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José Carlos Vaz

Diretor de Agronegócios do Banco do Brasil

Op-AA-19

No médio e longo prazos, vislumbram-se excelentes perspectivas

No primeiro semestre da safra 2008/2009, o Banco do Brasil desembolsou em crédito rural, para todas as atividades e finalidades, R$ 18,3 bilhões, volume 37,5% superior ao do mesmo período da safra 2007/2008. Desse total, R$ 4,3 bilhões foram destinados à agricultura familiar e R$ 14 bilhões contratados pelos demais produtores e cooperativas.

Em relação à safra anterior, o total de recursos aplicados representa um crescimento de 23,1% para a agricultura familiar e 42,6% para a agricultura empresarial. O BB antecipou R$ 5 bilhões do plano safra 2008/2009, durante o mês de outubro, medida necessária para aumentar a disponibilidade de recursos do crédito rural, devido à escassez de liquidez no mercado, decorrente da crise internacional.

Do total emprestado pelo BB no primeiro semestre da safra 2008/2009 à agricultura familiar, R$ 3,2 bilhões foram de operações de custeio e R$ 1,1 bilhão para operações de investimento, crescimento de 18% e 38%, respectivamente, comparado ao mesmo período da safra anterior. Aos demais produtores e cooperativas, foram destinados mais de R$ 10,6 bilhões em operações de custeio, R$ 1,1 bilhão em contratações de investimento e R$ 2,3 bilhões aplicados em comercialização, incremento de 45%, 8% e 71%, respectivamente, sobre o primeiro semestre da safra 2007/2008.

Neste ano, já estão disponíveis nas agências do BB os recursos suficientes para atender a toda a demanda prevista para o primeiro bimestre de 2009. A partir de março de 2009, serão alocados recursos para o apoio à comercialização da safra 2008/2009. O BB acredita que os desembolsos continuarão ocorrendo em volume superior aos da safra passada, inclusive para a safrinha de milho, safra do N/NE e cereais de inverno.

O BB tem focado a utilização de mecanismos para redução dos riscos nos financiamentos de custeio agropecuário, concedidos na safra 2008/2009. É o caso do seguro agrícola, do Proagro - Programa de Garantia da Atividade Agropecuária, e da proteção de preços em bolsas de mercadorias e futuros. A utilização desses mecanismos de mitigação de risco possibilita aos produtores proteção contra os efeitos do clima em sua atividade e das oscilações de preços das commodities agropecuárias.

Na safra atual, foi ampliada a utilização do seguro agrícola, ofertando proteção para as culturas de soja, milho e milho safrinha, algodão, trigo, arroz irrigado e cana-de-açúcar, nos principais estados produtores. Especificamente no apoio ao setor sucroal-cooleiro, em 2008, destinamos R$ 1,8 bilhão, superando em 43% os recursos aplicados no ano de 2007.

Em 2009, continuaremos a apoiar as demandas do segmento. Os resultados alcançados na produção de açúcar e álcool na safra 2008/09, do Centro-Sul, são expressivos: a produção de açúcar chegou a 26,6 milhões de toneladas, 1,8% superior ao período em 2007. No etanol, a produção atingiu 24,6 bilhões de litros, aumento de 21,4% sobre os 20,2 bilhões de litros da safra passada, sendo 16,09 bilhões de hidratado (alta de 24,6%) e 8,5 bilhões de litros de anidro (alta de 15,8%).

Nas exportações de etanol, houve recorde de venda de 5,1 bilhões de litros, superior em 46% ao exportado em 2007. Nada obstante à retração da economia mundial, as análises apontam para preços globais do açúcar avançando em 2009. A queda na produção de açúcar de países como Índia, Paquistão e Irã deve interferir positivamente nas cotações.

Um possível déficit na oferta mundial de açúcar dará sustentação aos preços, condição positiva para nossos exportadores, a qual se soma uma conjuntura de câmbio favorável. Para a exportação de álcool, surgem expectativas otimistas, com a posse do novo governo norte-americano. O mercado interno é uma salvaguarda para o setor. Um indicativo da solidez de consumo interno de etanol é a previsão contida no Plano Decenal do setor energético, elaborado pela EPE - Empresa de Pesquisa Energética, do Ministério de Minas e Energia.

O Plano estima que em decorrência do sucesso dos veículos flex, haverá expansão de 11% ao ano na demanda por etanol, até 2017. A estimativa é de que entre 2008 e 2017 sejam acrescidos 3 milhões de veículos ao ano na frota nacional e que no final do período o consumo de etanol chegue a 52,5 bilhões de litros. Assim, a participação dos veículos do tipo flex-fuel na frota nacional deve aumentar da atual fatia de 29,6% do total, em 2008, para 73,6%, em 2017.  

Na turbulência pela qual passam os mercados, o setor sucroalcooleiro, talvez, seja, no agronegócio, o que mais demanda atenção, notadamente no que se refere à estrutura de financiamento de alguns projetos de ampliação e construção de novas usinas. Com a confirmação das perspectivas favoráveis de mercado, no exterior e no país, o setor ganhará fôlego para dar continuidade aos projetos de expansão.

Por certo, continuaremos sendo o maior exportador de açúcar e álcool, vindo a nos firmar como exportadores de know-how e tecnologia de produção. O Banco do Brasil vem trabalhando para fazer frente às demandas na esfera de sua atuação. O esforço da parte do Governo é grande para que esse momento seja superado. No médio e longo prazos, vislumbram-se excelentes perspectivas para o açúcar e o álcool produzidos pelo Brasil. Os fundamentos são positivos e permitirão o fortalecimento do setor.