operando na safra 2006/2007. Entendemos também que o mercado de álcool será um mercado de nichos. O álcool no mundo tem mais de 12 especificações diferentes. As 16 usinas que formam a CPA estão se especializando na produção de alcoóis, considerando suas potencialidades, eficiências e vocação industrial.

Assim, umas usinas produzem o álcool anti-neve, outras um álcool mais adequado a produção de etileno, outras o álcool padrão Korea, e assim por diante. Isto eliminou a competição, tornando-as individualmente mais eficientes. Nesta safra, algo em torno de 20% da produção do álcool do Estado do Paraná deve ser destinada ao mercado externo.

O segredo de nosso sucesso foi saber juntar pessoas que se gostam, que se entendem, que confiam umas nas outras, e possuem interesses comuns. Todos sabem que ninguém é maior do que todos juntos. Como a Vale do Ivai está inserida na estratégia do Estado do Paraná: A Vale do Ivaí participa da estratégia do Paraná de forma direta. É afiliada a Alcopar, local onde nasce todos os conceitos deste trabalho cooperativo.

É sócia da CPA Trading, a comercializadora; é sócia da PASA, o terminal de açúcar, e da Oceânica, o terminal de álcool. Além disso, tem um trabalho de forte diversificação, através da levedura, e, além com álcool carburante, está se especializando em produzir determinados padrões de álcool para atender ao mercado externo. Hoje, 25% de sua produção é exportada como álcool industrial, diferenciado do álcool carburante.